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Minério goleia e garante alta da bolsa. VALE3 sobe 3,33%

Ibovespa sobe 0,25% no dia da confirmação de Haddad, mas graças à China. Inflação em 12 meses cai a 5,90%, e se aproxima do teto da meta. 

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 10 dez 2022, 10h12 - Publicado em 9 dez 2022, 18h44

Foi 1 a 1. Gol para o mercado com a freada do IPCA: 0,41% em novembro, ante 0,59% em outubro – e contra 0,53% do IPCA-15, que mede a variação dos preços nas duas primeiras semanas do mês e serve como prévia do índice cheio. 

Pouco depois do anúncio do IBGE, gol do adversário de quem espera por uma política fiscal mais contida. Lula confirmou Haddad como Ministro da Fazenda.

Zero surpresa, claro. A ascensão do ex-prefeito de SP e ex-ministro da Educação para a pasta já estava precificada pela queda de 8% no Ibovespa desde o dia 4 de novembro. 

E também pela alta dos juros futuros no mesmo período: 0,9 ponto percentual de alta no DI para janeiro de 2024, o mais negociado – de 12,94% para 13,831% ontem. Hoje, eles até caíram um pouquinho, para 13,805%. Já o DI para janeiro de 2025 ficou estável: 13,079% ontem; 13,080% hoje. 

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O jogo no Ibovespa também terminaria empatado. Mas não. O minério de ferro jogou bem nesta sexta: alta de 4,69% em Dalian. Bom para VALE3 (3,33% hoje) e a turma das siderúrgicas mineradoras. Destaque para as “duas CSNs”: CSNA3 (5,18%) e a CSN Mineração, CMIN3 (10,00%).  

Com o time da mineração convertendo belamente seus pênaltis, o Ibovespa fechou verdinho, em 0,25%. Saiu do empate para a vitória. 

Quem dera tivesse sido assim no Qatar.

O que moveu o minério

Mas deixemos o Oriente Médio de lado e vamos mais para leste no globo. A alta do minério foi, como sempre, uma cortesia da China. Rolou porque a Sunac, grande construtora chinesa, escapou de uma falência iminente. Eles devem US$ 11 bilhões no mercado off-shore (ou seja, fora da China). E 34% desse bolo (US$ 3,75 bilhões) vence neste ano ainda.     

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Os caras já tinham caloteado um vencimento de dívida em maio. Pior: as ações dela estão travadas – literalmente: a bolsa de Hong Kong proibiu a compra e venda dos papéis em abril, depois de a companhia atrasar a divulgação de seu balanço anual, e o bloqueio permanece.

Mesmo assim, eles conseguiram transformar esses US$ 3,75 bilhões que venceriam agora em ações. Ou seja, os credores aceitaram trocar o dinheiro vivo que receberiam por papéis da empresa. Papéis que caíram magalulianos 90% desde o pico, em 2020, até o travamento, em abril (o bloqueio na bolsa não impede que a empresa use suas ações como moeda, caso haja quem aceite).

Todo o mercado imobiliário chinês sofre com um endividamento monstro. Tão monstro que 60% das vendas na planta feitas entre 2013 e 2020 não foram entregues – falta dinheiro (crédito) para as incorporadoras terminarem as unidades.

Essa reestruturação da dívida de uma incorporadora tão a perigo como a Sunac, então, deu uma animada nos investidores. Reaviva-se a esperança de que todo o mastodôntico mercado imobiliário da China se recupere.  

E, como esse mercado é um consumidor voraz de minério de ferro, a cotação da commodity respondeu com força.

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IPCA em 12 meses: 5,90%

De volta à inflação. O consenso dos analistas, largamente baseado no IPCA-15, apontava para uma alta de 0,54% na inflação. Chute para fora. 

Com os 0,41% de novembro, a inflação em 12 meses caiu de 6,47% em outubro para 5,90% agora –  mais perto do teto da meta do BC, que é de 5,00%, e um bom número comparado com os 8,5% dos EUA e os 10,6% da eurozona. 

Outro dado positivo: o índice de difusão do IPCA caiu também. Em outubro, 67,9% dos ítens que o IBGE pesquisa tinham subido de preço. Agora, essa taxa caiu para 58,62%. O auge nesse quesito rolou no já distante abril, que apresentou uma maníaca difusão de 78%. 

Quanto maior o índice de difusão, pior. Isso indica uma inflação descontrolada, daquelas em que a indústria, o comércio e os serviços aumentem os preços por medo de que os preços aumentem. Altas menos espalhadas, por outro lado, simplesmente fazem parte do jogo. Em novembro, quem mais puxou a inflação foram o setor de transportes (onde entram os combustíveis), com 0,83%, e o de alimentos/bebidas (0,53%). Juntos, eles responderam por 71% da variação do IPCA. Ambos são justamente os setores mais voláteis, já que variam em grande parte ao sabor caótico do preço do petróleo e do resultado das safras. 

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No geral, a expectativa agora é pela escolha dos ministros do Planejamento e do Desenvolvimento (possível nova pasta), já que eles formarão o triunvirato do comando da economia, com o da Fazenda no vértice. E também pela nomeação dos secretários mais importantes de Haddad. Só a partir daí o mercado terá uma noção mais clara sobre o que esperar do novo governo.

O jogo está só começando. 

 

Maiores altas

CSN Mineração (CMIN3): 10,00%

CSN (CSNA3): 5,18%

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Bradespar (BRAP4): 4,88% 

Klabin (KLBN11): 1,80%

Suzano (SUZB3): 1,77%

Maiores baixas

Yduqs (YDUQ3): -5,83%

Hapvida (HAPV3): -5,02%

Rede D’Or (RDOR3): -4,83%

São Martinho (SMTO3): -4,68%

Banco Pan (BPAN4): -3,95%

Ibovespa: 0,25%, aos 107.519 pontos. 

 

Em NY:

S&P 500: -0,74%, aos 3.934 pontos

Nasdaq:  -0,70%, aos 11.004 pontos

Dow Jones: -0,91%, aos 33.475 pontos

 

Dólar: 0,57%, a R$ 5,24 

 

Petróleo

Brent: -0,07%, a US$ 76,10 

WTI: -0,62%, a US$ 71,02

 

Minério de ferro: 4,69%, a US$ 117,20 a tonelada na bolsa de Dalian

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