Minério segura o Ibovespa em dia de queda forte lá fora
S&P 500 tomba 0,91% às vésperas da reunião do Fed. Por aqui, Ibovespa resiste parcialmete: queda de 0,35%.
O Ibovespa caiu, mas escapou da sangria lá de fora. Depois de namorar os 109,4 mil pontos na máxima do dia, fechou em baixa de 0,35%, a 107,3 mil pontos. Nos EUA foi bem pior: -0,91% para o S&P 500; -1,39% para o Índice Nasdaq.
Motivo: os investidores esperam notícias ruins do Fed. Amanhã (14) e quarta (15), o banco central dos EUA faz sua reunião de dois dias para decidir os rumos da política econômica. Esse tipo de reunião acontece todo mês. Mas a expectativa para esta é maior.
Os EUA passando pela sua maior inflação em 12 meses desde 1982 (6,8%). E essa informação veio na última sexta, quando saiu o “IPCA” deles. Com isso, a chance de o Fed subir os juros logo por lá agora é real. E o pessoal se adianta na venda de ações (que se tornam investimentos menos atraentes em cenário de juro alto, com títulos públicos pagando mais e empresas eventualmente lucrando menos).
O movimento também pressiona o dólar para cima, de carona com o potencial de valorização dos títulos americanos. Resultado: alta e 1% hoje, a
Vale
Por aqui, quem realmente segurou as pontas foi o minério de ferro. A commodity acordou em alta de 5,71% nesta manhã, com a cotação saltando de US$ 108 a tonelada para US$ 114. E agora está mais longe da linha vermelha dos US$ 100 – que se tornou a fronteira entre o otimismo e pessimismo com o setor.
Nisso, a Vale fechou entre as maiores altas do dia, com 3,37% – o que garantiu bons pontos positivos no geral, já que sozinha ela responde por 12% do Ibovespa. A Bradespar, uma de suas controladoras, seguiu o bonde, com 3,10%.
Outra notícia positiva para a Vale: a mineradora vendeu por US$ 400 milhões (R$ 2,2 bilhões) a fatia de 50% que tinha numa siderúrgica americana, a California Steel Industries. A brasileira detinha essa participação desde 1984, e anunciou que a ideia é concentrar seus negócios na mineração, o core business da empresa. O mercado viu com bons olhos tanto a intenção como o resultado da venda.
Intermédica e Hapvida
Os dois maiores planos de saúde do país anunciaram seu casamento em março. Mas faltava a bênção do padre, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), cuja missão na terra é evitar a formação de monopólios.
Natural: com 8,3 milhões de clientes, a empresa resultante da união entre Hapvida e Intermédica teria sob suas asas 17% dos 50 milhões de clientes de planos no Brasil. Suas maiores concorrentes, Bradesco Saúde, Amil e Sul América contam, respectivamente, com market shares de 7,5%, 6,9% e 5,1%.
Não só. A nova operadora teria 2,8% de peso no Ibovespa – o sétimo maior do índice todo, atrás apenas de Ambev (3,4%), B3 (3,7%), Bradesco (4,6%), Itaú (5,2%), Petrobras (12%) e Vale (12,5%).
O resultado da análise do Cade está agendado para sair nesta semana. E, pelo jeito, as expectativas de que o casório saia mesmo estão altas: não faltou quem quisesse antecipar-se à eventual notícia da fusão (boa para ambas). Nisso, as duas fecharam o dia no topo do pódio de maiores altas. Hapvida 5,98%; Intermédica, 5,33%.
Turismo e aéreas
O Reino Unido reportou hoje a primeira morte causada comprovadamente pela variante Ômicron. A notícia aumenta a possibilidade de novas restrições ao turismo – e à vontade que as pessoas têm de viajar, independentemente da chegada ou não de novos lockdowns.
O setor aéreo e o de turismo, então, respondeu com uma queda em uníssono. E tivemos baixas fortes para Gol (-3,70%), Azul (-2,90%), Embraer (-2,99%) e CVC (-2,61%).
Também na ponta das perdas, Banco Pan (-7,05%) e Mélluz (-4,42%) devolvem parte dos ganhos expressivos que tiveram na sexta (mais de 16% cada). Idem para Cogna: 12% na última seção, versus -7,24% hoje.
Mais uma amostra da volatilidade deste ano – ano de 2020, que adentra seu 24o mês!
Até terça.
MAIORES ALTAS
Hapvida (HAPV3) 5,98%
Intermédica (GNDI3) 5,33%
Vale (VALE3) 3,37%
Bradespar (BRAP4) 3,10%
Eletrobras (ELET6) 3,00%
MAIORES BAIXAS
Cogna (COGN3) -7,24%
Banco Pan (BPAN4) -7,05%
Méliuz (CASH3) -4,42%
Gol (GOLL4) -3,70%
Eztec (EZTC3) -3,11%
Ibovespa: -0,35%, a 107.383 pontos
Nova York
S&P 500: -0,91%, a 4.669 pontos
Nasdaq: -1,39%, a 15.413 pontos
Dow Jones: -0,89%, a 35.652 pontos
Dólar: 1,07%, a R$ 5,67
Petróleo
Brent: -1,01%, a US$ 74,39
WTI: -0,53%, a US$ 71,29
Minério de ferro: 5,71%, a US$ 114,20, no porto de Qingdao na China