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Fed vai de mocinho a vilão em um dia e ações de tecnologia derretem em NY

Mercado havia recebido bem a decisão do BC americano, mas o humor mudou. Ações da Apple despencam 4%. Ibovespa se salva e fecha no azul.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 16 dez 2021, 19h09 - Publicado em 16 dez 2021, 19h07
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 (Caroline Aranha/VOCÊ S/A)
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A lua de mel durou pouco. Depois de receber bem a decisão monetária do Fed ontem, investidores reconsideraram os impactos dos aumentos dos juros previstos para 2022, e os três principais índices americanos fecharam no vermelho hoje com a mudança de humor. Mas a sangria mesmo foi maior no Nasdaq 100, que reúne as ações de tecnologia dos EUA: queda de 2,47%.

Acontece que o Fed, o banco central americano, decidiu acelerar o processo de retirada dos estímulos na economia para combater a inflação. A ideia é que a torneira de dólares, aberta desde o começo da pandemia, feche de vez em março de 2022. Mais: os juros, que por lá permanecem entre 0% e 0,25% ao ano, devem sofrer três leves aumentos ao longo de 2022, fechando entre 0,75% e 1,00%.

Em geral, a retirada dos estímulos desagrada investidores. Mas, ontem, a notícia foi bem recebida pelo mercado, porque não trouxe grandes surpresas – o fim dos estímulos teria que vir em algum momento, e o ritmo do aumento de juros foi considerado leve. Por isso, as bolsas fecharam em alta por lá, e amanheceram também no azul.

Mas, ao longo do dia, o humor do mercado foi mudando significativamente. Afinal, esperado ou não, o fim dos estímulos ainda machuca a bolsa. E isso é especialmente verdade para as ações de tecnologia, que são bem mais sensíveis ao aumento de juros. Nisso, o Nasdaq fechou em forte baixa de 2,47%. A Apple – maior empresa em valor de mercado do mundo – fechou em queda de quase 4%, o pior dia para os papéis da produtora de iPhones desde março deste ano. A Tesla tombou 5%; Microsoft caiu quase 3%, e a Adobe derreteu 10% – a tendência de queda foi geral para o setor.

O tombo de hoje não é o fim do mundo para as techs, é claro. Acontece que essas ações se beneficiaram dos estímulos como ninguém e se destacaram na pandemia. Em 2020, por exemplo, o índice Nasdaq acumulou alta de 40%; em 2021, seguiu o seu rali e fechou com alta de 28% até ontem. A queda de hoje é uma correção considerando o aumento dos juros no longo prazo, mas analistas continuam apostando que as techs permanecem com alto potencial de ganhos.

De qualquer forma, os papéis de tecnologia também colocaram o S&P 500 no vermelho hoje (-0,88%), já que as principais ações do índice são justamente gigantes como Apple e Microsoft. Já o índice Dow Jones, que reúne só 30 papéis (sendo apenas cinco techs), também fechou no vermelho, mas próximo da estabilidade (-0,09%).

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Ibovespa e dólar

Por aqui, o pessimismo tech não pegou com tanta força. O Ibovespa seguiu a onda de otimismo ontem e fechou em alta de 0,83%, aos 108.326 pontos. Seguindo a tendência dos EUA, nossas poucas ações de tencologia também figuraram entre as maiores perdas do dia: Méliuz -8,16%, Banco Inter (Units) -7,72%, Totvs -4,59% e Locaweb -2,10%.

Como nenhuma delas tem o peso de uma Apple, não foi o suficiente para colocar o índice no vermelho. Nosso negócio mesmo são as commodities, que tiveram um dia de alta nos preços: o minério de ferro ganhou 4,56%, enquanto o petróleo tipo Brent subiu 1,54%. Nisso, as nossas pesos-pesados também tiveram ganhos sólidos: Vale 3,91% e Petrobras 2,07%.

O dólar, por sua vez, caiu 0,50%, fechando a R$ 5,679, graças à intervenção direta do Banco Central, que vendeu US$ 830 milhões em leilão – um movimento para atender à maior demanda pela moeda no fim do ano.

O conto de dois bancos

Hoje também foi dia de anúncio da decisão de outros dois importantes bancos centrais da economia mundial: o Banco da Inglaterra e o Banco Central da União Europeia. E eles tomaram rumos bem distintos.

O órgão inglês decidiu aumentar o juros do país de 0,1% para 0,25%, citando preocupações com inflação e dados fortes sobre o mercado de trabalho. A decisão surpreendeu o mercado, que esperava um aumento do tipo só em 2022. Com isso, o Bank of England se tornou o primeiro banco central do mundo desenvolvido a subir os juros para combater a inflação, um dia depois do Fed anunciar que só deverá fazer o mesmo depois de março do ano que vem.

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Já o vizinho Banco Central da União Europeia foi bem menos agressivo. Assim como o Fed, anunciou que vai começar a fechar a torneira de euros, mas bem lentamente, de modo que o desmame será gradual. E manteve os juros em níveis baixíssimos, sem indicação de quando deverão subir – isso apesar da inflação, que também ameaça o bloco europeu. A presidente do órgão, Christine Lagarde, justificou dizendo que os EUA, o Reino Unido e a União Europeia estão em fases de recuperação diferente, e que a economia do velho continente ainda precisa de um empurrãozinho.

Até amanhã.

Maiores altas

Americanas (AMER3): 8,93%

Lojas Americanas (LAME4): 8,58%

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CSN (CSNA3): 6,04%

Qualicorp (QUAL3): 5,54%

Vale (VALE3): 3,91%

Maiores baixas

Méliuz (CASH3): -8,16%

Banco Inter – Units (BIDI11): -7,72%

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Via (VIIA3): -5,58%

Banco Inter – PN (BIDI4): -5,21%

Getnet (GETT11): -4,74%

Ibovespa: 0,83%, aos 108.326 pontos

Em Nova York

Dow Jones: -0,09%, aos 35.896 pontos)

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S&P 500: -0,88%, aos 4.668 pontos

Nasdaq: -2,47%, aos 15.180 pontos

Dólar: -0,50%, a R$ 5,6792

Petróleo

Brent: 1,54%, a US$ 75,02

WTI: 2,13%, a US$ 72,38

Minério de ferro: 4,56%, negociado a US$ 116,06 por tonelada no porto de Qingdao (China)

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