First Republic derrete com novo pedido de socorro e traz de volta o fantasma da crise bancária

Investidores passam a considerar o adiamento da alta de juros nos EUA, mas nem isso conseguiu levantar as bolsas. Já as big techs respiram. Microsoft sobe 7%. No after-market, Meta salta 9% após 1º tri melhor do que o esperado.

Por Júlia Moura
Atualizado em 26 abr 2023, 17h44 - Publicado em 26 abr 2023, 17h44
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 (Caroline Aranha/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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A crise bancária voltou a aterrorizar os mercados. A sangria começou ontem, após o First Republic Bank divulgar o seu balanço do primeiro trimestre. O banco de São Francisco quase foi de arrasta para cima como seu par SVB, mas acabou sendo salvo pelos bancões, que aportaram US$ 30 bilhões na instituição para estancar o problema. E, pelo andar da carruagem, pode ser que JP Morgan e companhia precisem bancar os heróis mais uma vez.

Os números divulgados ontem mostram o tamanho do buraco que ainda ameaça engolir o First Republic. Com o pânico pós-falência do SVB, ele perdeu US$ 100 bilhões em depósitos em março, levando o lucro do primeiro trimestre a cair 33% na comparação anual, para US$ 269 milhões. 

Agora, o banco tem que rebolar para quitar suas dívidas, e isso inclui vender ativos. O problema é que eles estão valendo menos do que quando o First Republic os comprou, por conta da alta de juros nos EUA. E, vender no preju é especialmente danoso para uma instituição em tamanho problema.

De acordo com a mídia americana, a alternativa em discussão é que os bancões salvadores arquem com esse prejuízo, comprando os ativos do First Bank por valores acima dos praticados pelo mercado e adquirindo novas ações do banco, de modo a capitalizá-lo. Resta saber se eles estão dispostos a pagar esse pato. 

A situação do First Republic pode ficar ainda mais dramática se o Fed decidir parar de ajudar a instituição, impedindo que ela pegue linha de empréstimos com o BC americano. Segundo a Bloomberg, a paciência do governo com o banco estaria chegando ao fim, após semanas sem uma resolução para os problemas financeiros da instituição.

Por ora, as informações deixaram os acionistas ainda mais desacreditados com o banco da Califórnia e, após os papéis desabarem 49% ontem, eles derreteram mais 29,75% nesta quarta, cravando uma nova mínima histórica, aos US$ 5,69 por papel. Desde o pico da ação, em 2021, aos US$ 216, o First Republic perdeu 97,36% do seu valor de mercado.

Com a percepção de que o cenário é mais catastrófico do que se pensava, papéis do setor bancário acompanharam a queda, levando o S&P 500 a recuar 0,39%. O Ibovespa acompanhou e caiu 0,88%.

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O temor é tanto que uma parte dos investidores —24,6%, segundo a CME— começou a considerar um possível adiamento na alta de juros americanos. A previsão é que o Fed suba em 0,25 ponto percentual a taxa dos EUA, para 5,25% ao ano, na semana que vem. Se a autoridade estiver tão preocupada com a saúde dos bancos quanto o mercado, ela poderia adiar o aumento para junho.

Mas nem a possibilidade de um alívio nas altas dos juros conseguiu levantar o mercado nesta quarta.

Já as big techs deram um respiro. A Microsoft (MSFT34) divulgou resultados melhores do que o esperado no primeiro trimestre, levando suas ações a saltarem 7,24%. 

Após o fechamento do mercado, foi a vez da Meta (M1TA34) soltar seus números do início de 2023. E a dona do Facebook não fez feio. O lucro somou US$ 5,71 bilhões, queda de 24% em relação ao primeiro trimestre de 2022, mas melhor do que o esperado pelos investidores. Nas negociações do after-market, os papéis da companhia de Mark Zuckerberg saltam 9%.

Por aqui, o balanço da Gol (GOLL4) teve o efeito contrário. O Ebitda mais que dobrou para R$ 1,2 bilhão, mas o lucro caiu 76% no primeiro trimestre, para R$ 620 milhões, e as ações, que até operaram em alta pela manhã, terminaram o dia em queda livre: 6,40%. 

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Logo mais, nesta quarta à noite, a Vale (VALE3) apresenta seu resultado. E a expectativa não é lá das melhores. O relatório de produção da companhia já sinalizou que a extração e a venda desaceleraram no início de 2023 em relação ao último trimestre de 2022, o que deve ter levado a uma queda no lucro líquido e no Ebitda. Resta saber o tamanho do baque.

Até amanhã!

MAIORES ALTAS

MRV (MRVE3): 6,89%

CSN Mineração (CMIN3): 3,28%

Grupo Soma (SOMA3): 2,38%

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EzTec (EZTC3): 1,78%

Cielo (CIEL3): 1,78%

MAIORES BAIXAS

Gol (GOLL4): -6,40%

CVC (CVCB3): -5,42%

Pão de Açúcar (PCAR3): -5,27%

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Magazine Luiza (MGLU3): -5,18%

B3 (B3SA3): -4,66%

Ibovespa: -0,88%, aos 102.312 pontos

Em Nova York

S&P 500: -0,39%, aos 4.056 pontos

Nasdaq: 0,47%, aos 11.854 pontos

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Dow Jones: -0,68%, aos 33.302 pontos

Dólar: -0,15%, a R$ 5,06

Petróleo

Brent: -3,57%, a US$ 77,72

WTI: -3,59%, a US$ 74,30

Minério de ferro: 2,74%, negociado a US$ 106,32 por tonelada no porto de Qingdao (China)

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