Mercados caminham para uma sexta de trégua, apesar da inflação recorde na Europa
Zona do euro registra alta de 10% nos preços em setembro, acima das previsões.
O alívio desta sexta-feira não se estende só ao trabalhador, mas também aos massacrados mercados internacionais, que sofreram fortes perdas ontem. Nesta manhã, os índices futuros americanos e as bolsas europeias operam em leve alta com um empurrãozinho do PIB inglês.
Também, pudera. As quedas de quinta foram feias, acompanhando o tombo de 4,91% das ações da Apple, que deve vender menos iPhones do que o esperado. O S&P 500, por exemplo, caiu 2,11%. No pré-mercado, sobe 0,36%.
Nem um novo recorde inflacionário na zona do euro foi capaz de estragar esta sexta. Por lá, a crise energética impulsionou a inflação de setembro para um recorde de 10% na comparação anual. Os preços aceleraram pelo 11º mês seguido, saindo de 9,1% em agosto. Economistas consultados pela Reuters esperavam uma alta menor, de 9,7%.
Além do preço da energia, que teve um salto de 40,8% em setembro, alimentação, álcool e tabaco também pressionaram a inflação europeia, com custos 11,8% maiores. Já o núcleo da inflação, que exclui estes itens mais voláteis, acelerou de 4,3% em agosto para 4,8% em setembro.
E isso é só uma média da zona do euro. Mais da metade dos 19 países que fazem parte do grupo tem inflação de dois dígitos, três deles acima dos 20%.
E a situação por aqueles lados já estava complicada com o recente plano econômico inglês de cortar impostos, que desestabilizou a libra. Agora, com uma inflação persistente, os mercados precificam juros ainda mais altos na região, o que pode contribuir para uma recessão global. Ontem, a Alemanha, maior economia europeia, passou a prever uma queda de 0,4% em seu PIB.
Outra notícia ruim para a economia global: contração na indústria chinesa. Segundo o PMI ( índice de gerentes de compras, na sigla em inglês), levantado pela Caixin com a S&P Global, a atividade do setor caiu de 49,5 pontos em agosto para 48,1 pontos em setembro. Uma pontuação abaixo de 50 significa contração da atividade. Já o PMI oficial do governo chinês, do Escritório Nacional de Estatísticas (NBS, na sigla em inglês) do país, está acima de 50.
Apesar do cenário negativo, os investidores se calcam no PIB do Reino Unido, que subiu 0,2% no segundo trimestre na comparação com os três primeiros meses do ano. O número veio acima da expectativa do mercado, de queda de 0,1%. Na comparação anual, a alta foi de 4,4%.
Bom, pelo menos uma notícia boa para os investidores enquanto eles aguardam os dados de agosto do PCE (índice de preços ao consumidor) americano, a medida inflacionária preferida do Fed (BC dos EUA).
Bons negócios!
Futuros S&P 500: 0,36%
Futuros Dow: 0,26%
Futuros Nasdaq: 0,28%
às 8h25
Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,31%
Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,23%
Bolsa de Frankfurt (Dax): 0,18%
Bolsa de Paris (CAC): 0,55%
*às 8h13
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,58%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): -1,83%
Hong Kong (Hang Seng): 0,33%
Brent*: 0,84%, a US$ 89,23
Minério de ferro: -1,72%, a US$ 94,05 em Singapura
*às 7h05
Caged de agosto
O Ministério do Trabalho divulgou os dados de agosto do Caged, pesquisa sobre a criação de vagas de trabalho formal (aquelas com carteira assinada). Foram abertos 278.639 novos empregos do tipo em agosto. No acumulado do ano, o Brasil criou 1,8 milhão de postos de trabalhos formais. Já o salário médio de admissões aumentou pela terceira vez consecutiva, e foi para R$ 1.949,84. Em julho, os novos contratados recebiam em média R$ 1.920,57.
O plano de energia da UE é bom o suficiente?
Desde o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, a União Europeia está tentando se blindar de uma crise de energia em pleno inverno. O gás natural russo é (ou era) responsável por aquecer boa parte dos lares europeus – por isso, o país está utilizando o combustível como arma política. Para tentar evitar que funcione, a UE montou um plano de abastecimento de emergência, que está tentando estocar o máximo possível de gás até novembro e, ao mesmo tempo, reduzir a dependência da commodity vinda da Rússia. O inverno está chegando para o hemisfério norte. O plano vai funcionar? O Financial Times investiga aqui.
US$ 64,8 bi: o esquema de Bernie Madoff
Bernie Madoff foi presidente da Nasdaq e fundador de uma firma de investimentos que, até 2008, era a sexta maior negociadora de ações do S&P 500. O que ninguém sabia na época é que, por mais de três décadas, ele também mantinha uma operação criminosa bilionária funcionando debaixo do nariz das autoridades. Então veio a crise de 2008. A Você S/A te conta como Bernie Madoff criou o maior esquema de pirâmide da história.
Brasil, 9h: PNAD Contínua de agosto
EUA, 9h30: PCE de agosto
EUA, 10h45: PMI de setembro