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Governo Bolsonaro mira Petrobras e acerta Banco do Brasil

Ações do BB caíram 4,10% com ameaças de mudança na lei das estatais. Ibovespa cede 0,17% e perde carona do S&P 500, que subiu 2,45%.

Por Júlia Moura, Tássia Kastner
21 jun 2022, 17h50

A novela Petrobras deixou a bolsa brasileira com o freio de mão puxado, enquanto os mercados no exterior aceleraram em recuperação à sangria da semana passada

Brasília deu mais um passo para colocar a estatal no centro de sua campanha eleitoral, e aí não deu outra: as ações da companhia tiveram uma nova queda nesta terça-feira, arrastando o também estatal Banco do Brasil.

O plano é o seguinte: para ter mais poder sobre a política de preços de combustíveis da Petrobras, o governo pretende mudar, via Medida Provisória, a Lei das Estatais, instaurada no governo de Michel Temer. A ideia é facilitar a troca dos dirigentes da companhia, que hoje segue um processo burocrático e arrastado, e depende da aprovação de acionistas em assembleia. 

A lei das estatais foi criada justamente para evitar ingerência governamental nas companhias. E a MP afetaria não só a petroleira, mas também o BB.

Além disso, aliados do governo de Jair Bolsonaro (PL) colhem assinaturas no Congresso para instalar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a Petrobras e seus dirigentes, como se fosse 2015. O foco, por sinal, é a companhia sob os anos do PT, algo amplamente investigado, e não a estatal e a política de preços agora.

Os flashbacks não param por aí. Lula, candidato à presidência, se opõe à CPI e sugeriu que Bolsonaro poderia reduzir o preço do diesel e da gasolina com “uma canetada”.

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A disputa política em torno da Petrobras ontem parecia conversa passada, e as ações subiram. Só que era feriado nos Estados Unidos, e o jogo era outro. Hoje os investidores de lá e daqui decidiram enfrentar o elefante na sala, também conhecido como risco de mudança na política de preços da Petrobras. O ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, disse que talvez a paridade de preços não esteja funcionando bem e que poderia pedir uma mudança. 

Abandonar a paridade, por si só, não coloca a Petrobras em prejuízo – no máximo, faz ela ganhar potencialmente menos. O que dá prejuízo é ela precisar importar combustível, a preços de mercado, e vender no Brasil a valores mais baixos para garantir o abastecimento. Hoje, quem faz isso são importadores privados, mas sem a política de preços eles não conseguem competir com a estatal e deixam o mercado doméstico desabastecido. Esse é um risco real, é bom lembrar. Essa balbúrdia toda ao redor da Petro existe depois de ela ter segurado os preços dos combustíveis por cerca de 100 dias, e mesmo após o reajuste, eles são vendidos abaixo da paridade internacional.

Segundo o Goldman Sachs, o preço do diesel ainda é 11% mais barato no Brasil que a paridade de importação, quando comparado com o preço do produto importado dos EUA. A gasolina está 27% abaixo desta régua.

Resultado da bagunça: -1,99% para PETR4, -1,06% para PETR3 e -4,10% no Banco do Brasil, que caiu na história de paraquedas.

O Ibovespa sucumbiu a Brasília e caiu 0,17%. Este é o terceiro pregão seguido abaixo dos 100 mil pontos – fechou a 99.684,50 pontos.

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Mas nem só de crise política vive a bolsa. Outro motivo para a queda foi a divulgação da ata do Copom. O Banco Central sugeriu que os juros devem ficar na lua mais tempo que o mercado vinha estimando para conseguir conter a inflação. O J.P. Morgan, por exemplo, aumentou a sua projeção para a Selic ao fim de 2023 para 11%, de 9,75% anteriormente. 

Enquanto isso, as bolsas americanas iniciaram uma recuperação após o tombo da semana passada. O Ibovespa perdeu a carona. Até amanhã.

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Maiores altas

Qualicorp (QUAL3): 6,68%

WEG (WEGE3): 4,98%

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IRB Brasil (IRBR3): 4,04%

Natura (NTCO3): 3,60%

Totvs (TOTS3): 3,58%

Maiores baixas

Cogna (COGN3): -4,76%

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Banco do Brasil (BBAS3): -4,10%

CPFL (CPFE3): -3,69%

Yduqs (YDUQ3): -3,45%

Renner (LREN3): -3,18%

Ibovespa: -0,17%, a 99.685 pontos

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Em NY:

S&P 500: 2,45%, a 3.765 pontos

Nasdaq: 2,51%, a 11.069 pontos

Dow Jones: 2,15%, a 30.532 pontos

Dólar: -0,63%, a R$ 5,1537

Petróleo

Brent: 0,46%, a US$ 114,65

WTI: 1,42%, a US$ 109,52

Minério de ferro: 3,33%, US$ 115,41, no porto de Qingdao (China)

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