Ibovespa despenca 2,58% com PEC que tira Bolsa Família do teto permanentemente

Índice quase perde os 110 mil pontos. Dólar vai a R$ 5,38. Nos EUA, consolidam-se previsões de juros acima de 5% em 2023.

Por Júlia Moura
Atualizado em 16 nov 2022, 18h25 - Publicado em 16 nov 2022, 18h24
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 (Caroline Aranha/Fotos: Getty Images e Reprodução/VOCÊ S/A)
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O aumento de gastos do próximo governo já aterroriza a Faria Lima. A percepção do mercado no pregão desta quarta era a de que a temida PEC da Transição iria mesmo tirar o Bolsa Família do teto de gastos de forma permanente. Com o aumento do risco fiscal, o Ibovespa caiu 2,58%, a 110.243 pontos. O dólar subiu 1,55%, para R$ 5,38.

Esta proposta do governo, ainda sem valores, deve ser detalhada ainda hoje, às 19h, pelo futuro vice-presidente, Geraldo Alckmin, no Senado. 

A estimativa é que o pagamento de R$ 600, mais R$ 150 para famílias com crianças até 6 anos, em 2023 totalizará R$ 175 bilhões, R$ 70 bilhões a mais do que o previsto no Orçamento (dentro do teto). Tirando a todos os custos do Bolsa Família do teto de gastos, sobrariam cerca de R$ 100 bilhões dentro do teto para outros programas, como o Farmácia Popular, e o aumento do salário mínimo acima da inflação.

O financiamento para o Bolsa Família e âncoras fiscais ainda não foram detalhados, o que deixa investidores ainda mais nervosos. Um país em desenvolvimento que gasta quase tudo o que produz fica mal na fita do fluxo internacional de dinheiro. Quanto maior a gastança por aqui, mais arriscado é colocar dinheiro no Brasil, o que prejudica a nossa economia. 

Em reflexo, os juros futuros tiveram forte alta. A taxa para janeiro de 2025 foi para 13,370%, de 13,009% na segunda e a para janeiro de 2031 foi para 13,090%, de 12,840% anteriormente.

Se o governo Lula, porém, conseguir aumentar a arrecadação de modo a bancar maiores gastos, o risco fiscal diminui, como aconteceu nos mandatos anteriores de Lula. Nesta quarta, seu vice, Geraldo Alckmin disse que a “ancoragem fiscal será debatida mais tarde, com calma, não neste momento”.

A indefinição sobre quem fará parte da equipe econômica também deixa investidores aflitos, o que se reflete nos últimos pregões da B3. Por enquanto, a expectativa é que Fernando Haddad assuma a pasta – o que não agrada o mercado. Lula, de qualquer forma, só irá divulgar os primeiros nomes no início de dezembro.

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Wall Street

As notícias do exterior também não ajudaram. A cada dia que passa, um longo ciclo de juros altos nos Estados Unidos fica mais concreto. E hoje foi mais um desses dias, com queda de 0,81% no S&P 500.

Nesta quarta, as vendas no varejo americano em outubro vieram ligeiramente maiores do que o esperado: 1,3% em relação a setembro, quando o volume de vendas se manteve o mesmo em relação a agosto. O mercado esperava uma alta de 1,2%.  

Os gastos maiores do que o projetado abrem caminho para um ciclo de aperto monetário – servem como um sinal para o Fed de que a economia pode aguentar um ciclo mais pesado de juros altos.

Mary Daly, uma das diretoras do banco central americano, disse que é razoável que a taxa básica de juros fique entre 4,75% e 5,25%. Ela também afirmou que espera uma desaceleração na economia nos próximos meses.

“Uma pausa no aumento dos juros está fora de cogitação neste momento. A discussão agora é sobre a redução do ritmo, com foco numa taxa final que seja suficientemente restritiva”, disse em entrevista ao canal CNBC.

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Esther George, outra diretora do Fed, seguiu na mesma linha e disse que pode não ser factível baixar a inflação dos EUA sem recessão. “O Fed precisa continuar subindo os juros, mas deveria desacelerar o ritmo de aperto”, afirmou ao jornal Wall Street Journal.

Hoje, o Goldman Sachs aumentou a sua projeção para os juros dos EUA ao fim dos aumentos: de 5% para 5,25%. O banco também destacou que é provável que a inflação ainda permaneça desconfortavelmente alta por um bom tempo.

Com os juros americanos a 4%, como estão agora, os sinais de desaceleração da economia americana já começam a aparecer aos poucos. A rede de supermercados Target cortou suas projeções de vendas no quarto trimestre deste ano, dado o menor consumo em suas lojas em outubro. Para aguentar o tranco da desaceleração econômica, a companhia planeja cortar US$ 3 bilhões em custos em três anos. 

Ontem, o Walmart disse que o consumidor está escolhendo itens alimentícios mais baratos, de modo a driblar a inflação.

É isso: se os dados gerais do varejo apontam para uma economia americana ainda saudável, os das maiores varejistas já apontam para outra direção. E segue o temor de um 2023 sombrio para os EUA, com recessão batendo à porta, inflação persistente e juros num patamar não visto desde 2006.

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Até amanhã.  

MAIORES ALTAS

Embraer (EMBR3): 9,94%

Suzano (SUZB3): 1,49%

Bradespar (BRAP4): 2,16%

CSN Mineração (CMIN3): 2,12%

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CCR (CCRO3): 0,61%

MAIORES BAIXAS

Hapvida (HAPV3): -10,94%

Americanas (AMER3): -9,81%

Minerva (BEEF3): -9,27%

Locaweb (LWSA3): -8,10%

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Magazine Luiza (MGLU3): -8,01%

Ibovespa: -2,58%, aos 110.243 pontos

Em Nova York

S&P 500: -0,82%, aos 3.959 pontos

Nasdaq: -1,54%, aos 11.184 pontos

Dow Jones: -0,12%, aos 33.554 pontos

Dólar: 1,55%, a R$ 5,3817

Petróleo

Brent: -1,07%, a US$ 92,86

WTI: -1,53%, a US$ 85,59

Minério de ferro: 2,2%, negociado a US$ 103,54 por tonelada no porto de Dalian (China)

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