Ibovespa fecha o mês em alta de 4,69%, impulsionado por Petrobras (PETR3, PETR4)
Papéis da estatal sobem 22% em julho, e já quase dobraram de preço de um ano para cá. Ibov tem seu quinto mês positivo em 2022, mas cai 1,58% no ano.

Não foi só a alta de hoje, de 5,76% para PETR4 e 6,77% para PETR3. A Petrobras subiu 22,27% o longo do mês de julho (em PETR4, a mais negociada).
A estatal também é, de longe, a companhia que teve as ações mais valorizadas ao longo dos últimos 12 meses: 85% em PETR3, a ON (ordinária), que dá direito a voto, e 77% em PETR4, a PN (preferencial), que em tese paga mais dividendos.
Só em tese mesmo. É que a Petro vem pagando os mesmos dividendos nas ordinárias e nas preferenciais. Por um motivo óbvio: o governo federal praticamente só tem ações ON (50,26% dessas, para garantir o controle absoluto). E neste momento ele exige o máximo possível em dividendos para cobrir o rombo de R$ 42 bilhões que arrumou para a PEC Kamikaze.
Pior que deu certo mesmo. Dos R$ 87,7 bilhões que a empresa vai distribuir em dividendos relativos ao segundo semestre, R$ 32,09 bilhões vão direto para os bolsos do governo. Já paga 75% da conta – cortesia da alta do petróleo, que saiu do patamar de US$ 75, há um ano, e chegou a picos acima de US$ 120 ao longo de 2022.
Só para deixar explicadinho, segue aqui a participação do governo na Petro:
- 28,6% das ações estão em nome do governo federal (aqueles 50,26% das ON dá isso do total de papeis, que obviamente inclui as PN)
- 6,09% estão em nome do BNDESpar, o braço de investimentos do BNDES, cujo caixa é controlado pelo Ministério da Economia; ou seja, pelo governo
- 1,04% em nome do BNDES em si.
É isso. E o fato é que o alívio para os cofres públicos baixou um pouco os juros futuros (o mercado de apostas sobre a quantas estará a Selic nos próximos meses/anos). Esse mercado baliza os juros de certos títulos públicos, como o IPCA+2026. E temos que os juros dele caíram de 6,08% para 5,93%, o que minimiza as perdas de quem entrou nesse título contratando um juro mais baixo (de 4% ou 5%).
Também colabora para a queda das expectativas o fato de os EUA terem entrado em “recessão técnica” (dois trimestres de queda no PIB). No 1T22, o tombo foi de -1,6%; agora, no 2T22, cravaram -0,9%.
O fato é que isso desencoraja o Fed (BC dos EUA) a endurecer demais as altas nos juros – pois juros altos combatem a inflação justamente a golpes de recessão. E o Fed não tem apenas a missão de conter as altas nos preços, mas também a de manter viva a economia do país.
Esse fato ajudou a bolsa americana a subir ontem, e manter o ritmo nesta sexta: 1,42% para o S&P 500. No mês, a alta foi de 9% – a maior desde novembro de 2020, quando o índice cravou 11% na esteira do início da vacinação contra a Covid.
Por aqui o mês também foi generoso com a renda variável. A alta de hoje no Ibovespa (0,55%) foi a cereja no bolo de um mês em que o índice subiu 4,69%.
Eis o ranking de altas e baixas mensais do índice no ano:
- Janeiro: 7,2%, a 112.388 pontos (aê!)
- Fevereiro: 0,67%, a 113.142 pontos (humpf…)
- Março: 6,06%, a 119.999 pontos (agora vai!)
- Abril: -10,10%, a107.876 pontos (o que??)
- Maio: 3,22%, a 111.351 pontos (pô, só isso?)
- Junho: -11,50%, a 98.542 pontos (meu Padim Padi Ciço…)
- Julho: 4,69 (menos mal)
E como o Ibovespa fechou o ano passado em 104.822, o que temos é um ano empacado até aqui, leve queda de 1,58% em 7 meses. Um 2022 xoxo para quem investe: a não ser que sua carteira esteja cheia de Petrobras.
Bom fim de semana!
Maiores altas
3R Petroleum (RRRP3): 6,88%
Petrobras ON (PETR3): 6,77%
Petrobras PN (PETR4): 5,76%
Hypera (HYPE3): 5,19%
Braskem (BRKM5): 5,04%
Maiores baixas
Americanas (AMER3): -7,22%
Magalu (MGLU3): -5,15%
Usiminas (USIM5): -4,76%
Via (VIIA3): -4,38%
Natura (NTCO3): -4,18%
Ibovespa: 0,55%, a 103.164 pontos
Em NY:
S&P 500: 1,42%, a 4.130
Nasdaq: 1,88%, a 12.390
Dow Jones: 0,97%, a 32.846
Dólar: 0,21%, a R$ 5,17
Petróleo
Brent: 2,01%, a US$ 103,97
WTI: 2,28%, a US$ 98,62
Minério de ferro: -4,55%, a US$ 114,65 por tonelada na bolsa de Cingapura