Futuros de NY bambeiam após trégua na inflação, e Brasil aguarda PEC
PT segue negociando Bolsa Família fora do teto de gastos por quatro anos. Nos EUA, investidores ignoram os mísseis que atingiram a Polônia acidentalmente e celebram desaceleração dos preços ao produtor, mas balançam à espera de dados do varejo.
As aparências enganam: a volta do feriado parece segunda, mas é quarta. E o presidente é Bolsonaro, mas parece que é Lula. A Faria Lima está ávida por qualquer migalha de informação do ex e futuro dirigente do país, que fala hoje, às 12h15, na COP-27 – a 27º conferência da ONU sobre mudanças climáticas.
O pronunciamento no Egito divide as atenções com o tão aguardado texto da PEC da Transição, que deve ser apresentado hoje.
Lula e sua equipe defendem quatro anos com gastos sociais fora do teto, e um estouro de R$ 175 bilhões em 2023. No outro lado do ringue, a oposição – e o mercado – não querem autorizar de antemão um mandato inteiro de ousadia fiscal. A ideia é liberar o waiver só em 2023.
Na segunda, o Ibovespa havia fechado feliz com a Bloomberg dizendo que o PT estaria considerando um furo orçamentário menor em 2023: “apenas” R$ 130 bi para gastos sociais fora do teto. Na própria segunda à noite, porém, o senador eleito Wellington Dias – responsável pelo orçamento na equipe de transição – foi ao Roda Viva e jogou água no chopp ortodoxo: disse que o PT quer mesmo os R$ 175 bi.
A XP Investimentos calculou que essa injeção de dinheiro na economia aumenta as chances do Banco Central manter a Selic em 13,75% ao longo de todo o ano de 2023, e que a dívida pública subiria de 76% do PIB para 88,3% do PIB até 2030 só com o furo liberado ano que vem. Selic alta, claro, costuma ser sinônimo de bolsa fuén.
Enquanto isso, nos EUA, a tensão em torno dos mísseis que atingiram a Polônia já se dissipa – o mais provável, disse Biden em anúncio preliminar, é que tudo tenha sido um acidente e que as armas fossem ucranianas –, o que reduz as já remotas chances de apocalipse nuclear, terceira guerra mundial e outras coisinhas desagradáveis.
O foco do noticiário americano está em Trump – que acaba de anunciar sua candidatura para a Casa Branca em 2024, contrariando a cúpula dos republicanos. Vale lembrar que Trump foi o único presidente americano a sofrer impeachment duas vezes; uma delas, uma semana antes do final de seu mandato, após a invasão ao Capitólio. Ele não chegou a ser afastado.
Enquanto isso, os futuros de Nova York operam mistos: às 8h30, S&P 500 e Dow estavam um pouquinho no verde, e Nasdaq estava caindo.
Uma notícia boa de ontem, nos EUA, foi o índice de preços ao produtor (o PPI, que considera altas em toda a cadeia de suprimentos, das commodities aos preços pelos quais os varejistas compram mercadoria). Ele veio em 8% ao ano, abaixo da previsão de 8,3% e dos 8,4% do mês anterior. Quando o preço dos insumos começa a desacelerar, a consequência é uma queda nos preços ao consumidor nos meses seguintes. Boa notícia para quem precisa trazer a inflação para a meta de 2% ao ano.
Hoje o foco de Wall Street será a divulgação das vendas do varejo. O lance é que essa inflação assombrosa combinada com a alta de juros pode começar a impactar o comércio. E mostrar algum sinal de esfriamento da economia, necessário para conter a escalada de preços.
No Brasil, o minério de ferro em alta (2,32% na bolsa de Cingapura) tem potencial para gerar um dia bom no setor heavy metal do Ibovespa. A China anunciou interesse em salvar seu mercado imobiliário em colapso, e aliviou as restrições contra a covid. Ou seja: olho em Vale e cia.
Futuros S&P 500: 0,11%
Futuros Nasdaq: – 0,01%
Futuros Dow: 0,12%
*às 8h33
Índice europeu (EuroStoxx 50): -0,32%
Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,05%
Bolsa de Frankfurt (Dax): -0,67%
Bolsa de Paris (CAC): -0,23%
*às 8h14
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,82%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): -0,05%
Hong Kong (Hang Seng): -0,47%
Brent: 0,15%, a US$ 87,05 o barril
Minério de ferro: 2,32%, a US$ 96,85 a tonelada, na bolsa de Cingapura
*às 8h15
Localiza aí, Google
Nos EUA, o Google vai ter que pagar uma multa de US$ 391,5 milhões por violar leis de privacidade do país. É que uma investigação realizada por 40 dos 50 estados americanos descobriu que o aplicativo consegue rastrear a localização do usuário mesmo quando ele está quando essa funcionalidade desabilitada. Por isso, o acordo também impõe que a empresa melhore suas políticas de rastreamento a partir de 2023.
A queda da FTX crypto
Sam Bankman-Fried, fundador e CEO da corretora de criptomoedas FTX crypto, era considerado o prodígio da indústria cripto – o Steve Jobs deles. Formado pelo MIT, ele fundou a FTX aos 27 anos, e ganhou fama porque conseguia manter a companhia estável em meio ao volátil universo dos ativos. “Conseguia”, no passado mesmo. Este mês, a empresa entrou em crise e faliu em menos de duas semanas. Agora, Sam e sua empresa estão sendo investigados pelos reguladores norte-americanos sob suspeita de violação de regras do mercado. O Financial Times conta a história aqui.
O fantástico mundo dos fundos imobiliários gringos
Chamados de REITs, eles valem R$ 7,5 trilhões, contra apenas R$ 150 bilhões dos nossos FIIs. E tem fundo para tudo: infraestrutura digital, centros médicos e até florestas. Nesta reportagem da Você S/A, entenda com eles funcionam.
EUA, 10h30: Vendas do varejo em outubro;
Brasil, 11h: Alckmin anuncia nomes da equipe de transição;
Brasil, 12h15: Pronunciamento de Lula da COP-27.