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Commodities levam Ibovespa para o azul, mas AMER3 e varejo desabam

Em Nova York, medo do Fed faz bolsas caírem e rendimentos dos Treasuries dispararem para o maior patamar desde 2007.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 20 out 2022, 18h32 - Publicado em 20 out 2022, 18h16
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 (Caroline Aranha/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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Nem fez cócegas: a queda de 3% no preço do minério de ferro negociado no porto chinês de Qingdao não causou grandes problemas para a bolsa brasileira nesta quinta-feira (20). Pelo contrário: foram as ações ligadas à commodity que se destacaram entre as maiores altas, colocando a bolsa brasileira no azul mesmo com um pregão de baixas em Nova York.

A toda poderosa Vale (VALE3) – que sozinha equivale a quase 15% do Ibov – subiu 1,28%, enquanto a segunda maior alta do dia ficou para a CSN (CSN3): 3,96%. Usiminas (3%), Gerdau (2,5%), Gerdau Metalúrgica (2,85%) e CSN Mineração (2,13%) também não fizeram feio.

Outra gigante da bolsa, a Petrobras (com peso de 12% no Ibovespa) também ajudou a puxar o índice para cima: PETR4 2,96%, PETR3 2,68%. Isso a despeito do preço do petróleo, que fechou estável (-0,03%, a US$ 92,38) após reduzir ganhos ao longo do dia.

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Na China, consumidora voraz de commodities, o governo estuda aliviar algumas medidas de restrição impostas pela pandemia de Covid-19, noticiou ontem a Bloomberg. Uma delas é a redução do tempo obrigatório de quarentena para quem entra no país – de dez dias (sete em um hotel, e mais três em casa) para sete dias (sendo apenas dois no hotel e cinco em casa). Parece detalhe, mas é um passo relevante considerando a política de Covid zero que o Partido Comunista Chinês ainda mantém – a China é a única economia relevante a manter essa posição. E qualquer sinal de flexibilização por lá é boa notícia para os papéis de siderurgia e metalurgia, claro.

Do outro lado da balança, foram os papéis ligados ao varejo que acumularam as maiores perdas do dia. O destaque negativo fica para a Americanas (AMER3), com tombo de 13,77%. A empresa divulga seu balanço no dia 10 de novembro, mas o pessimismo com os números já domina o mercado. 

Os boatos de que os resultados vão decepcionar foram reforçados em novo relatório da XP, com os analistas afirmando que não esperam por recuperações significativas nas margens.

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O mau humor também se estendeu as outras varejistas da bolsa: Via (VIIA3) desabou 7,06%, enquanto Magazine Luiza (MGLU3) caiu 2,39%.

Todas elas enfrentam um cenário desafiador, com um patamar de juros altos, perda de renda da população e competição intensa com e-commerces asiáticos, como Shopee e Shein. No caso da AMER3, o desafio é dobrado, já que ela vem apresentando um resultado pior no online do que suas pares nos últimos anos. No ano, o papel já acumula queda de 53,66%. Contamos essa história completa na nossa edição de outubro – você pode ler a reportagem aqui.

Das 92 ações do Ibovespa, 46 subiram. Como o peso das commodities é bem maior do que do varejo, o índice fechou em alta de 0,77%, aos 117.171 pontos. Isso num dia em que Wall Street não ajudou, diga-se.

Em Nova York

Os índices americanos até abriram no azul nesta quinta, mas logo o velho fantasma do Fed voltou a assombrar os investidores e o humor amargou.

Desta vez, o responsável por lembrar Wall Street do aumento de juros foi Patrick Harker do Fed da Filadélfia. Ele disse “bem acima de 4% neste ano” e que a inflação não deve voltar à meta de 2% em 2024.

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Não é nada de muito novo para quem já sofre com o aumento da taxa há meses, é verdade. Mas bastou uma autoridade do banco central voltar a pautar o debate para mudar o humor em NY e transformar os ganhos em perdas.

Nisso, os rendimentos dos Treasuries, os títulos públicos dos EUA, dispararam. Os com vencimento em 10 anos, por exemplo, passaram de 4,136% ontem para 4,228% hoje – maior patamar desde 2007. 

O S&P 500 terminou o dia em queda de 0,8%, enquanto o Nasdaq, que concentra ações de tecnologia, fechou em baixa de 0,6%.

Já no Reino Unido, que dominou o noticiário político, o pregão foi tranquilo, apesar da instabilidade política. O FTSE subiu 0,3% no mesmo dia da renúncia da primeira-ministra Liz Truss. 

Até amanhã.

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Maiores altas

Banco do Brasil (BBAS3): 4,68%

CSN (CSNA3): 3,96%

Natura (NTCO3): 3,54%

Usiminas (USIM5): 2,99%

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MRV (MRVE3): 2,98%

Maiores baixas

Americanas (AMER3): -13,77%

Via (VIIA3): -7,06%

Cyrela (CYRE3): -3,48%

Yduqs (YDUQ3): -3,17%

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CVC Brasil (CVCB3): -3,16%

Ibovespa: 0,77%, aos 117.171 pontos

Em Nova York

S&P 500: -0,80%, aos 3.665 pontos

Nasdaq: -0,61%, aos 10.614 pontos

Dow Jones: -0,30%, aos 30.332 pontos

Dólar: -1,08%, a R$ 5,2175

Petróleo

Brent: -0,03%, a US$ 92,38 

WTI: -0,01%, a US$ 84,51 

Minério de ferro: -3,02%, a US$ 90,21 no porto de Qingdao (China)

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