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Braskem (BRKM5) lidera altas do dia após justiça suspender bloqueio de R$ 1,1 bilhão

Petroquímica brilhou (+5%) num dia de baixas no Ibovespa (-0,7%). Nos EUA, ações do First Republic desabaram 49% após balanço mostrar tamanho do estrago da crise bancária.

Por Bruno Carbinatto
25 abr 2023, 17h57

As ações da Braskem (BRKM5) protagonizaram o lado positivo do pregão desta terça-feira: alta de 4,97%. Isso num dia negativo para o Ibovespa, que recuou 0,70%, com perdas espalhadas em todos setores. Quem garantiu a festa da petroquímica foi o noticiário do dia: a empresa anunciou que a justiça suspendeu uma decisão anterior que bloqueava R$ 1,1 bilhão do caixa da Braskem.

Na semana passada, a Justiça alagoana havia bloqueado o montante nas contas da empresa para garantir que a empresa pague a indenização devida no caso sobre o afundamento do solo em Maceió. Estudos feitos pelo Serviço Geológico do Brasil apontaram que as atividades de mineração da Braskem em área de falha geológica causaram o afundamento de pelo cinco bairros da capital desde 2018. Ao todo, 14 mil casas, apartamentos e estabelecimentos comerciais foram esvaziados após o desastre ambiental. 

O estado de Alagoas entrou na Justiça em busca de indenizações. Daí veio o bloqueio nas contas da empresa. As ações reagiram, naturalmente, em queda à notícia – ontem mesmo o papel figurou entre as maiores perdas, caindo mais de 4%.

Hoje, porém, a empresa anunciou que o bloqueio foi anulado após a companhia apresentar uma garantia de execução à Justiça. As ações comemoraram e fecharam o dia na liderança das maiores altas.

Ibovespa e commodities

A festa da Braskem foi uma das exceções. A outra foi o Santander. Ele foi o primeiro dos bancões a divulgar seus resultados, e o balanço mostrou uma queda forte de 47,7% no lucro na comparação anual. Um dos motivos, como explicamos aqui, é a inadimplência ainda alta. Apesar disso, o mercado não pareceu ler os resultados como negativos e as ações SANB11 subiram 0,7%. Os papéis de outros bancões também fecharam no azul: BBDC4 +1,79%, ITUB4 +0,63%. BBAS3, porém, caiu 0,92%.

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De resto, as perdas foram generalizadas, mas o setor de mineração e siderurgia pesou mais. Hoje, o minério de ferro fechou em queda de 1,86% – isso após desabar 4% ontem.

VALE3, de maior peso no índice, caiu 2,7%. CSNA3 -2,56%, CMIN3 -3,17%, GOAU4 -3,29% e GGBR3 -3,50%.

O petróleo também fechou o dia em queda (-2,35%). A desaceleração das commodities tem a ver com uma visão pessimista da demanda para o restante do ano, com os bancos centrais mundo afora subindo os juros para combater a inflação.

Em Nova York

Por falar em juros, semana que vem é vez do Fomc, dos EUA, se reunir. O mercado está dividido – um quarto das apostas no CME Group acredita que o Banco Central americano vai manter a taxa no patamar atual. A maioria (75%), porém, prevê mais um aumento de 0,25 ponto percentual nos juros.

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Mas nem foi o medo do Fed que mais pesou hoje nas bolsas americanas. A semana por lá é de foco nos balanços: 178 empresas do S&P 500 divulgam seus resultados.

Hoje o destaque – negativo – foi o balanço do First Republic Bank. Talvez você se lembre do nome: ele foi um dos protagonistas do estresse bancário nos EUA (e no mundo) em março. Depois da quebra do SVB, um banco médio da Califórnia, houve bastante temor que o First Republic, também de San Francisco, seria o próximo. 

E quase foi, de fato. Só foi salvo porque bancos americanos – J.P. Morgan, Bank of America e outros 9 – se organizaram num clube da bolinha para injetar US$ 30 bi no First Republic, salvando-o da falência.

Mas o balanço de hoje mostrou o tamanho do estrago que a crise bancária teve na empresa. Com o pânico dos clientes, o First Republic perdeu US$ 100 bi em depósitos. No total, os depósitos fecharam o trimestre em US$ 104,5 bilhões, queda de 40% em relação ao trimestre passado – e já entrando ai na conta os US$ 30 bi de resgate dos outros bancos. O lucro do First Republic, por sua vez, caiu 33%.

As ações responderam em desabamento de 49% só hoje. No ano, os papéis tombam mais de 90%. O mau humor, é claro, contaminou todo o setor de bancos médios e regionais dos americanos, com investidores prevendo impactos ruins também em seus resultados.

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O medo de uma super crise bancária sistêmica já praticamente se esvaziou, com governos e bancos agindo rapidamente para evitar um novo 2008. Mesmo assim, os resultados do First Republic vieram para lembrar que o estrago foi feio e ainda poderá ser sentido nos próximos meses.

Nisso, o pessimismo tomou conta. O S&P 500 caiu 1,58%; o Nasdaq, 1,98%. O mau humor, naturalmente, respingou aqui, ajudando a afundar o Ibovespa.

Agora o foco dos investidores é no balanço das big techs, que tiveram o pontapé inicial hoje, com a divulgação dos resultados da Alphabet e Amazon. Como saíram só depois do fechamento, a repercussão nas bolsas fica para amanhã. Até lá.

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Maiores altas

Braskem (BRKM5): 4,97%

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São Martinho (SMTO3): 2,69%

Bradesco (BBDC4): 2,24%

Banco Pan (BPAN4): 1,74%

Bradesco ON (BBDC3): 1,57%

Maiores baixas

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MRV (MRVE3): -7,72%

Grupo Soma (SOMA3): -6,44%

CVC Brasil (CVCB3): -4,81%

Méliuz (CASH3): -4,55%

Natura (NTCO3): -4,19%

Ibovespa: -0,70%, a 103.220 pontos

Em Nova York

S&P 500: -1,58%, a 4.071 pontos

Nasdaq: -1,98%, a 11.799 pontos

Dow Jones: -1,01%, a 33.531 pontos

Dólar: 0,47%, a R$ 5,0647

Petróleo

Brent: -2,35%, a US$ 60,60 

WTI: -2,14%, a US$ 77,07

Minério de ferro: -1,86%, cotado a US$ 102,79 por tonelada na bolsa de Dalian (China)

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