Com China fraca, VALE3 e metálicas derrubam o Ibovespa: -0,80%
Desaceleração do gigante asiático faz preço do minério de ferro tombar e Itaú BBA rebaixar ações do setor.
A semana na bolsa começou com um forte tombo do minério de ferro negociado lá na China: -3,46%, cotado a US$ 109,96 na bolsa de Dalian. Foi um duro golpe nas ações de mineração e siderurgia – e que também derrubou o Ibovespa como um todo: -0,80%, aos 117.942 pontos.
Parte do pessimismo surge justamente no país asiático. O dado de inflação ao consumidor chinês veio abaixo do esperado, realimentando os temores de que a atividade na segunda maior economia do mundo esteja caminhando muito lentamente. Agora, parte dos analistas já começa a prever que a meta de crescimento da China para este ano, de 5%, pode não ser alcançada.
“Mas 5% não é pouco!”. Verdade – está longe de ser algo que dê pra chamar de “crise”. O problema da China não é exatamente os números em si, mas as expectativas. Quando o país abandonou de vez a draconiana política de Covid-zero, no final do ano passado, muita gente começou a prever um grande boom na economia, que até então estava fragilizada por conta dos sucessivos lockdowns. Acontece que a recuperação está acontecendo, mas não é uma explosão como parte do mercado desejava,
O Partido Comunista Chinês até vem tentando dar algum gás à atividade econômica local através de estímulos – cortes nos juros, por exemplo –, mas o mercado considera que, por enquanto, são insuficientes para bombar o PIB do jeito que se esperava.
Uma China mais fraca significa menos demanda na economia global como um todo, e machuca especialmente o Brasil, que exporta commodities aos montes para seu parceiro asiático. O minério de ferro, especificamente, é ainda mais afetado porque o setor mais problemático da China é justamente o imobiliário, que se recupera a passos de tartaruga da crise mais recente – que atingiu o ápice no final de 2021, quando a incorporadora Evergrande quase quebrou (lembra dela?)
Com menos prédios levantando, então, a demanda por aço cai, e a cotação do minério fica com o freio de mão puxado.
O resultado é sentido aqui. No pregão de hoje, inclusive: a Vale, ação com maior peso individual no Ibovespa, fechou em queda de 1,53%. Suas primas metálicas também: CSN -3,30%, CSN Mineração -2,14%, Usiminas -2,12%…
As notícias da China não foram o único golpe no grupo de mineradoras e siderurgia. Também hoje o Itaú BBA revisitou o segmento em um novo relatório, incorporando visões mais pessimistas para os papéis do setor.
Os analistas do banco diminuíram suas projeções para o preço do minério em 2023 – de US$ 115 por tonelada para US$ 110, justamente o fechamento desta segunda-feira –, reiterando que “o mercado imobiliário na China […] não está respondendo às medidas de estímulo anunciadas desde final de 2022”. Com isso, o pessimismo com as ações do setor cresce.
Para o banco, a principal escolha do setor é a Gerdau, que continuou com a recomendação de outperform (equivalente a compra). Por isso mesmo as ações foram na contramão dos pares e subiram 0,57%.
A Vale também foi poupada com o selinho de “compra”. Mas o Itaú passou a faca na Usiminas e CSN, atualizando a recomendação para “underperform” (venda), o que ajuda a explicar as fortes quedas nesses papéis.
Modo espera
O setor metálico não foi o único a cair nesta segunda-feira. Varejo também protagonizou as maiores perdas do dia (veja abaixo). Em geral, o pregão como um todo foi menos bem humorado, num tom de correção. Após um junho regado de otimismo e bom humor, julho, até agora, está morno, com queda de 0,12% acumulado no mês.
O dólar à vista, por sua vez, fechou a R$ 4,8825, alta de 0,34%.
Agora, investidores estão no modo espera, principalmente para os dados de inflação desta semana – aqui e nos EUA. Amanhã sai o IPCA de junho por aqui; na quarta, o CPI americano.
Ambos os dados são importantes para tentar adivinhar os próximos passos dos BCs de cada país. No Brasil, é quase consenso que os juros devem começar a cair em agosto. Na terra de Biden, com a inflação ainda resiliente, as previsões são menos certeiras – espera-se mais altas na “Selic” americana. Quantas? Ninguém sabe, exatamente. A ver.
Até amanhã.
MAIORES ALTAS
Azul (AZUL4): 3,11%
Ambev (ABEV3): 1,08%
Raízen (RAIZ4): 0,95%
Pão de Açúcar (PCAR3): 0,90%
Gerdau (GGBR4): 0,57%
MAIORES BAIXAS
Lojas Renner (LREN3): -6,46%
Magazine Luiza (MGLU3): -4,09%
Via (VIIA3): -3,77%
CSN (CSNA3): -3,30%
Minerva (BEEF3): -3,23%
Ibovespa: -0,80%, aos 117.942 pontos.
Em Nova York:
S&P 500: 0,24%, aos 4.409 pontos
Nasdaq: 0,18%, aos 13.685 pontos
Dow Jones: 0,63%, aos 33.946 pontos
Dólar: 0,34%, a R$ 4,8825
Petróleo
Brent: -0,99%, a US$ 77,69
WTI: -1,18%, a US$ 72,99
Minério de ferro: -3,46% a US$ 109,96 por tonelada na bolsa de Dalian (China)