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Copom avisa: nada de cortes na Selic tão cedo

Apesar da pressão do governo, comunicado do Banco Central foi duro e voltou a citar a possibilidade de subir novamente os juros. Entenda os impactos da decisão.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 23 mar 2023, 10h01 - Publicado em 23 mar 2023, 08h25
Sede do Banco Central, em Brasília
 (Tiago Araújo/Você S/A)
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Apesar da guerra iniciada pelo governo Lula contra os juros altos, ninguém realmente esperava um corte na decisão do Copom de ontem. Por isso, quando a manutenção dos atuais 13,75% veio, não surpreendeu. O que rolou de novidade mesmo foi o tom do Banco Central, considerado extremamente hawkish pelo mercado.

O comunicado descartou qualquer possibilidade de cortes nos juros no horizonte mais próximo. Pelo contrário: voltou a citar a possibilidade de subir os juros novamente, caso a inflação continue persistente, uma opção que já nem estava mais no radar de muita gente.

O Copom até reconheceu que a economia global anda cambaleante, principalmente com a recente crise no sistema financeiro após a quebra do SVB e a derrocada do Credit Suisse. Também disse que a reoneração dos combustíveis feita pelo governo federal ajudou a reduzir a “incerteza dos resultados fiscais no curto prazo”. Mas, no fim das contas, a postura cautelosa predominou.

O arcabouço fiscal, que Haddad já queria ter divulgado, foi um dos protagonistas da decisão. Lula adiou a nova regra para depois de sua volta da China, ou seja, em abril. Até lá, as incertezas do Copom sobre as contas públicas giram em torno dele. O BC teme que o arcabouço seja flexível demais e acabe dando espaço para a gastança promovida pela ala política do governo.

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Com o novo comunicado, então, ninguém espera corte nos juros tão cedo. Tanto o Citi quanto o Itaú, por exemplo, preveem que os cortes só virão no último trimestre do ano, com a taxa fechando 2023 em 12,25% e 12,5%, respectivamente. O Bank of America é mais otimista e vê a Selic terminando o ano em 11%, com o primeiro corte ainda em maio – mas reconhece a possibilidade de adiamento do começo dos cortes, dado o tom do comunicado.

E o governo? Reagiu como o esperado: com críticas ao BC. Enquanto Gleisi Hoffmann, presidente do PT, foi ao Twitter criticar a decisão (como de costume), Haddad classificou o comunicado do Copom como “preocupante”, mas manteve um tom mais cordial e sinalizou por diálogo, não ataques.

De qualquer forma, o recado duro do Copom deve pesar  no mercado. O Ibovespa vem se segurando por um fio nos 100 mil pontos e a Selic alta por mais tempo pode ser a gota da água que levará o índice para os dois dígitos, a depender de como investidores vão digerir a postura do Banco Central a partir de agora.

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