Continua após publicidade

Festa na Faria Lima: Ibovespa sobe 1,06% e vai à máxima histórica

A Super Quarta virou Super Quinta: o índice quebrou seu recorde e chegou aos 130.800 pontos, com investidores ainda comemorando um mundo com menos juros.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 14 dez 2023, 19h14 - Publicado em 14 dez 2023, 19h06
 (Tamires Mazzo/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
Continua após publicidade

A Super Quarta – o nome do evento nem-tão-raro-assim em que os bancos centrais do Brasil e dos EUA decidem os juros no mesmo dia – trouxe uma festa tão grande para as bolsas mundiais que a comemoração virou a noite na Faria Lima. Virou Super Quinta, mas com outro significado: o dia em que o Ibov atingiu sua máxima histórica.

Depois de subir 2,4% ontem, o Ibovespa voltou a fechar em alta considerável nesta quinta-feira: 1,06%, aos 130.842 pontos – o maior patamar nominal já alcançado pelo índice. A máxima anterior tinha sido no dia 7 de junho de 2021, quando fechou aos 130.776 pontos. Desde então, os 130k nunca tinham aparecido em nenhum fechamento até hoje. No pico do dia, o Ibovespa chegou a cruzar os 131k. 

A festa desta quinta-feira não comemora algo exatamente novo. É mais como um after da euforia que dominou os mercados ontem, quando investidores brindaram a um mundo com menores juros. Cortesia do Fed, que confirmou sua postura mais dovish dos últimos tempos.

O banco central americano manteve os juros americanos na faixa atual, de 5,25% – 5,5%. Até aqui, nada de novo. O que mudou mesmo foram os pequenos spoilers sobre os próximos passos que o órgão costuma deixar em suas decisões monetárias. Dessa vez, começou a falar em mais cortes para 2024, e o mercado está convencido que eles virão muito em breve.

Mais de 60% do mercado prevê que o primeiro corte nos juros virá já em março de 2023, segundo o CME Group – essa é a visão que considera um Fed mais dovish. Analistas do Goldman Sachs também entram nesse grupo.

Um palpite um pouco mais conservador prevê cortes só a partir de maio. De qualquer forma, a visão central dos investidores é essa: os juros começarão a cair mais cedo do que se esperava.

Continua após a publicidade

É uma interpretação do mercado, claro. O que o “dot plot” do Fed – o documento que reúne as previsões dos membros do Fomc (o Copom americano) – de fato antevê é que, ao longo de 2024, os juros deverão cair em 0,75 p.p (mais provavelmente em três levas de 0,25 p.p.). É um corte a mais do que o previsto anteriormente. E não há menção de timing para esse processo começar, siga-se.

Os próprios dirigentes do Fed, liderados pelo chefão Jerome Powell, evitam dar direcionamentos otimistas demais e lembram que a inflação pode sempre voltar a assustar. Mas não adianta: nada abala o otimismo de Wall Street. Hoje, depois de subir fortes 1,37% ontem, o S&P 500 voltou a subir, ainda que mais tímidos 0,26%.

Para além do corte de juros em si, que tende a impulsionar a economia e aumentar o apetite por risco nos investimentos, o mercado também comemora o que parece ser o “pouso suave” da economia americana. Isso porque, apesar do aperto monetário do Fed para combater a inflação, o mercado de trabalho americano segue resiliente e não rolou uma recessão na economia dos EUA.

É nessa onda de otimismo que o Ibovespa surfa para quebrar seu recorde. E olha que, também ontem, o Copom deu um direcionamento mais hawkish do que o mercado esperava, o que até poderia azedar um pouco o humor. 

O nosso próprio banco central adiantou que o ritmo de cortes atual da Selic – de 0,5 p.p. por reunião – vai se manter. Uma parcela dos investidores é mais otimista e acredita que dá para acelerar esse ritmo, só que o próprio Copom parece discordar. 

Continua após a publicidade

De qualquer forma, isso virou nota de rodapé e não serviu para estragar a festa Faria LIma.

Mais motivos

Não só: essa guinada otimista nos mercados quanto a questão dos juros vem em um momento especial – o chamado “rali de fim de ano”, quando as bolsas já tendem a subir. Juntou o útil ao agradável.

Quem também subiu nesta quinta-feira – e deu uma mãozinha para o Ibov – foi o petróleo. O Brent avançou fortes 3,16% hoje, a US$ 76,61. No embalo, Petrobras (PETR4) subiu 2,17%; PetroRio (PRIO3) figurou entre as maiores altas, com salto de 4,53%. PetroRecôncavo (RECV3) e 3R Petroleum (RRRP3) saltaram 1,91% e 3%, respectivamente.

Mesmo assim, o petróleo vem de uma trajetória de forte queda. Desde o pico em setembro, a cotação cai 20%. Isso apesar da Opep+, o cartel de importantes produtores da commodity, tentar estancar a sangria cortando sua própria produção. Até agora, sem grandes efeitos.

Continua após a publicidade

Em Brasília

Na agenda política, o destaque ficou com o Congresso. Por ampla maioria, os deputados e senadores derrubaram o veto do presidente Lula à desoneração da folha de pagamentos. Com isso, a política, primeiramente instituída no governo Dilma em 2011, continuará em vigor até pelo menos o fim de 2027.

A desoneração engloba 17 setores da economia, e foi vetada pelo governo federal sob o argumento de que ela é cara e ineficiente em atingir seu objetivo central, que é criar e preservar empregos. Além disso, o fim desse benefício seria um jeito da gestão petista de tentar cumprir sua meta de déficit zero para 2024 – apesar de ninguém do mercado realmente acreditar que isso é factível.

O Congresso, por outro lado, não gostou que o presidente vetou a medida aprovada pelo legislativo e derrubou o veto. Além disso, as empresas dos setores beneficiados fazem lobby para a manutenção da política. De qualquer forma, o ministro Haddad já adiantou que a pauta deverá acabar decidida no Judiciário. Cenas dos próximos capítulos.

Na semana, o Ibovespa sobe quase 3%. E ela nem acabou. Até amanhã.

Continua após a publicidade
Compartilhe essa matéria via:

MAIORES ALTAS 

Dexco (DXCO3): 4,79%

Prio (PRIO3): 4,53%

Lojas Renner (LREN3): 4,30%

MRV (MRVE3): 4,23%

Continua após a publicidade

Localiza (RENT3): 3,80%

MAIORES BAIXAS

Casas Bahia (BHIA3): -5,66%

Natura (NTCO3): -5,22%

Petz (PETZ3): -4,98%

Magazine Luiza (MGLU3): -3,95%

SCL Agrícola (SLCE3): -3,68%

Ibovespa: 1,06%, aos 130.842 pontos

Em Nova York

S&P 500: 0,27%, aos 4.719 pontos

Nasdaq: 0,19%, aos 14.761 pontos

Dow Jones: 0,43%, aos 37.248 pontos

Dólar: -0,12%, a R$ 4,9151

Petróleo 

Brent: 3,16%, a US$ 76,61

WTI: 3,04%, a US$ 71,58

Minério de ferro: -1,05%, cotada a US$ 132,97 por tonelada na bolsa de Dalian (China).

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 6,00/mês*

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.