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Ibovespa cai 0,49%, mas fecha semana de recorde em alta de 2,44%

No último sextou do ano, índice sustentou patamar de 130 mil pontos, enquanto Brasília dava aval final à Reforma Tributária. BHIA3 cai 10,64% após grupamento de ações.

Por Tássia Kastner e Sofia Kercher
15 dez 2023, 18h38

Para quem estava embaixo de uma pedra ao longo desta semana e só conseguiu acompanhar o mercado financeiro nesta sexta (15), a notícia de que o Ibovespa caiu 0,49% pode, inicialmente, ser motivo de desânimo. 

Só inicialmente, claro. Esse tropeço do índice vem depois do Natal antecipado na Faria Lima. O presente? Uma alta histórica do Ibov, que ultrapassou os 130k pontos, surfando no rali da Super Quarta e das perspectivas de cortes de juros nos EUA — que explicamos super a fundo aqui

Rali esse que, diga-se de passagem, ainda não terminou por lá. Apesar de o S&P 500, principal índice acionário americano, ter fechado em levíssima queda de 0,02%, o Dow Jones subiu 0,16% e garantiu nova máxima histórica. A Nasdaq subiu 0,35%.

Voltando pro Ibov, ele subiu mais de 1% ontem, aos 130.842 pontos – o maior patamar nominal já alcançado. A máxima anterior tinha sido em 7 de junho de 2021, quando fechou aos 130.776 pontos. Hoje, ainda, ele conseguiu bater o próprio recorde logo que a bolsa começou a rolar – por volta das 11h,  tocou nos 131.661 pontos, mas não segurou a onda.

Inclusive, a queda de hoje foi nada perto da alta de 2,44% acumulada ao longo da semana e dos 1,63% do mês.

O dólar, por sua vez, fechou em alta de 0,45%, a R$ 4,93. 

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O que levou a essa movimentação? O mais provável é que tenha sido apenas uma oportunidade para a Faria Lima pegar o presente que Papai Noel deixou embaixo da árvore – a.k.a colocar o dinheiro no bolso depois da subida firme dos últimos dias. 

A verdade é que se fosse por causa do noticiário, a bolsa teria razões para avançar. Enquanto a turma do coletinho comemorava o clima de Natal, Brasília decidiu dar um sprint antes do último sextou para valer do ano. 

O Congresso correu ao longo do dia para fazer os últimos ajustes no texto da Reforma Tributária, na expectativa de que ela seja promulgada ainda neste ano. A reforma é uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição). As PECs precisam de aprovação em dois turnos na Câmara e no Senado. Esse texto foi aprovado inicialmente pelos deputados, mas sofreu modificação pelos senadores. Aí a Câmara pode revisar as mudanças antes da aprovação final.

É essa etapa que deve se completar hoje à noite. A primeira rodada da nova votação na Câmara já foi. Foram 371 votos favoráveis, 121 contrários e 3 abstenções ao projeto. Falta o segundo turno. Aí o projeto segue para a promulgação do Congresso, que deve ocorrer antes de os fogos rolarem em Copacabana.

BHIA3: -10,64%

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As ações dignas de destaque hoje são do grupo Casas Bahia. Essa é a primeira sessão após o grupamento de ações da companhia, que rolou ontem. 

A história é a seguinte: as ações BHIA3 estavam sendo negociadas ao redor dos R$ 0,50, fruto de uma crise profunda nos negócios da varejista. O calvário piorou quando a empresa aceitou vender uma bolada de ações a R$ 0,80 cada para levantar mais capital – e evitar uma crise financeira insolúvel.

Acontece que o Ibovespa não aceita penny stocks – ações de centavos. A regra manda que a empresa faça alguma coisa para reverter a situação e não ser expulsa do índice. Até porque sair do Ibovespa significa perder ainda mais valor, já que os ETFs precisam vender ações a rodo para seguir a nova versão do índice.

Pois bem. A Casas Bahia decidiu fazer um grupamento de 25 para 1. Em termos práticos, o valor continua o mesmo. 25 ações de R$ 0,50 = 25 de R$ 12,50. Ou bem… teoricamente continua o mesmo.

Grupamentos costumam ser seguidos por quedas. É quase uma questão matemática. Quando ações custam centavos, o espaço para que elas continuem caindo diminui… seria levar o papel a zero – dizer que a empresa quebrou. Pesado.

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Mas quando acontece o grupamento, as ações ficam mais “caras” ao menos nominalmente. E aí elas têm mais espaço para quedas. 

Na prática, é só um sinal de que investidores queriam continuar apostando contra a empresa, mas estavam de mãos atadas. Daí porque o papel caiu quase 10%, a R$ 11,75.

E assim encerramos a última semana mais importante de 2023, ao menos no que diz respeito ao mercado financeiro. Agora, os coletinhos da Faria Lima e Wall Street podem começar a se recolher para as festividades. Bom final de semana 🙂

 

MAIORES ALTAS 

Braskem (BRKM5): 2,90%

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Banco do Brasil (BBSA3): 2,40%

Raízen (RAIZ4): 2,19%

Vamos (VAMO3):1,95%

CSN Mineração (CSNA3):1,93%

MAIORES BAIXAS

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Casas Bahia (BHIA3):-10,64%

Magalu (MGLU3):-9,05%

Petz (PETZ3):-6,43%

Azul (AZUL4):-5,41%

Hapvida (HAPV3):-5,40%

Ibovespa: 0,49%, aos a 130.197 pontos

Em Nova York

S&P 500: -0,02%, a 4.719 pontos

Nasdaq: 0,35%, a 14.813 pontos

Dow Jones: 0,16%, a 37.308 pontos

Dólar: 0,45%, a R$ 4,9372.

Petróleo

Brent: -0,08%, a US$ a US$ 76,55 por barril. Na semana, subiu 0,94%

WTI: -0,18%, a US$ 71,78 por barril. Na semana, subiu 0,77%.

Minério de ferro: 1,37%, cotado a US$ 131,48 por tonelada na bolsa de Dalian, China.

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