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Pão de Açúcar avança 7,7% em dia que o Ibovespa rebolou para subir 

Quando o noticiário tem Anitta e Nubank, fica difícil atrair a atenção dos investidores. O Pão de Açúcar fez um esforço.

Por Tássia Kastner e Guilherme Eler
Atualizado em 21 jun 2021, 18h54 - Publicado em 21 jun 2021, 18h41

A Anitta passou o dia no noticiário de finanças, depois de ser nomeada membro do conselho de administração do Nubank. Foi mais um anúncio que fez o banco digital roubar as atenções de investidores. Aí sobrou pra gente aqui no Fechamento de Mercado rebolar para para descobrir o que acontecia com as empresas com ações na bolsa.

Mas tudo bem, o Pão de Açúcar nos ajudou, já que as ações da varejista dispararam 7,67% nesta segunda-feira. A explicação é a seguinte: o colunista Lauro Jardim, d’O Globo, disse que Michael Klein (acionista da ViaVarejo, que agora se chama só Via) estaria montando uma “posição acionária” em Pão de Açúcar. Em bom português, estaria comprando ações da rede de supermercados na bolsa, como se fosse um investidor comum. Segundo o jornalista, o plano de Klein é comprar o GPA, caso o grupo francês Casino, que hoje tem 42% das ações, decida vender sua posição.

Esse negócio de sair comprando ações de uma empresa na bolsa para tentar assumir o controle dela foi exatamente o que fez a Marfrig ao comprar mais de 30% das ações da BRF. Só que o frigorífico não tem um dono, é uma empresa de controle pulverizado. No GPA, tomar a companhia de assalto não vai funcionar. Tem mais. A Genial Investimentos diz que Abilio Diniz, o fundador do GPA, tem interesse em reaver a empresa, caso os franceses decidam vender sua fatia. 

O lance é que quando há alguém (dois alguém, nesse caso) interessado em uma empresa nessa proporção, o papel sobe frouxo, tanto que ele ficou na liderança isolada do dia, que de resto foi xoxo.

Por sinal, esse parece ser o ano em que o Pão de Açúcar quer mesmo roubar o noticiário. Em fevereiro, a companhia passou por uma cisão, com a separação da operação de atacarejo (o Assaí) do GPA. Desde que esse processo ocorreu, as ações já subiram 266%. 

Em março, a alta foi turbinada pelo boato de que o Pão de Açúcar venderia sua participação na CNova. A CNova é a empresa de comércio eletrônico do Grupo Casino. Essa CNova ganhou uma subsidiária no Brasil, embaixo do guarda-chuva da ViaVarejo. Ou seja, a história de Michael Klein e Abilio Diniz é intrincada há uma década. Nós explicamos essa confusão aqui

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Depois do fim do pregão, o Broadcast noticiou que o Casino havia contratado o banco BR Partners para auxiliar na venda de sua fatia.

BRF: da mesa à casinha do cachorro

Bem, a Marfrig pode ter concluído a sua compra de ações da BRF, mas isso ainda não foi o suficiente para tirar a dona das marcas Sadia e Perdigão do noticiário. Na última sexta-feira, a companhia anunciou a compra da empresa de rações para pets Hercosul.

A empresa gaúcha é dona de marcas como Three Dogs e Biofresh, tipos de ração premium que podem ultrapassar fácil os R$ 200 mas que, mirando donos ultra preocupados em dar uma alimentação mais saudável a seus amigos de quatro patas, têm tido um apelo cada vez maior. Não à toa, o faturamento da Hercosul supera os R$ 300 milhões ao ano.A BRF possui uma participação singela no setor de comida para pets desde 2018, quando estreou a marca de rações para cães Güd.

Desde o ano passado, anunciou que o plano era crescer nessa frente. A aquisição da Hercosul ajudará: a BRF deve ficar com 4% do mercado. O segmento movimentou R$ 16 bilhões em 2019 e, segundo estimou a própria companhia em seu conjunto de metas para 2030, publicado em dezembro, pode chegar aos R$ 40 bilhões nos próximos anos. O valor da compra da Hercosul ainda não foi divulgado. Talvez por isso a aquisição não tenha empolgado tanto os investidores: as ações da BRF fecharam a segunda-feira com queda leve, de 0,41%.

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Ibovespa

Essa “quedinha” da BRF é importante para o noticiário corporativo, mas não fez cosquinha no Ibovespa. É que o índice pegou carona em uma recuperação de ânimos em Nova York para voltar a subir. Terminou em alta de 0,67%, sem conseguir buscar o patamar simbólico de 130 mil pontos. O índice parou em 129.264 pontos. Lá fora, as altas foram mais expressivas: 1,40% para o S&P 500, 0,79% para o Nasdaq e 1,76% para o Dow Jones.

A história é a mesma da semana passada, mas contada ao contrário. Até sexta, investidores estavam preocupados com a inércia do Fed (o banco central dos EUA) ante a alta da inflação por lá. Agora a percepção é de que o Fed está atento às medidas de redução de estímulo à economia.

Isso deu o tom positivo e ajudou a bolsa brasileira. O empurrão mesmo veio de Petrobras e Vale. A estatal se beneficiou da alta dos preços do petróleo e terminou o dia com valorização de 2,22% (PETR4). Já a Vale subiu 0,94% impulsionada pelo anúncio de que distribuirá dividendos não esperados de R$ 2,177 por ação no dia 30 de junho.

Parece que investidores nem se importaram com o plano do governo de taxar dividendos. Hoje esse lucro é isento de imposto. Pelo projeto, a alíquota será de 20%, mas investidores terão uma isenção de até R$ 240 mil por ano. Falando em dividendos, hoje estreou a nossa coluna sobre o tema – dá uma passadinha aqui.

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Conta de luz

O dia só não foi melhor por causa da conta de luz. O jornal O Globo noticiou que a bandeira vermelha da conta de luz poderá subir 60%. As bandeiras são a taxa extra que ajuda a pagar os gastos com geração de energia térmica quando as usinas hidrelétricas não dão conta de abastecer o país.

O lance é que a situação dos reservatórios é tão caótica que há risco de racionamento mesmo com o acionamento das térmicas e os gastos extras. 

A notícia do aumento na bandeira vermelha pegou o setor nesta segunda. As ações da Cemig recuaram -1,51%. Outras empresas do setor também cederam, caso da Energias e Engie, por exemplo. A Eletrobras se salvou, mas só porque a Câmara prometia votar o projeto de privatização da empresa (com seus jabutis e tudo). 

Em breve, quem vai ter que rebolar vai ser brasileiro para manter a conta de luz em dia. 

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Maiores altas

Pão de Açúcar: 7,88%

Cogna: 5,03%

CVC: 4,91%

Via Varejo: 3,82%

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Locaweb: 3,06%

Maiores baixas

Notre Dame Intermedica: -2,32%

EDP Brasil: -1,93%

Carrefour: -1,91%

B3: -1,68%

Cemig: -1,51%

Ibovespa: 0,67%, aos 129.264 pontos

Em NY

S&P 500: 1,40%, aos 4.224 pontos

Nasdaq: 0,79%, aos 14.141 pontos

Dow Jones: 1,76%, aos 33.876 pontos

Dólar: -0,91%, a R$ 5,023

Petróleo

Brent: 1,89%, a US$ 74,90

WTI: 2,57%, a US$ 73,12

Minério de ferro

Queda de 4,91%, a US$ 208,15 a tonelada no porto de Qingdao (China)

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