Mercado americano caminha para sua pior semana em 15 meses
Por aqui, é o último dia para a sanção do Orçamento de 2022, o que deve acentuar as preocupações fiscais.
Bom dia!
Os índices futuros americanos amanheceram sem uma tendência definida nesta sexta-feira, ainda que mais no vermelho do que no azul. Nos últimos dias, as bolsas americanas têm estado voláteis – ontem, por exemplo, o S&P 500 amanheceu apontando para alta, mas fechou com expressiva queda de 1,1%, o que ajudou a colocar os índices europeus e asiáticos também no vermelho hoje.
Se o humor realmente azedar, o principal índice americano caminha para ter a pior performance semanal em quinze meses, como lembrou o The Wall Street Journal. Por enquanto, a queda na semana é de quase 4%, após todos os três pregões no vermelho (segunda-feira foi feriado e não teve negociação).
O mercado já convive com a ideia de que o Fed deverá aumentar os juros por lá “várias” vezes ao longo do ano para combater a inflação, além de começar a reduzir seu balanço de mais de US$ 8,8 trilhões em ativos. Agora, esperam a próxima reunião do Fed, que começa na próxima terça-feira e vai até quarta, para ter mais pistas de quão agressivo e rápido será o desmame.
Wall Street também monitora os resultados das empresas referentes ao último trimestre de 2021, e a temporada de divulgação de balanços, até agora, também está mista. O destaque do dia fica com o papel da Netflix, que sangrou bastante no after hours após números considerados decepcionantes divulgados depois do fim do pregão (veja mais detalhes abaixo, em “Market facts”).
Na Europa, o mau-humor que seguiu de Nova York também ganhou um empurrãozinho próprio: as vendas no varejo do Reino Unido caíram 3,7% em dezembro ante novembro, bem acima da previsão dos analistas, que falavam em queda de -0,6%.
Por aqui, todos os olhos estão na sanção presidencial do Orçamento. O prazo para Bolsonaro aprovar o texto termina hoje, e ele deixou a decisão de dar ou não o reajuste a policiais (e somente eles) para a última hora. Na semana, servidores federais fizeram protestos por um aumento generalizado, mas as manifestações foram consideradas esvaziadas.
Até agora, o Ibovespa vem conseguindo se descolar do mau-humor americano e acumula ganhos com o rali das commodities (e também porque a bolsa brasileira está barata, como explicamos aqui). Mas o risco fiscal assombra a Faria Lima, com a possibilidade de bagunça nas contas públicas em ano eleitoral.
Não só: ontem, Bolsonaro disse que negocia com o Congresso uma PEC para reduzir o preço dos combustíveis – zerando os impostos sobre eles. A proposta reduziria a arrecadação federal em cerca de R$ 50 bilhões, segundo um integrante da equipe econômica ouvido pelo Estadão. Ou seja, mais um impasse para a conta.
Boa sexta.
Futuros S&P 500: -0,06%
Futuros Nasdaq: -0,36%
Futuros Dow: 0,13%
*às 8h00
Índice europeu (EuroStoxx 50): -1,07%
Bolsa de Londres (FTSE 100): -0,73%
Bolsa de Frankfurt (Dax): -1,42%
Bolsa de Paris (CAC): -1,09%
*às 8h01
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): –0,92%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): -0,90%
Hong Kong (Hang Seng): 0,05%
Brent: -1,34%, a US$ 87,20*
Minério de ferro: 1,96%, cotado a US$ 137,36 em Qingdao (China)
*às 8h04
Último dia para Bolsonaro sancionar o Orçamento 2022
9h30 Paulo Guedes participa do painel Perspectivas Econômicas Globais, no Fórum Econômico Mundial. O evento contará com outras autoridades globais, como a Secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen.
Nem Round 6 salvou
As ações da Netflix tiveram forte queda de 20% no after-hours de Nova York após a divulgação de seus resultados referentes ao último trimestre do ano passado. O dado que mais decepcionou o mercado foi o de novos assinantes: foram 8,3 milhões novos clientes no mundo no período, 220 mil a menos do que o previsto. Pior: a empresa espera que, no primeiro trimestre de 2022, adicione apenas 2,5 milhões de assinantes na lista, o que seria seu pior trimestre em mais de uma década e ficaria bem abaixo dos 4 milhões esperados pelo mercado. No total, a plataforma ganhou 18,2 milhões de novos assinantes em 2021, praticamente a metade do registrado em 2020 (quando bateu seu recorde com a pandemia e ganhou novos 36,6 milhões de clientes). Os investidores não curtiram.
O que esperar da bolsa brasileira em 2022
Embraer e Braskem renderam mais do que o Bitcoin em 2021. Frigoríficos surfaram com margens de lucro de pai para filho nos EUA. O varejo desabou. E agora? Entenda o que esperar dos diferentes setores da bolsa em 2022 nesta reportagem da VOCÊ/SA.