Continua após publicidade

Ibovespa cai 0,57% com mau humor global

PETR4 (-1,86%) e VALE3 (-1,39%) puxam o índice para baixo em dia de PMIs fracos mundo afora, Brasil incluído.

Por Camila Barros
Atualizado em 15 ago 2023, 20h28 - Publicado em 1 ago 2023, 17h47

Nos últimos dias, o gráfico de PETR4 parece mais o monitor de batimentos de um cardíaco. Depois de cravar terríveis -5,2% na última quinta-feira, a petroleira fechou a semana passada em alta de 1,25%. Começou a segunda com o pé direito, a 4,54%, com a divulgação da nova política de dividendos da companhia. Hoje, porém, voltou a cair: -1,86%.

Hoje, em entrevista ao Broadcast, Jean Paul Prates negou rumores de que a companhia elevaria seus preços nos próximos dias. Segundo o presidente da estatal, a interpretação lá dentro é a de que os preços do petróleo estão voláteis, e ainda não se deu uma alta definitiva. “Se o preço se estabelecer em outro patamar, vamos ponderar e fazer o reajuste necessário”, disse. 

Um relatório da Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis) divulgado na semana passada mostrou uma defasagem de 24% no preço da gasolina praticado pela Petrobras. Ou seja: a estatal tem vendido o combustível com desconto de um quarto do valor em relação à média praticada lá fora. Para o diesel, a defasagem é de 21%. 

Em trajetória de alta desde junho, o brent fechou o último mês em alta de 13% – maior patamar desde abril. Criou-se, então, a expectativa de que a Petrobras fosse repassar a alta para o mercado interno. 

Mas, desde maio, a companhia não segue mais o regime de paridade internacional de preços. Pelo PPI, a Petrobras era obrigada a alinhar os valores locais aos praticados no exterior. A nova política é mais flexível. Talvez demais.

A questão é que, sem o PPI, as movimentações de preços da companhia se tornam menos previsíveis. E o mercado financeiro não costuma gostar de surpresas. Daí o descontentamento com a fala de Prates – acompanhado, claro, de um movimento de correção das ações depois da alta colossal de ontem. 

Continua após a publicidade

A queda da gigante ajudou a amargar o Ibovespa, que fechou cabisbaixo em -0,57%. 

Sem grandes eventos na agenda de hoje, as atenções (e expectativas) do mercado se concentram na decisão do Copom, que sai amanhã às 18h30. Por ora, as apostas se dividem entre queda de 0,25 pp e de 0,50 pp. na Selic. 

A Vale também não colaborou para o Ibovespa: -1,39%. As ações da petroleira sentem o peso de novos dados fracos da China. Por lá, o PMI (índice que mede o desempenho da indústria dos países) registrou 49,2 pontos em julho. A expectativa era de 50,3. 

Quando acima de 50 pontos, o indicador mostra expansão da indústria; quando abaixo, significa contração.  

Não foi só na China: na zona do euro, o PMI veio a 42,7 – pior desempenho em 3 anos. No Reino Unido, 45,7 em julho. Pior dado em 7 meses. 

Continua após a publicidade

Já o dado brasileiro deu uma melhorada. O índice, pela avaliação da S&P, avançou para 47,8 pontos em julho, contra 46,6 em junho. Claro, não é o melhor cenário possível, já que permanece abaixo da linha vermelha dos 50 pontos (em que se encontra há 9 meses). Ainda assim, é o melhor PMI por estas terras em 5 meses. 

Compartilhe essa matéria via:

Nos EUA

O PMI americano veio um pouquinho melhor do que o de seus pares desenvolvidos: 46,4 pontos em julho, contra 46,0 em junho. Assim como o Brasil, o país está em seu nono mês consecutivo de contração da indústria. 

Outro dado divulgado hoje, o relatório Jolts (de dados de emprego) mostrou desaquecimento no mercado de trabalho. O número de vagas disponíveis caiu para 9,6 milhões – a expectativa era de 9,8 mi. 

Por um lado, os dados fracos ajudam na esperança de que o Fed encerre o ciclo de alta nos juros, já que o mercado de trabalho infreável era a maior barreira para que os dirigentes considerassem o início do afrouxamento monetário.

Continua após a publicidade

Mas, por hoje, o que reinou foi a interpretação pessimista do dado: a de que, nos EUA e no resto do mundo, desaceleração da indústria pode significar recessão à frente. Com isso, o S&P 500 fechou em queda de 0,27%; a Nasdaq, de 0,43%. 

Mas as expectativas estão guardadas para dois grandes eventos da semana por lá: a divulgação dos resultados da Apple e da Amazon, na quinta. 

E por aqui, você sabe: amanhã é o grande dia. Prepare os fogos, ou as panelas.  

MAIORES ALTAS

Iguatemi (IGTI11): 3,02%

Continua após a publicidade

Magalu (MGLU3): 2,99%

SLC Agrícola (SCLE3): 1,86% 

Aliansce Sonae (ALSO3): 1,73%

CVC (CVCB3): 1,68%

MAIORES BAIXAS

Continua após a publicidade

Sabesp (SBSP3): -3,80%

Arezzo (ARZZ3): -3,24%

Petrobras ON (PETR3): -2,18%

Petrobras PN (PETR4): -1,86%

Via (VIIA3): -1,85%

Ibovespa:  -0,57%, aos 121.248 pontos

Em Nova York

S&P 500: -0,27%, aos 4.576 pontos

Nasdaq: -0,43%, aos 14.283 pontos

Dow Jones: 0,20%, aos 35.630 pontos

Dólar: 1,27%, a R$ 4,78

Petróleo

Brent: -0,60%, a US$ 84,91

WTI: -0,52%, a US$ 81,37

Minério de ferro: 0,96% a US$ 117,00 por tonelada na bolsa de Dalian (China)

Publicidade