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Ibovespa cai 0,19% após dupla trombada da China na economia brasileira

Além do crescimento do PIB menor que o esperado, o país continua segurando as exportações de carne brasileira. E tem ainda mais auxílio emergencial fora do teto.

Por Tássia Kastner
Atualizado em 18 out 2024, 09h23 - Publicado em 18 out 2021, 18h12
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 (Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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Era para ser uma medida pró-forma, após um caso atípico de vaca louca, mas lá se vai mais de um mês desde que os embarques de carne brasileira para a China foram suspensos. Essa foi só a segunda notícia ruim vinda da segunda maior economia do mundo hoje. A primeira, ainda mais preocupante, foi a desaceleração do PIB deles. Com essa dobradinha, dava para apostar na queda do Ibovespa – mas não coloque toda a culpa em Xi Jinping.

No começo de setembro, o governo brasileiro identificou um caso atípico de vaca louca. Um acordo entre Brasil e China determina a suspensão temporária e voluntária das exportações, ainda que a variante atípica da doença não traga riscos de contaminação de rebanhos e nem de seres humanos. Nisso, esperava-se que em questão de dias a coisa voltaria ao normal. Não voltou.

O Financial Times publicou nesta segunda uma reportagem sobre o caso, mostrando que a China já havia feito a mesma coisa com a Irlanda e o embargo por lá dura mais de ano. O lance é que o Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo – não é trivial abrir mão do produto brasileiro e sem prejudicar o abastecimento interno e sem mexer com as forças de oferta e demanda global da proteína.

A sombra de um embargo prolongado pesou sobre as ações de Marfrig (-2,43%), Minerva (-3,08%) e até a BRF (-2,71%). Já a JBS se safou e subiu 1,37%.

É difícil saber a motivação do regime chinês para manter as restrições. O fato é que o governo brasileiro não preza pelas boas relações bilaterais com a China, nosso maior parceiro comercial. Mas não dá para descartar o cenário econômico do país.

A China cresceu 4,9% no terceiro trimestre, abaixo dos 7,9% do segundo tri. O período foi marcado por lockdowns, desaceleração forçada na produção de aço, crise da construção civil e da Evergrande e ainda as ameaças de falta de energia. Tanta coisa ao mesmo tempo que era difícil mesmo estimar a velocidade com que a China poderia avançar. O problema é que se eles crescem menos, compram menos produtos brasileiros, o que pode gerar um efeito contágio sobre o nosso país.

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Junto com a desaceleração, a inflação global também preocupa o regime de Xi. Tanto que o mercado financeiro chegou a considerar que a redução forçada da indústria siderúrgica chinesa era um jeito de derrubar na marra o preço do minério de ferro e diminuir a pressão inflacionária. O efeito, no fim, pode ser semelhante com as carnes, caso o Brasil perca um mercado relevante e sobre mais oferta para o resto do mundo. 

Nem tudo é culpa da China

Só que a China não foi responsável, sozinha, pela queda da bolsa nesta segunda. Menos ainda pela alta do dólar, isso mesmo com a nova intervenção do Banco Central para conter o câmbio.

A semana começou, mais uma vez, com o governo tentando manobrar uma prorrogação do auxílio emergencial deixando a despesa fora do teto de gastos. Nisso, recomeça aquela história que você já conhece: irresponsabilidade fiscal leva a um aumento do risco-país, investidores deixam o Brasil ou cobram mais para emprestar ao governo.

Resultado: o Ibovespa caiu 0,19%, a 114.428 pontos, e o dólar subiu mais de 1%. Os juros futuros também avançaram.

Ajuda, Nova York

Durante a tarde, investidores até tentaram colocar o Ibovespa no positivo, à medida que Wall Street virara o sinal. Por lá, investidores também começaram o dia pessimistas com a China, mas encontraram na temporada de balanços do país uma fagulha de otimismo para subir – os balanços brasileiros começam a chegar no final desta semana.

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A Apple também deu sua parcela de contribuição. As ações da maçã subiram 1,18% após o anúncio da nova linha de chips proprietários, M1 max e pro, que serão embarcados na geração de Macbooks Pro. A companhia anunciou também um upgrade nos AirPods.

O lance é que o Brasil, dependente que é da China e com suas dores internas, ficou para trás na recuperação do dia.

Nem tudo é tragédia

A Getnet, a empresa de maquininhas de cartão do Santander, foi separada do bancão e suas units começaram a ser negociadas hoje na B3. E foi com o pé direito, uma valorização estrondosa de mais de 60%.

Isso é o que o mercado chama de destravar valor: quando uma unidade operacional é separada da empresa como um todo, investidores têm mais condições de avaliar o potencial do negócio em separado. O fenômeno já havia ocorrido no começo do ano, quando o Pão de Açúcar e o Assaí se separaram. 

Outra disparada da bolsa hoje também tem relação com uma reorganização societária. A Lojas Americanas (LAME4) subiu 21% após a companhia anunciar um plano de unificar a empresa com a Americanas s.a. (antiga B2W,+4,81%). No final de abril, as empresas anunciaram troca de ativos que deixaria a LAME4 quase como uma holding, que depois listaria as suas ações em Nova York. O lance é que isso se trata de um mesmo negócio com três ações diferentes no mercado: AMER3, LAME4 e LAME3. Todo mundo ficou confuso, especialmente sob o ponto de vista de governança corporativa. 

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Agora, as empresas disseram que vão estudar uma fusão aqui na B3, com a companhia listada no Novo Mercado, o que significa ações apenas do tipo 3 (ordinárias e com direito a voto) listadas. Pela valorização, os investidores curtiram a ideia, ou ao menos ficaram com alguma esperança de entender como será a nova empresa. A ver as cenas dos próximos capítulos.

Maiores altas

Lojas Americanas (LAME4) +21,09%

Locaweb (LWSA3) +5,44%

Americanas S.A. (AMER3) +4,81%

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Eletrobras (ELET3) +3,57%

JHSF (JHSF3) +2,86%


Maiores quedas

Pão de Açúcar (PCAR3) -6,36%

Banco Inter – preferenciais (BIDI4) -4,51%

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CSN (CSNA3) -3,88%

Banco Inter – ordinárias (BIDI11) -3,80%

Azul (AZUL4) -3,40%


Ibovespa:
queda de 0,19%, a 114.428 pontos


Nova York

Dow Jones: -0,10%, a 35.259 pontos

S&P 500: +0,34%, a 4.486 pontos

Nasdaq: +0,84%, a 15.021 pontos


Dólar:
alta de 1,21%, a R$ 5,5205


Petróleo 

Brent: queda de 0,62%, a US$ 84,33

WTI: queda de 0,05%, a US$ 81,69


Minério de ferro:
queda de 0,72%, a US$ 124,32 por tonelada no porto de Qingdao

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