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Ibovespa sobe 1,8% com commodities em alta e fala de Powell

Inflação veio acima do esperado, mas não refletiu na bolsa. Nos EUA, presidente do Fed diz que abertura do ralo para drenar dólares ainda vai demorar.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 11 jan 2022, 19h19 - Publicado em 11 jan 2022, 19h03

O Ibovespa fechou nesta terça-feira com forte alta de 1,8%, apesar do IPCA de dezembro acima do esperado, que revelou a maior inflação em seis anos. O otimismo que ajudou o índice a se manter no azul veio de duas frentes: um bom-humor em Wall Street, que comemorou após o presidente do BC americano garantir que a drenagem de dólares em circulação na economia vai demorar, e de consideráveis ganhos nos papéis da Petrobras e da Vale após alta nos preços do minério de ferro e no petróleo.

A ajudinha americana veio no período da tarde, quando os investidores pararam para ouvir atentamente o testemunho de Jerome Powell ao Senado americano na tarde de hoje. O atual presidente do Fed foi indicado por Joe Biden para um segundo mandato, mas a decisão precisa ser confirmada pelos senadores, e por isso a sabatina. Nisso, o mercado aproveitou para pescar dicas sobre o futuro da política monetária americana. 

Na sessão, Powell reiterou o discurso mais agressivo adotado pelo Fed na última reunião. A inflação dos EUA é a maior em 40 anos e o banco central está empenhado em combatê-la. Um dos mecanismos usados para isso é o aumento de juros, que atualmente estão próximos ao zero. O Fed já antecipou três aumentos de 0,25 pontos percentuais neste ano, e o mercado espera que o primeiro aconteça já em março. Há quem aposte que só três não sejam suficientes – o Goldman Sachs, por exemplo, projeta quatro altas. 

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Outro mecanismo já anunciado pelo Fed é o fim do programa de compras de títulos iniciado na pandemia, que chegou a colocar US$ 120 bilhões em circulação por mês para estimular a economia americana. Isso deve acontecer também em março.

Até aí, nenhuma novidade. O mercado já estava OK com o fechamento da torneira de dólares e com o aumento de juros. Mas a ata da reunião do Fed, que saiu na última quarta-feira, trouxe uma bomba a mais para os mercados: o órgão citou a possibilidade de começar a reduzir seu balanço de ativos logo após o início da alta de juros.

Atualmente, o Fed tem US$ 8,7 trilhões em ativos em sua carteira. Antes, o banco central só falava em parar de comprar novos títulos – ou seja, fechar a torneira que vinha enchendo a piscina de dólares em que o mercado estava nadando. Na ata da reunião de dezembro, porém, foi além e citou a possibilidade de começar a vendê-los em breve – em outras palavras, abrir o ralo para começar a drenar a grana. Isso pegou o mercado de surpresa.

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Mas Powell voltou a tocar no assunto hoje, e sua fala acalmou os mercados. Disse que o órgão está longe de tomar uma decisão sobre quando abrirá o ralo – o tema será debatido nas próximas “três ou quatro reuniões” do comitê. Embora ele tenha admitido que o balanço patrimonial está maior que o nível considerado adequado, deixou claro que sua redução não começará tão cedo assim

A fala agradou investidores, que interpretaram que ainda há tempo para aproveitar a piscina antes que ela comece a ser esvaziada. O S&P 500 subiu 0,92%, enquanto o Nasdaq, que reúne ações de tecnologia, teve alta de 1,4%.

No Brasil

Por aqui, o Ibovespa surfou na onda de Wall Street, mas já apontava para alta mesmo antes dos americanos definirem seu humor. E olha que o dia começou com a notícia de que o IPCA, o índice de inflação calculado pelo IBGE, veio acima do esperado. Em dezembro, o número foi de 0,73%, uma desaceleração antes aos 0,95% de novembro, mas acima dos 0,65% esperados pelo mercado. 

Com isso, o ano fechou com inflação de 10,06%, a maior desde 2015. A meta era de 3,75%, com teto de 5,25%.

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Em um longo documento enviado a Paulo Guedes, o Banco Central brasileiro justificou que os motivos por trás da inflação tão alta são, principalmente, o preço do petróleo no mercado internacional e a bandeira tarifária da energia elétrica. Também previu que a inflação de 2022 será bem menor e reiterou um novo aumento de 1,5 pontos percentuais da Selic em fevereiro.

Mas a verdade é que o dado de inflação pouco impactou o mercado hoje. Altas nas ações de pesos ajudaram o Ibovespa a se firmar no azul, incluindo os papéis da Petrobras: PETR4 2,96%, PETR3 4,13%. Hoje, a estatal anunciou um aumento nos preços dos combustíveis a partir de quarta-feira. A gasolina vendida para as distribuidoras passará de R$ 3,09 para R$ 3,24 por litro (+4,85%), enquanto o diesel vai de R$ 3,34 para R$ 3,61 (+8%).

A alta da Petro também se deve ao preço do petróleo, que subiu 3,52% hoje. A Vale, toda-poderosa do Ibovespa, também subiu (+1,9%). Na China, o preço do minério de ferro subiu 2,74% hoje, se aproximando do patamar de US$ 130 por tonelada e puxando para cima os setores de mineração e siderurgia da bolsa. O otimismo não parou por aí: das 93 ações do Ibovespa, só 12 não subiram.

Até amanhã.

Maiores altas

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Méliuz (CASH3): 7,32%

Petz (PETZ3): 7,07%

Natura (NTCO3): 6,33%

Usiminas (USIM5): 6,05%

Hapvida (HAPV3): 5,96%

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Maiores baixas

BRF (BRFS3): -1,28%

Braskem (BRKM5): -1,19%

Embraer (EMBR3): -1,10%

Minerva (BEEF3): -1,02%

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Klabin (KLBN11): -0,87%

Ibovespa: 1,80%, aos 103.778 pontos

Em Nova York

Dow Jones: 0,51%, aos 36.251 pontos

S&P 500: 0,92%, aos 4.713 pontos

Nasdaq: 1,41%, aos 15.153 ponto

Dólar: -1,67%, a R$ 5,5798

Petróleo

Brent: 3,52%, a US$ 83,72

WTI: 3,82%, a US$ 81,22

Minério de ferro: 2,74%, negociado a US$ 129,17 por tonelada no porto de Qingdao (China)

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