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Ibovespa sobe 0,81% e dólar cai 1,19% com PECs alternativas trazendo alívio fiscal

Projetos que reduzem o gasto extra-teto ganham força e ajudam bolsa a interromper sequência de baixas. Copel (CPLE6) dispara 22% com planos de privatização.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 21 nov 2022, 19h17 - Publicado em 21 nov 2022, 19h06

Depois de três pregões em baixa por causa dos temores fiscais com a primeira PEC do novo governo, o Ibovespa teve seu primeiro alívio nesta segunda-feira (21). Acontece que, na novela dos temores fiscais, um novo capítulo trouxe um certo alívio ao mercado: a apresentação de pelo menos duas alternativas menos caóticas para as contas públicas do que o texto sugerido pelo governo eleito.

Lula e sua equipe econômica (que ainda não tem um ministro definido, diga-se) querem tirar o Bolsa Família permanentemente do teto de gastos e estourar o limite em quase R$ 200 bi em 2023. A proposta desagrada, e muito, a Faria Lima – e foi responsável pela amargura do Ibovespa nos últimos dias.

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No final de semana, o senador Alessandro Vieira (PSDB-SE) propôs uma PEC alternativa, que reduz o gasto fora do teto dos R$ 198 bilhões para R$ 70 bilhões. Com esse valor, seria possível continuar pagando o Auxílio Brasil (que voltará a se chamar Bolsa Família) em parcelas de R$ 600, além dos R$ 150 extra para famílias com crianças pequenas – uma das principais promessas de campanha de Lula.

A importância do pagamento do auxílio, diga-se, é consenso entre todo mundo – o problema é decidir de onde vem o dinheiro, e quais as regras que ditarão os gastos do Estado.

Outra alternativa vem do senador também do PSDB, Tasso Jereissati. Segundo o Estadão, a PEC apresentada por ele, apelidada “PEC da Sustentabilidade Social”, muda o cálculo do teto de gastos para ampliar o limite dos gastos, de forma permanente, em R$ 80 bilhões – montante suficiente para pagar o Bolsa Família e ainda outros investimentos de cunho social, como a recomposição do Farmácia Popular, argumenta o senador.

Dessa forma, o teto continua existindo, mas com uma folga maior para comportar os gastos prometidos pelo governo. O texto foi apresentado à equipe econômica de Lula.

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Nada indica que a PEC original, proposta pelo governo, vá sair de cena e alguma dessas alternativas será adotada no lugar, é claro. Mas só o fato de haver outros projetos em debate já aliviou os temores fiscais e acalmou um pouco o mercado. O Ibovespa subiu 0,81%, após um pregão instável, com a melhora do humor. O dólar, por sua vez, caiu 1,19%, a R$ 5,3106.

Privatização da Copel

O destaque das altas do dia ficou para a Copel, a Companhia Paranaense de Energia (CPLE6). Os papéis da estatal saltaram 22% após o estado do Paraná anunciar que vai privatizar a empresa. A operação se dará por meio de oferta de ações.

Atualmente, o estado do Paraná detém 69,66% das ações com direito a voto da empresa. A ideia é que esse número seja reduzido para 10%. E que nenhum acionista tenha mais do que 10% do total de papéis com direito a voto. Dessa forma, a companhia se transformará numa “corporation” – uma empresa sem controlador único.

A proposta precisa ser aprovada na Assembleia do estado, mas a expectativa é que o texto passe facilmente, já que o governador Ratinho Jr. (PSD) tem maioria na casa.

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O lado meio vazio

Se por aqui o noticiário mudou o humor do negativo para o positivo, na China o caminho é o contrário. Nas últimas semanas, o governo afrouxou algumas restrições da pandemia e indicou que poderia finalmente abandonar a política de “Covid zero” no país, que vem machucando a economia chinesa.

O timing, no entanto, não permitiu. A China vive seu pior surto da doença em meses, incluindo o primeiro registro de mortes em seis meses. Nisso, os lockdowns voltaram a pipocar pelo país.

O esfriamento da segunda maior economia do mundo derrubou o preço do petróleo (Brent  -0,20% nesta segunda-feira) e do minério (-2,40% em Qingdao), causando mais dor de cabeça para o Ibovespa. Não à toa as maiores baixas do dia forma dominadas por papéis ligados a commodities (veja abaixo).

Além das preocupações fiscais, os temores chineses vêm para amargar o clima.

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Até amanhã.

Maiores altas

Copel (CPLE6): 22,07%

Cyrela (CYRE3): 8,01%

Cemig (CMIG4): 7,54%

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Sabesp (SBSP3): 7,32%

Magazine Luiza (MGLU3): 7,30%

Maiores baixas

Klabin (KLBN11): -3,13%

Suzano (SUZB3): -2,87%

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Usiminas (USIM5): -2,37%

CSN Mineração (CMIN3): -1,93%

Bradespar (BRAP4): -1,92%

Ibovespa: 0,81%, aos 109.748 pontos

Em Nova York

S&P 500: -0,39%, aos 3.949 pontos

Nasdaq: -1,09%, aos 11.024 pontos

Dow Jones: -0,13%, aos 33.700 pontos

Dólar: -1,19%, a R$ 5,3106

Petróleo

Brent: -0,20%, a US$ 87,45

WTI: -0,10%, a US$ 80,04

Minério de ferro: -2,40%, cotado a US$ 96,25 por tonelada em Qingdao (China)

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