Papai Noel chegou mais cedo para o Ibovespa: perdas zeradas no ano
O índice agora está a meros 2,8% do recorde histórico. Cortesia do governo dos EUA, e do apetite da China por aço.
Hoje, na última semana “100% útil” deste fatídico 2020, o Ibov finalmente conseguiu reverter as perdas do ano. O índice terminou o pregão em alta de 1,34%, aos 116.148,63 pontos
O patamar é 0,43% maior que o registrado no último dia útil de dezembro do ano passado, quando o Ibov saiu para brindar a virada cotado a 115.645 pontos.
Com isso, ele também está bem próximo do recorde registrado este ano, em 23 de janeiro, quando alcançou os gloriosos 119.528 pontos. Faltam só 2.82%. Tanto otimismo, claro, só poderia ser fruto da perspectiva de mais dinheiro gringo por essas bandas.
É que ontem (14), um grupo bipartidário de senadores americanos conseguiu, enfim, chegar a um acordo de parte daquela tão esperada nova rodada de estímulos fiscais que será injetada na economia dos Estados Unidos.
Depois de tantos meses de lenga-lenga, foi acertado que o governo injetará US$ 748 bilhões para os setores americanos mais afetados pelo coronavírus. A segunda parte, que prevê a oferta de US$ 160 bilhões para dar uma força para os Estados, ainda está em discussão no Congresso. Mas, segundo a presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, esses últimos detalhes devem ser acertados ainda nesta semana – aí o texto final do pacote será apresentado para todo mundo.
Wall Street, então, teve mais um dia de festa. O S&P 500 ganhou 1,29%, para 3.694 pontos e o Nasdaq acelerou 1,25%, aos 12.595 pontos. Como a gente já explicou anteriormente, mais dinheiro rodando na economia sempre acaba parando nas bolsas – inclusive na nossa. Daí o reflexo disso no Ibov também.
Mas não foi só isso. O cenário interno também ajudou. Destaque para o bloco das siderúrgicas e mineradoras. Para o Goldman Sachs, a CSN vai se dar bem com a alta do minério de ferro. É que ela não é só siderúrgica. A CSN também tem um braço na mineração, que só perde para a Vale em toneladas exportadas. O fato é que tanto o minério quanto seu produto final, o aço, têm disparado – por conta da demanda elevada na indústria, em especial na China. Ou seja: a CSN ganha nas duas pontas.
O relatório também teceu loas à Vale. Elevou em 40% o preço alvo das ADRs da empresa (os recibos de ações que elas vendem nos EUA) – de US$ US$ 14 para US$ 19,50.
A Gerdau também ganhou seu presente. Só que o Papai Noel aí foi outro: a Morgan Stanley. A consultoria elevou as ações da siderúrgica do equivalente a “manutenção” para “compra”, ressaltando que a alta procura por aço tem superado a oferta do metal – uma alta na demanda que, de acordo com eles, deve continuar pelo menos até a metade de 2021.
Os dados da economia chinesa de novembro, que apresentaram alta de 7% na indústria e 5% no varejo em relação ao ano anterior, além da alta do minério de ferro em Qingdao (+0,45% a US$ 155,07), reforçam esse cenário positivo.
No final, CSN terminou o dia ganhando 3,45%. Já a Gerdau disparou outros 4,94%. O rali das duas ainda conseguiu levar as outras siderúrgicas no embalo. Usiminas cresceu 3,91% e Vale subiu 1,14%.
O setor varejista foi outro para quem o Natal chegou mais cedo – e também por conta de uma ajudinha de um relatório. O BTG reiterou que vislumbra uma recuperação gradual nas operações físicas das Lojas Americanas e destacou a boa performance do comércio eletrônico da companhia. Foi o suficiente para a empresa disparar 7,49% e arrastar as outras varejistas. Lojas Renner subiu 2,18%; Magazine Luiza, 2,33%. Nessa toada (se a turma de Brasília não atrapalhar), talvez esse seja só o primeiro presentão do Ibovespa neste final de ano.
Maiores altas
Lojas Americanas: +7,48%
Cosan: +6,15%
Hypera Farma: +5,59%
Rumo: +5,12%
CPFL Energia: +5,09%
Maiores baixas
Cogna: -2,79%
Fleury: -1,74%
Tim: -1,50%
IRB Brasil: -1,36%
Marfrig: -0,98%
Dólar: – 0,69%, a R$ 5,08
Petróleo:
Brent: +0,91%, a US$ 50,75 o barril
WTI: +1,34%, a US$ 47, 62 o barril