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Futuro presidente da Petrobras nega intervenção direta nos preços e PETR4 sobe 3,18%

Ações da estatal levam Ibovespa para a primeira alta do ano: 1,12%

Por Júlia Moura
4 jan 2023, 18h47

Jean Paul Prates, futuro presidente da Petrobras, aproveitou a posse de Alckmin como ministro do Desenvolvimento nesta quarta para acalmar o mercado. Disse que não haverá intervenção direta do governo nos preços praticados pela estatal. 

O efeito foi imediato: os papéis da petroleira entraram em forte alta, mesmo com a queda no preço do barril de petróleo. PETR4 fechou com ganho de 3,18%. O Ibovespa acompanhou e subiu 1,12%, a primeira valorização de 2023.

O plano de Prates é deixar os preços da Petro atrelados à cotação internacional, mas não grudados. 

Para isso, também serão tomadas medidas para formar uma espécie de colchão contra movimentos abruptos do mercado internacional –ele cogita, inclusive, a volta do Cide. A lógica seria: subiu demais o preço lá fora, corta um pouco do imposto. Caiu, volta o imposto full power. É o que fazem nos EUA. 

Segundo o petista, “paridade de importação não faz muito sentido”, já que o nosso país produz boa parte dos combustíveis que consome (cerca de 80% do diesel e 85% da gasolina).

Prates disse ainda que cortar impostos sobre os combustíveis “não é inteligente”. “Se o preço do barril de petróleo subisse hoje, não teria mais onde cortar”, disse Prates.

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Nesta semana, Lula decidiu contrariar Haddad e prorrogar a isenção de PIS/Cofins aos combustíveis para evitar uma alta súbita. Muitos postos aumentaram seus preços por conta própria na virada de governo, o que está sendo investigado (já que isso é indício de formação de cartel).

Para evitar mais dissonâncias no governo, o presidente convocou uma reunião com todos os seus ministros nesta sexta.

Outro episódio de contradição foi sobre a reforma da Previdência. Ontem, Carlos Lupi, ministro da Previdência, disse que o governo iria estudar sua revisão, abalando o mercado. Hoje, Rui Costa, da Casa Civil, disse que “não há nenhuma proposta de revisão da reforma da Previdência em curso”, acalmando a Faria Lima.

O fantasma dos juros americanos

O respiro da bolsa brasileira após uma queda de 5% do Ibovespa nos dois primeiros dias do ano só não foi maior porque o exterior murchou com a ata da última reunião do Fed e com dados do mercado de trabalho americano.

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O documento referente à reunião de dezembro aponta para juros elevados por “algum tempo”, sem possibilidade de corte de juros em 2023. Os diretores do BC americano veem um sério risco num eventual afrouxamento prematuro da política monetária, dada a forte inflação nos EUA. Ela até desacelerou um pouco no ano passado, mas continua no maior nível desde 1982 e muito longe da meta de 2% ao ano. Em novembro, o CPI (IPCA americano) somou 7,1% nos últimos doze meses.

Segundo um dos diretores do Fed, Neel Kashkari, os juros americanos terão que atingir 5,4% (versus os 4,5% de hoje) para que a inflação seja controlada. O mercado já trabalhava com a ideia de que as taxas não subiriam além de 5%, de qualquer forma. De acordo com Kashkari, é cedo para cravar que a inflação atingiu o pico nos EUA, apesar de haver evidências disso. A opinião do economista é que o Fed deveria seguir elevando os juros até se certificar que os preços estão mesmo sob controle. 

Outro ponto da ata é que o Fed vê a possibilidade de os EUA entrarem em recessão neste ano, se a inflação persistir, levando a juros mais altos. 

Uma das maiores preocupações do Fed em relação à alta de preços é a força do mercado de trabalho americano. Segundo o relatório Jolts desta quarta, as contratações no país subiram para 6,05 milhões em novembro, mesmo com a queda no número de vagas abertas para 10,46 milhões. Quanto maior o poder de compra da população, maiores tendem a ficar os preços, o que deixa o Fed mais propenso a manter seu aperto. 

Resta torcer para que o pico da inflação tenha realmente passado.

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Até amanhã! 

MAIORES ALTAS

Natura (NTCO3): 8,89%

CVC (CVCB3): 6,78%

Pão de Açúcar (PCAR3): 4,89%

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Grupo Soma (SOMA3): 4,69%

EzTec (EZTC3): 4,45%

MAIORES BAIXAS

SLC Agrícola (SLCE3): -1,89%

PetroRio (PRIO3): -0,61%

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Raízen (RAIZ4): -0,60%

RaiaDrogasil (RADL3) -0,53%

Energisa (ENGI11): -0,48%

Ibovespa: 1,12%, aos 105.334 pontos

Em Nova York

S&P 500: 0,75%, aos 3.853 pontos

Nasdaq: 0,69% , aos 10.459 pontos

Dow Jones: 0,40%, aos 33.270 pontos

Dólar: 0,01%, a R$ 5,4524

Petróleo

Brent: -5,19%, a US$ 77,84

WTI:  -5,32%, a US$ 72,84

Minério de ferro: -0,4%, negociado a US$ 123 por tonelada no porto de Dalian (China)

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