Ibovespa em alta; EUA e criptos em agonia. Entenda o que move essa virada
Criptos fazem US$ 1,3 trilhão virar pó em seis meses, Nasdaq perde US$ 1,5 tri em uma semana. Enquanto isso, Ibov ganha terreno.
Que o mercado financeiro fugiria de ativos mais arriscados assim que os juros americanos entrassem em viés de alta, todo mundo sabia. O impossível de adivinhar era a intensidade do movimento e, mais importante, a forma como ele se daria.
Por um lado, como diria Zagallo, fomos surpreendidos novamente. Até o dia 20 de janeiro, tinham entrado US$ 19 bilhões em dinheiro gringo no Ibovespa.
Isso é mais do que em 11 dos 12 meses do ano passado.
A seguir dessa maneira, teremos o melhor mês da história nesse quesito. E isso foi fundamental para o Ibovespa fechasse a semana passada numa alta expressiva, de 1,88%.
Lá fora foi bem diferente. Queda de 5,6% na semana para o S&P 500, e outros 7,6% para o Índice Nasdaq. Neste último, o tombo significa uma perda de US$ 1,5 trilhões – algo substancial para uma única semana.
O Nasdaq reflete a variação das empresas de tecnologia – as que mais tinham subido nos últimos anos. Desde o início de 2020, acumula alta de 51%, já descontada a última queda.
Ou seja: grandes investidores estão realizando lucro onde deu para ter lucro (as bolsas americanas), e movendo o capital de risco para outros mercados, caso da bolsa brasileira, que segue 7,5% abaixo do nível de dois anos atrás.
Mas a grande fuga mesmo está no mundo das criptos. Fuga não, êxodo: só nos últimos setes dias, o Bitcoin caiu 21%. O Ethereum, segunda maior cripto, 30%. O Solana, a cripto com algum porte que mais subiu no ano passado (10.000%) perdeu quase metade do seu valor só na última semana (41%).
No último pico, em julho do ano o valor de mercado acumulado de todas as criptos era de US$ 2,8 trilhões. Hoje é de US$ 1,5 tri. Ou seja: US$ 1,3 tri evaporaram em seis meses.
E o viés segue sombrio. Nesta manhã, o Bitcoin caía mais 7,3%. O Ethereum 12%. O Solana, 19%.
Para as bolsas americanas, idem, com os futuros do Nasdaq tombando 0,66%; e os do S&P 500, 0,49%.
Resta ver se o Ibovespa terá forças para seguir remando contra a maré nesta semana também
Boa segunda.
Futuros S&P 500: -0,49%
Futuros Nasdaq: -0,66%
Futuros Dow: -0,37%
*às 8h05
Índice europeu (EuroStoxx 50): -2,22%
Bolsa de Londres (FTSE 100): -1,37
Bolsa de Frankfurt (Dax): -1,98%
Bolsa de Paris (CAC): -1,97%
*às 8h05
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 0,16%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,24%
Hong Kong (Hang Seng): -1,24%
Brent: -0,23%, a US$ 87,69*
Minério de ferro: -2,82%, a US$ 133,10, no porto de Qingdao na China
*às 8h03
10h30 – BC irá leiloar US$ 1,5 bilhão, num movimento para acentuar a queda do dólar (que ajuda no combate à inflação).
5G criará 50 mil empregos
A internet 5G deve gerar 50 mil empregos em companhias de telefonia neste ano. Até 2025, serão 670 mil oportunidades, segundo a Conexis, o sindicato das empresas do setor, e a Brasscom (Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação). Profissionais para realizar a instalação e manutenção de fios e torres de frequência e os da área de tecnologia da informação serão os mais demandados. De acordo com a Anatel, o 5G deve estar funcionando nas capitais até julho. A implementação da tecnologia em todo o país, de qualquer forma, deve ser concluída apenas em 2029.
Orçamento de 2022
O presidente Jair Bolsonaro sancionou ontem o orçamento de 2022. Valores destinados à saúde (R$ 139,9 bilhões), à educação (R$ 62,8 bi) e ao, agora, Auxílio Brasil (R$ 89,1 bi) foram mantidos. O governo manteve também os R$ 4,9 bi para o fundo eleitoral e R$ 1,7 bi para o reajuste salarial prometido por Bolsonaro aos policiais – mas o valor extra pode acabar diluído para todo o funcionalismo federal, já que a pressão dos demais setores tem funcionado.
Apenas R$ 3,1 bi foram vetados para que a equipe econômica possa ajustar despesas obrigatórias de pessoal e encargos sociais. Este montante saiu do que estava previsto para as emendas de comissão, o que indica que devem ser mantidos os R$ 16,5 bi para as emendas do relator. Entenda aqui o que elas significam.
Look up!
Talvez a Netflix precise contrariar o título do seu último grande sucesso, Don’t Look Up, e justamente olhar para cima neste ano para se certificar de que não está batendo no teto. Entre os meses de outubro de 2020 e de 2021, a gigante do streaming cresceu apenas 9% em novos assinantes. A Disney, sua maior concorrente, deu um duplo mortal carpado e saltou 60% no mesmo período. No meio disso tudo, os investidores em Wall Street sofrem e as ações da Netflix sangram. Dos US$ 700 por papel, pico atingido em novembro do ano passado, elas despencaram mais de 40% até a última sexta-feira. Leia a reportagem da CNN (em inglês).
A história do Faraó
Em agosto de 2021, a Polícia Federal prendeu Glaidson Acácio dos Santos. Mais conhecido como Faraó dos Bitcoins, ele é acusado de montar um esquema de pirâmide digno de cinema. Tanto que, à época, como a empresa de Glaidson honrava os rendimentos prometidos aos clientes, a PF chegou a ser alvo de manifestações de rua que pediam a liberação do acusado. Só que a história do Faraó é longa. Ele iniciou a suposta organização criminosa em 2012 e, de lá até a cadeia, atraiu mais de 67 mil pessoas no Brasil e no exterior. A Folha de São Paulo conta a trajetória dele aqui.