Fed e balanços das big techs ditam o humor dos mercados nesta semana
Com recessão batendo à porta dos EUA, o banco central americano está entre a cruz e a espada na luta contra a inflação.
Bom dia!
Os índices futuros americanos apontam para cima nesta segunda-feira, indicando um início tranquilo para uma semana que promete grandes emoções.
O maior episódio dessa saga vem na quarta-feira, quando o Fed, banco central americano, divulga nova decisão monetária. Por um tempo, foi majoritária a aposta de que o órgão optaria por um salto de 1 ponto percentual inteiro na taxa americana, já que a inflação se mostra persistente e permanece nas alturas (9,1%, maior nível em 40 anos).
No entanto, o temor de que uma recessão na economia dos EUA é inevitável caso o Fed aperte muito a mão fez essa aposta perder força; agora, o mercado prevê um aumento menos radical, mas ainda significativo, de 0,75 p.p. Mas nada impede que um plot twist ocorra no meio do caminho, é claro.
Investidores também estarão de olho nas pistas que o Fed deixará para os próximos passos; espera-se que o ritmo dos aumentos nos juros desacelere, exatamente porque a economia americana anda devagar. Na quinta, um dia depois da decisão, sai também o PIB americano, que completa essa conta.
A semana também é recheada de balanços corporativos de grandes empresas, com destaque para as big techs. Alphabet (do Google), Apple, Amazon, Microsoft e Meta (do Facebook) divulgam seus resultados trimestrais nos próximos dias, isso após o Snap (do Snapchat) injetar uma dose de pessimismo no mercado com seu balanço decepcionante na sexta-feira.
A rede social do fantasminha pode até não ser big como as outras, mas já indicou um mau tempo para as techs, em especial com o avanço do TikTok, o app do momento, que cria um ambiente de difícil competição.
No ano, o índice Nasdaq, que reúne as ações de tecnologia americanas, cai 24%, com todo o combo inflação + juros em alta afetando principalmente os papéis com alto potencial de crescimento. Mas, em julho, ele ensaia uma recuperação: alta de 7,3% até agora. Os balanços das big techs podem alterar ou reforçar essa rota.
Por aqui, o destaque fica para o IPCA-15 de julho, que sai amanhã. O índice é considerado uma prévia da inflação oficial e deve mostrar uma desaceleração no aumento dos preços, graças a fatores como redução do ICMS e queda no preço da gasolina. Se for confirmado, o alívio pode ajudar a popularidade do governo Bolsonaro, justamente nas vésperas do início da campanha eleitoral. No longo prazo, porém, economistas alertam que a inflação deve voltar a subir. A ver.
Bons negócios.
Futuros S&P 500: 0,53%
Futuros Nasdaq: 0,52%
Futuros Dow: 0,54%
*às 8h09
Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,50%
Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,09%
Bolsa de Frankfurt (Dax): 0,44%
Bolsa de Paris (CAC): 0,55%
*às 8h10
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,60%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): -0,77%
Hong Kong (Hang Seng): -0,22%
Brent: 1,20%, a US$ 104,44*
Minério de ferro: 1,59%, cotado a US$ 105,50 por tonelada em Cingapura
*às 7h57
Após o fechamento do mercado: balanço da Whirlpool, nos EUA
Maré de azar das fintechs
As fintechs brasileiras perderam R$ 452 bilhões em valor de mercado nos últimos 12 meses, segundo um levantamento feito pelo Valor Econômico. Culpa da alta de juros, que deixou o mercado avesso aos ativos mais arriscados. E não só isso: com o crédito mais caro, ficou mais difícil oferecer empréstimos aos clientes – parte do modelo de negócios de boa parte das fintechs. Desde 22 de julho do ano passado, a XP caiu cerca de 54%, PagSeguro perdeu 79% e Stone 84%. O Nubank, que abriu capital em dezembro de 2021, caiu 59% desde então.
A diluição do Vale do Silício
Cada vez mais cidades norte-americanas estão (literalmente) pagando para as pessoas não se mudarem para o Vale do Silício. A medida oferece dinheiro e outros benefícios – como passe de academia e babá gratuita – para que os funcionários morem na cidade enquanto trabalham remotamente. Funciona como um programa de estímulo para os lugares que ficaram de fora do boom tecnológico e perderam boa parte de sua mão de obra qualificada para as big techs. E está dando certo. O Wall Street Journal conta aqui.
Papel-moeda não morreu
No Brasil, as classes mais baixas contam mais com o dinheiro vivo do que com métodos de pagamento digitais. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Locomotiva, 72% dos integrantes das classes D e E ainda preferem usar papel-moeda para pagar as contas. Por isso, a digitalização do dinheiro pode ser um complicador na vida da população mais pobre. Aqui, o Valor Econômico discute como promover inclusão financeira em época de Pix.