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Microsoft tira Apple do posto de mais valiosa do mundo

Dona do Windows já vale US$ 2,46 trilhões, e a do iPhone sofre com a falta de componentes. Por aqui, bolsa encerra o pior mês do ano: queda de 6,74% em outubro.

Por Juliana Américo, Alexandre Versignassi
29 out 2021, 18h00

A Apple passou a coroa de empresa mais valiosa da galáxia para a Microsoft, depois de decepcionar no balanço do terceiro trimestre. A companhia de Tim Cook faturou US$ 83,4 bilhões entre julho e setembro, mas as projeções do mercado eram de US$ 84,7 bilhões. 

Não que tenha sido uma tragédia: houve um crescimento de 29% na comparação com o mesmo período do ano passado. A Apple também lucrou  R$ 20,55 bilhões – uma alta de 62,1%. 

O que preocupa mesmo é a falta de chips e outros componentes que estão afetando a produção da companhia (e é quase certeza que isso vai atrapalhar a entrega dos produtos nas vendas de final de ano). Outro mal sinal: ela não colocou em seu relatório  as vendas do iPhone 13, lançado em setembro.

O próprio Tim Cook, já se adiantou e afirmou que o impacto da crise na cadeia de abastecimento será pior agora no quarto trimestre. Os papéis da Apple caíram 1,82%. O seu valor de mercado fechou hoje em US$ 2,41 trilhões – para quem não está habituado com o noticiário econômico: o valor de mercado é a soma do preço de todas as ações de uma companhia, então varia todos os dias.  

Já as ações da Microsoft subiram 2,24%, elevando seu valor de mercado a US$ 2,46 trilhões. A empresa teve alta de 47% em seu lucro, que totalizou US$ 16,5 bilhões. Por  mais que a empresa não passe imune pela crise dos chips, que afeta o Xbox e o notebook Surface, ela tem duas armas imunes à escassez de componentes: softwares corporativos e computação em nuvem, sua galinha dos ovos de ouro. 

A corrida das duas big techs pelo primeiro lugar no mundo dos negócios não é de hoje. Na verdade, começou em 2010 quando a Apple tirou a Microsoft do trono pela primeira vez. Desde então, as duas se revezam de tempos em tempos. A última vez que a Microsoft vestiu a camisa de mais valiosa foi no primeiro semestre de 2020. 

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Enquanto rolava a nova ultrapassagem, Wall Street digeria os balanços do 3T21. Além da Apple, a Amazon também decepcionou. A empresa teve queda de 50% no lucro; foram US$ 3,156 bilhões no período. 

Explicação: no ano passado, a Amazon se deu particularmente bem com o isolamento social e o boom das compras online – e, a princípio, não conseguiu manter o fôlego em tempos de reabertura. Em seu relatório, de qualquer forma, ela justificou a perda com aumento de custos de frete e salários, além da falta de mão-de-obra.

Passado o mal-estar, os indicadores americanos viraram: Nasdaq fechou com alta de 0,33%, aos 15.498 pontos. Já o S&P 500 subiu 0,19%, aos 4.605 pontos. 

Fim do Bolsa família

Por aqui, a situação fiscal continua a agitar Brasília e o mercado. Hoje, o governo realizou o último pagamento do Bolsa Família e encerrou o programa de transferência de renda depois de 18 anos. 

Ele foi extinto pela Medida Provisória 1.061, que cria o Auxílio Brasil. O problema é que está tudo incerto em relação ao novo programa. Teoricamente, ele começa a ser pago já em novembro, mas não no valor de R$ 400 prometido inicialmente (contra uma média de R$ 190 do agora finado Bolsa Família) – já que o governo ainda não tem de onde tirar o dinheiro para bancar um programa mais robusto. 

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No próximo mês, os beneficiários terão um reajuste de 20% sobre os valores que vinham sendo pagos. O valor mínimo de R$ 400, se rolar, fica para dezembro. E para o plano sair do papel, o Congresso precisa aprovar a PEC dos Precatórios.

Segundo a estimativa divulgada hoje pelo Ministério da Economia, a PEC abrirá um espaço de R$ 91,6 bilhões para novas despesas no Orçamento de 2022. Anteriormente, a previsão era de R$ 83,6 bilhões.

O problema é que a Câmara dos Deputados ainda não votou a proposta de emenda (o que só deve acontecer na semana que vem, se não continuar sendo adiada). Enquanto isso, o governo pensa em um plano B: prorrogar o auxílio emergencial, que termina hoje também . E o mercado desanima toda vez que surgem rumores sobre o teto de gastos, logicamente.

Último pregão do mês

O Ibovespa encerrou outubro no vermelho (-2,09% hoje, aos 103.500 pontos). Não é uma surpresa, afinal esse já é o quarto dia seguido de quedas dentro do pior mês do ano. 

Nos últimos 29 dias, a bolsa desvalorizou 6,74%. E a última vez que o Ibov esteve nos 103 pontos foi em novembro do ano passado. 

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Além da eterna discussão sobre o Auxílio Brasil, a baixa de hoje foi puxada pelas gigantes Petrobras e Vale. Juntas, elas representam 23,7% do Ibovespa. A Petro até surpreendeu positivamente os investidores com o seu balanço trimestral. Ela lucrou R$ 31,14 bilhões, superando (e muito) a projeção do mercado de R$ 21,4 bilhões. 

Mas as ações caíram 5,90%. Culpa de Jair Bolsonaro. Ontem, o presidente voltou a criticar a companhia, desta vez afirmando que a Petrobras tem papel social e precisa reduzir sua margem de lucro. “A Petrobras é obrigada a aumentar o preço porque ela tem que seguir a legislação e nós estamos tentando aqui buscar uma maneira de mudar a lei nesse sentido”, afirmou o presidente.

Traduzindo: o governo busca uma forma de mudar a lei que atrela os preços dos combustíveis ao dólar. Uma forma clara de tentar interferir na companhia –  e um governo intervencionista é o maior pesadelo do mercado. 

Já a Vale caiu 2,58% depois de registrar lucro de US$ 3,8 bilhões no 3T21. Foi um aumento de 34% em relação ao mesmo período do ano passado, mas o resultado veio abaixo do esperado (de US$ 4,7 bilhões) e a mineradora ainda enfrenta a queda de 4% no preço do minério de ferro em Qingda

Outra do setor que sofreu hoje foi a Usiminas (-7,54%). A companhia lucrou R$ 1,824 bilhão nos últimos três meses. Atenção para o número: alta de 821% ante o terceiro trimestre de 2020. impressionante, mas é a mesmo caso da Vale. Resultados abaixo do esperado, enquanto lida com o mercado de aço enfraquecido na China. 

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Por outro lado, os frigoríficos puderam respirar aliviados. O setor passou a liderar as altas do dia após a China liberar a entrada de um lote de carne brasileira, que estava parada em um porto do país asiático. A Minerva liderou com alta de 7,48%, seguida pela Marfrig (5,17%) e JBS (4,51%). 

Vale destacar que a suspensão, que começou em setembro por causa de suspeitas da doença de vaca louca em fazendas de Minas Gerais e Mato Grosso, continua de pé. Mas já é um começo.

Semana que vem tem feriado de Finados, na terça-feira. É tradição no Brasil esticar a folga para segunda também. Mas não na bolsa, que opera normalmente na segunda.  

Para quem folga, bom descanso. Para quem fica, não deixe de acompanhar a abertura de mercado na segunda aqui com a gente. Bom final de semana 😉 

Maiores altas

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Minerva (BEEF3): 7,48%

Marfrig (MRFG3): 5,17%

JBS (JBSS3): 4,19%

Raia Drogasil (RADL3): 2,38%

BRF (BRFS3): 2,33%

Maiores baixas

Alpargatas (ALPA4): -11,55%

Banco Inter (BIDI4): -9,14%

Banco Inter (BIDI11): -8,88%

Locaweb (LWSA3): -8,10%

Usiminas (USIM5): -7,54%

Ibovespa: -2,09%, aos 103.500 pontos

Em NY:

S&P 500: 0,19%, aos 4.605 pontos

Nasdaq: 0,33%, aos 15.498 pontos

Dow Jones: 0,25%, aos 35.819 pontos

Dólar: 0,37%, a R$ 5,6461

Petróleo

Brent: 0,07%, a US$ 83,72

WTI: 0,92%, a US$ 83,57

Minério de ferro: -4,77%, US$ 107,28 no porto de Qingdao (China)

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