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Ibovespa ganha a batalha mas perde a guerra: + 0,45% hoje, – 3,73% na semana

Um breve oásis numa semana tensa. Ibov fecha no azul seguindo o exterior, ressuscitado com aumento de 1% nas vendas do varejo americano. 

Por Bruno Vaiano
Atualizado em 18 out 2024, 14h14 - Publicado em 15 jul 2022, 17h50
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 (Caroline Aranha/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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“Por que a gente cai, senhor?”, pergunta o mordomo Alfred para o Batman. E ele mesmo responde: “Para aprender a levantar”. 

O Ibovespa ouviu o apelo. Depois de abrir em uma queda íngreme de -0,87%, deu a volta por cima e chegou à hora do almoço estabilizada no hemisfério azul do gráfico. Lá permaneceu até o final do dia, encerrando o dia em alta de 0,45% a 96.551 pontos. 

Tudo no modo Beatles, with a little help from my friends. É que, em Nova York, S&P 500, Nasdaq e Dow Jones passaram o dia verdinhas e subindo. 

Por que tanta euforia? O Departamento de Comércio (equivalente a um ministério por lá) divulgou os dados de consumo de junho, e os americanos estão soltando um pouquinho mais as rédeas do cartão de crédito. O varejo cresceu 1% de maio para junho, depois de ter caído 0,1% de abril para maio. 

Outro bom motivo para festa: lembra das tais altas de juros brutais que o Fed prometeu? Então: alguns dos diretores deram aspas evasivas nesta sexta, dando a entender que o aumento da Selic americana pode sair menor que o combinado. 

Segundo a Bloomberg, “o presidente de Atlanta, Raphael Bostic, expressou temor em relação a um aumento gigantesco, e o de St. Louis, James Bullard, disse que adiaria a decisão para a reunião do Fed.” Bullard, diga-se, havia prometido 0,75% em entrevista nesta terça.  

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Esse pequeno alento às vésperas do happy hour não foi o suficiente para correr atrás das perdas da semana, é claro – as quedas dos três índices americanos, da sexta passada para a atual, foram respectivamente de -0,93% (S&P 500), -1,11% (Nasdaq) e -0,16% (Dow Jones). A B3 seguiu na mesma toada: fechou o ciclo de sete dias em -3,73%, o pior desempenho desde a semana entre 10 e 17 de junho. 

É bom mesmo manter os ânimos sob controle. E não só porque o balanço da semana é deprimente. O ponto é que os dados do Departamento do Comércio não vêm ajustados de acordo com a inflação: “Isso significa que números mais altos nas vendas do varejo podem refletir preços mais altos, e não um número maior de compras”, explica o Wall Street Journal

Isso é bem provável, inclusive. Os acionistas americanos, você deve se lembrar, estão em pânico com a inflação: o CPI de junho mostrou que ela continua crescendo (9,1%). E que, portanto, juros mais altos são necessários para controlá-la. 

Aí, junta-se a fome do Fed com a vontade de comer. Com juros mais altos, os investidores tiram dinheiro de ações e põem em títulos públicos – já que eles, naturalmente, passam a pagar mais. E o resultado é menos dinheiro em circulação (o que pressiona a inflação para baixo).

Outro amigo do Ibovespa, hoje, foi o petróleo. O preço do barril subiu bem (2,08%), arrastando consigo as ações da Petrobras (1,71% em PETR4).

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O suco de dinossauro provavelmente subiu em resposta ao desenrolar da visita polêmica de Joe Biden aos amigos ditadores dos EUA na Arábia Saudita. Jake Sullivan, um secretário de Biden, já avisou à Reuters que não haverá novidades: qualquer possível aumento na produção do combustível será anunciado no âmbito da OPEP+, e não durante a visita diplomática.

Sem anúncio, sem promessa de aumento de oferta. E com a oferta estagnada, o preço subiu. De qualquer forma, não subiu grande coisa. E a semana, como um todo, foi de queda (-5,42%). Ou seja: esta sexta foi um ponto ligeiramente fora da curva para quase tudo.  

Ainda no Brasil, a Vale (VALE3) não amargou a mesma draga impressionante dos últimos dias: depois de fechar a quinta (14) em queda de 6,66% – e atingir o menor patamar desde dezembro de 2021 –, o preço dos papéis da companhia fecharam em alta e 0,62%. 

Cabem poucas esperanças: o preço do minério continua caindo com o medo de que a economia chinesa (maior consumidora de aço, que usa o ferro de matéria-prima) desacelere com mais um round de covid-19. De fato, a atividade econômica deles cresceu apenas 0,4% no segundo trimestre, versus 4,8% no primeiro. É uma tendência de prazo mais longo que tira o sono das mineradoras e siderúrgicas brasileiras. 

A cotação da matéria-prima no porto de Qingdao fechou o dia em queda de 4,24%, abaixo dos US$ 100.

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Por fim, o dólar: com mais dinheiro entrando nas bolsas de Nova York, menos dinheiro vai para os títulos públicos americanos, e aí a moeda deles cai. As verdinhas fecharam o dia em -0,52%. Mas a tendência para o médio prazo segue sendo a de um dólar forte: uma enquete mensal do Bank of America com gerentes de fundos revelou que eles ligaram o modo urso com a queda do Euro – e não têm olhos para outras moedas no momento, muito menos de países em desenvolvimento, como o Brasil. Na real, como perdão do trocadilho, o problema se mantém.

O jeito é dar aquela força para as ações da Ambev nesta noite de sexta. E torcer para que a próxima semana seja melhor. Até lá! 

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Maiores altas

Gerdau (GGBR4): 5,94%
Braskem (BRKM5): 5,33%
Metalurgia Gerdau (GOAU4): 4,92%
BB Seguridade (BBSE3): 4,21%
Usiminas (USIM5): 4,10%

Maiores baixas

Hapvida (HAPV3): -5,22%
CVC (CVCB3): -4,55%
Magazine Luiza (MGLU3):  -4,47%
BRF (BRFS3): -4,44%
EZ TEC (EZTC3): -4.20%

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Ibovespa: 0,45%, a 96.551 pontos

Em NY:

S&P 500: 1,91%, a 3.862

Nasdaq: 1,79%, a 11.452

Dow Jones: 2,14%, a 31.286 

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Dólar: -0,52%, a R$ 5,40

Petróleo

Brent: 2,08%, a US$ 101,16

WTI: 1,89%, a US$ 97,59

Minério de ferro: -4,24%, a US$ 96,04 por tonelada no porto de Qingdao (China)

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