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Após virada espetacular em junho, Ibovespa sobe 7,6% no semestre

PETR4 despenca 4,83% e segura o índice nesta sexta. Nos EUA, Nasdaq tem o melhor semestre desde 1983, com ganhos de 32%. Apple fica US$ 1 trilhão mais valiosa no período e volta aos US$ 3 tri.

Por Júlia Moura
Atualizado em 30 jun 2023, 17h59 - Publicado em 30 jun 2023, 17h59

O último pregão do semestre foi uma boa amostra do período que se encerrou nesta sexta. Índice de preços mostrando desaceleração, discussão sobre a meta inflacionária, redução nos combustíveis e juros futuros em queda, resultando em uma alta do Ibovespa e dos índices americanos.

Hoje, saiu o PCE (Preços para Despesas com Consumo Pessoal, na sigla em inglês) de maio. O índice preferido do Fed teve a menor alta em dois anos na leitura anual: 3,8%, bem menor que os 4,6% esperados e uma desaceleração significativa em relação aos 4,3% de abril. O núcleo (medida que exclui alimentos e energia, que têm preços mais voláteis) ficou em 4,6%, um pouco menor que o 4,7% de abril.

Enquanto a leitura cheia tranquiliza os mercados em relação ao aperto monetário conduzido pelo Fed, o núcleo, praticamente estável, deixa a autoridade monetária ainda em sinal de alerta. Por enquanto, o mercado aposta em apenas mais uma alta nos juros americanos este ano, que levaria a taxa dos atuais 5,25% para 5,50%.

A expectativa de que o aperto monetário possa estar chegando ao fim nos EUA levou as bolsas americanas a uma sessão de fortes ganhos, com destaque para a alta de 2,31% da Apple. Com ela, a companhia voltou a ter um valor de mercado de US$ 3 trilhões – o que tinha rolado brevemente há 18 meses. Trata-se da única empresa na história a chegar ao terceiro trilhão de dólares. 

Neste semestre, a companhia adicionou US$ 1 trilhão em sua capitalização graças ao rali de tecnologia que dominou Wall Street nos últimos meses. Este foi, inclusive, o melhor semestre da Nasdaq desde 1983. Após subir mais 1,45% nesta sexta, a alta no período fechou em 32%. 

O S&P 500 avançou mais 1,22% hoje. E fecha este janeiro a junho em alta de 16%.

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Muitos já dizem que se trata de uma bolha da IA, em alusão aos ganhos proporcionados pela febre em torno do ChatGTP e afins. Mas é aquilo: só dá para ter certeza de que é bolha mesmo depois que ela estoura.

O Ibovespa teve ganho de 7,61% nos primeiros seis meses de 2023 – graças ao desempenho de junho, no qual o índice subiu 9%, com a elevação da expectativa de que o Brasil retome o grau de investimento. A alta só não foi maior porque a Petrobras segurou o índice nesta sexta.  

PETR4 caiu grossos 4,83% após o anúncio que a estatal irá reduzir os preços da gasolina para as distribuidoras em 5,3%, a partir de amanhã, quando volta a incidência dos impostos PIS e Cofins sobre o combustível. A Petrobras também vai baixar o preço do gás de cozinha nas distribuidoras em 3,9%.

Segundo o Credit Suisse, o preço praticado pela companhia ficará 10% abaixo daquele praticado internacionalmente, e o diesel com uma defasagem de 4%. Mas, para além de lucros menores, a preocupação maior do mercado está com a interferência política na empresa, com o fantasma do governo Dilma pairando sobre a Petro.

Com a forte queda da estatal, o Ibovespa fechou em queda de 0,25%, aos 118.087 pontos, mesmo num dia em que a maior parte das empresas do índice terminou em terreno positivo. 

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Já  o dólar recuou 1,19%, a R$ 4,7896, acumulando uma desvalorização de 9,29% desde janeiro.

Um fator positivo no pregão foi a forte queda dos juros futuros após o CMN fixar uma meta contínua de 3% para a inflação brasileira. O movimento foi considerado adequado pelo mercado – temia-se a definição de uma taxa maior como alvo. 

A curva de juros menos acentuada estimula a renda variável. Mas seu impacto mais imediato se dá nos juros dos títulos prefixados e de inflação do Tesouro. 

No caso do IPCA+ para 2035, o juro caiu de 5,25% para 5,10%. Isso elevou o saldo de quem tem os papéis na carteira em 1,5% nesta sexta – um abuso em se tratando de renda fixa. Nos primeiros seis meses do ano, esse título sobe 18,5%. O 2045, 21%. 

Em suma, o mercado financeiro viveu um primeiro semestre bem melhor do que o esperado – para quem não lembra, o temor ao fim de 2022 era o de uma recessão global que tragaria tudo para as trevas. Agora é ver até onde vai o bom momento. 

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Até o semestre que vem 🙂

MAIORES ALTAS

Hapvida (HAPV3): 4,29%

MRV (MRVE3): 3,58%

Energisa (ENGI11): 3,38%

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BRF (BRFS3): 3,24%

RaiaDrogasil (RADL3): 3,06%

MAIORES BAIXAS

Lojas Renner (LREN3): -6,50%

CSN (CSNA3): -6,19%

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Petrobras (PETR3): -5,13%

Petrobras (PETR4): -4,83%

Raízen (RAIZ4): -4,14%

Ibovespa: -0,25% ,aos 118.087 pontos

Em Nova York: 

S&P 500: 1,22%, aos 4.450 pontos

Nasdaq: 1,45%, aos 13.788 pontos

Dow Jones:  0,83%, aos 34.4056 pontos

Dólar: -1,19%, a R$ 4,7896

Petróleo

Brent: 1,21%, a US$ 75,41

WTI: 1,12%, a US$ 70,64

Minério de ferro:  -0,72%, negociado a US$ 113,22 na bolsa de Dalian (China).

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