Com queda do minério de ferro, Ibovespa vai na contramão de Wall Street e cede 0,46%
Num dia em que bolas de feno rolaram pela agenda econômica, quedas em VALE3 (-1,5%) e PETR4 (-0,92%) puxam índice de volta aos 130k pontos. Em Wall Street, otimismo com o cenário da inflação fez o S&P 500 fechar em alta de 0,57%.
Aqui e lá fora, o dia foi de espera. Espera por dados que saem amanhã: a inflação nos EUA (CPI de dezembro) e o IPCA do último mês do ano passado – que dirá se a inflação fechou ou não dentro do teto da meta para 2023 (4,75%).
Mas isso não significa que o dia não foi agitado. Tanto que NY e SP fecharam em pólos opostos. Alta de 0,57% por lá (mais sobre isso adiante). Queda de 0,46% por aqui. Vejamos o que se passou.
VALE3: -1,50%
O minério de ferro fechou em queda de 3,02%, a US$ 134,11 a tonelada na Bolsa de Dalian. Além do que já está rolando essa semana — queda na produção de aço na China — a inflação do país, que também sai amanhã, também assombra.
Ops. Inflação não. Deflação. Vale lembrar que o ideal para qualquer economia é uma inflação baixa, ali nos 2%. Mas se ela cai demais, acende-se a luz vermelha: é sinal de queda na demanda, e desaceleração na economia.
Se cai abaixo de 0%, então, é um problema – especialmente se for por meses seguidos (a Grande Depressão dos anos 1930, por exemplo, foi uma deflação de anos seguidos).
Na última leitura da inflação chinesa, os preços ao consumidor tiveram sua maior queda em 3 anos. O IPC foi de -0,5% em novembro na comparação mensal e anual, bem acima do esperado pelo mercado (-0,1% em ambos).
Amanhã, saem os dados de dezembro, e o receio é que o índice mostre de novo uma deflação. O sentimento pessimista levou as principais bolsas da China — Xangai (-0,54%) e Shenzhen (-0,76%) — a fecharam em queda, e o minério foi junto.
Claro, as mineradoras da B3 também sentiram o baque. Os papéis da Vale (-1,5%), CSN Mineração (–2,61%), Usiminas (-2,67%), Gerdau (-2,98%)e MRV (-4,71%) terminaram o dia em queda.
PETR4: -0,92%
Outra peso-pesado do Ibov, as ações da Petrobras também fecharam o dia no vermelho.
Culpa dos EUA. Hoje, o Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) divulgou dados sobre o estoque de óleo petróleo e gasolina no país. Houve um aumento inesperado no volume: no petróleo, enquanto especialistas previam queda de 600 mil barris, rolou um aumento de 1,34 milhões.
Já os estoques de gasolina subiram a 8,03 milhões de barris – contra 2,1 milhões das previsões. Tudo isso indica uma queda na demanda por petróleo e derivados.
O petróleo tem vivido momentos turbulentos. Desde novembro do ano passado, a Opep+ vem realizando uma série de cortes voluntários para tentar controlar a oferta da commodity (e seu preço).
A tensão no Oriente Médio até deu um empurrão no preço para cima. Inclusive, até a divulgação dos dados, novos ataques ao Mar Vermelho por parte do Houthis (que você pode entender melhor aqui) fizeram com que a commodity começasse o dia em alta.
Mas as informações dos EUA jogaram contra o preço do barril. O Brent cedeu 1,01%, a US$ 76,80. E PETR4 (-0,92%) foi junto, ajudando a puxar o Ibov para baixo.
EUA
Tem horas que a grama do vizinho é, de fato, mais verde. Foi um bom dia para o mercado americano. Além dos 0,57% para o S&P, a Nasdaq fechou ainda melhor: 0,75%.
Isso mostra um certo otimismo: investidores indo às compras na expectativa de que o CPI venha manso amanhã, “encorajando” o Fed a iniciar os cortes dos juros por lá ainda em março.
Além disso, o mercado também acompanhou de ouvido grudado no radinho de pilha as falas de John Williams, dirigente do Fed de Nova York.
A opinião de Williams é que o Fed terá de manter sua política monetária num patamar restritivo “durante algum tempo”, para que o equilíbrio da economia do país seja restabelecido e que a inflação do país volte à meta de 2%.
O tom do dirigente foi cauteloso (como de praxe). Para ele, o cenário permanece incerto, e só será apropriado cortar os juros quando o Fed confiar que os preços estão caminhando em direção à meta de maneira sustentável.
Fora o mais do mesmo, houve trechos claramente otimistas na fala. Williams acredita que a inflação americana caia a 2,25% neste ano – um pouco abaixo da média dos dirigentes do BC americano (dot plot), que aponta para 2,40%. E, claro, mais próximo da meta do Fed, de 2% – que, para ele, será conquistada em 2025 (já a média só espera isso para 2026).
Por hoje, é isso. Até amanhã, com dia de agenda cheia 😉
MAIORES ALTAS
Embraer (EMBR3): 3,66%
Eletrobras (ELET6): 3,03%
Eletrobras (ELET3): 2,59%
Natura (NTCO3): 2,32%
Magazine Luiza (MGLU3): 2,11%
MAIORES BAIXAS
MRV (MRVE3):-4,71%
CVC (CVCB3): -4,41%
Prio (PRIO3): -4,17%
Braskem (BRKM5): -4,09%
Pão de Açúcar (PCAR3): -3,83%
Ibovespa: -0,46%, a 130.841,09 pontos
Em Nova York
S&P 500: 0,57%, aos 4.783 pontos
Nasdaq: 0,75%, aos 14.969 pontos
Dow Jones:0,45%, aos 37.695 pontos
Dólar: -0,3%, a R$ 4,8916
Petróleo
Brent: -1,01%, a US$ 76,80
WTI: -1,20%, a US$ 71,37
Minério de ferro: -3,02%, cotado a US$ 134,11 por tonelada na bolsa de Dalian (China)