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Ibovespa respira fundo, olha para PETR4 e VALE3 e sobe 2,19%

Gigantes de commodities ajudam na recuperação da bolsa, que agradece pausa no bate-cabeça de declarações do novo governo. Nova York cai com dados fortes de emprego.

Por Tássia Kastner
5 jan 2023, 18h25

Lula está há cinco dias na Presidência e já precisou lembrar alguns dos seus 37 ministros que é ele quem manda na quitanda de Brasília agora. O calma-cocada ajudou a acomodar os ânimos da Faria Lima, e o Ibovespa subiu com gosto: +2,19%, a 107.641 pontos. O dólar também deu uma trégua e desceu 1,84%, a R$ 5,3523.

Quem comandou a orquestra da recuperação foi a Petrobras. A PETR4 subiu 3,60% nesta quinta, uma cortesia da alta de 1,09% nos preços do petróleo. Mas não só.

Ontem, após o fechamento do mercado, a companhia anunciou a renúncia de Caio Paes de Andrade do posto de CEO. Ele era o quarto presidente da Petro sob o comando do governo Bolsonaro. João Henrique Ritterhaussen, diretor da companhia, será interino no cargo.

Mais um sinal de que a transição está encaminhada, e será menos traumática do que o antecipado. Jean Paul Prates foi o indicado pelo novo governo para assumir a estatal. E ontem à tarde ele já deu um calmante para a Faria Lima, dizendo que a política de preços dos combustíveis seguirá o mercado internacional.

Será exatamente o modelo atual? Dificilmente. Mas só o fato de dizer aos investidores que o plano é manter uma racionalidade de preços, em oposição aos traumáticos anos Dilma, já ajuda.

Trauma foi a palavra da Faria Lima nesta primeira semana. No meio da empolgação com a posse, os novos ministros falaram de tudo. Vale o ditado “Quem fala demais dá bom dia a cavalo”. Teve o ministro da Previdência querendo desfazer a reforma de 2019 sob o argumento estapafúrdio de que não há déficit no sistema. Teve o ministro do Trabalho querendo acabar com o saque aniversário do FGTS. Ela foi aprovada no Congresso, e por mais que se possa discordar do mérito da iniciativa, o fato é que só faria sentido revogá-la se existissem estudos comprovando que ela é ruim do ponto de vista de política pública. Não foi o caso.

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Teve ainda o quiprocó com o marco do saneamento – algo que agora está em cima do muro.

Para o mercado, não faltam sinais positivos, se ele quiser ouvir. Empossada hoje, Simone Tebet (Planejamento) afirmou, em redes sociais, que “política social é central no momento dramático em que vivemos. Mas não há política social sustentável sem uma política fiscal responsável”. Ouviu, galera?

O que ajudou foi que Lula chamou a primeira reunião ministerial, marcada para amanhã, e lembrou que é dele a palavra final. Não por causa da Tebet, mas pelos negacionistas da matemática. E surtiu efeito.

Até a Vale, a rainha do Ibovespa, fez a festa. A mineradora (VALE3) avançou 1,68% nesta quinta, apesar do preço do minério cambaleando. Nada como enfeitiçar investidores com a pauta política, não é mesmo?

Isso enquanto os Estados Unidos continuam se assustando com notícia boa. Nesta quinta saíram dados do mercado de trabalho privado, o relatório ADP. Foram abertas 235 mil vagas em dezembro, um movimento de pequenos e médios negócios. O número superou todas as expectativas coletadas pela Bloomberg, exceto UMA. Outro dado que perturbou investidores foi a alta nos salários, de 7,3% – ainda que seja menos que a inflação atual, mas virtualmente alta se a meta é que ela volte a 2% ao ano.

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O que Wall Street entendeu é que talvez o teto de juros ainda não esteja tão próximo. E que depois de atingido, permanecerá por mais tempo. Aí as bolsas caíram. Se não anda fácil ser brasileiro neste começo de 2023, imagina americano. Até amanhã.

Maiores altas

Americanas (AMER3) 10,54%

BRF (BRFS3) 8,95%

Azul (AZUL4) 8,81%

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Locaweb (LWSA3) 8,35%

Gol (GOLL4) 7,16%

Maiores baixas

Raízen (RAIZ4) -2,41%

Qualicorp (QUAL3) -2,32%

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São Martinho (SMTO3) -2,18%

Lojas Renner (LREN3) -1,79%

TIM (TIMS3) -1,18%

Ibovespa: ​2,19%, a 107.641 pontos

Nova York

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Dow Jones: -1,02%, a 32.929,72 pontos

S&P 500: -1,17%, a 3.808 pontos

Nasdaq: -1,47%, a 10.305,24 pontos

Dólar: -1,84%, a R$ 5,3523

Petróleo

Brent: 1,09%, a US$ 78,69

WTI: 1,14%, a US$ 73,67

Minério de ferro: -1,23%, negociado a US$ 122,16 por tonelada

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