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Braskem ganha presente do Senado e se consolida como maior alta de 2021: 139%

A petroquímica perderia uma isenção fiscal de mãe para filho do governo. Senadores impediram. Altas nos tributos para sustentar subsídios ao diesel e ao gás agora ficam nas costas dos bancos.

Por Juliana Américo, Alexandre Versignassi
23 jun 2021, 18h48

Quando o governo federal demonstrou interesse em acabar com o Reiq (Regime Especial da Indústria Química), lá em março, o setor petroquímico ficou preocupado. Afinal, seria o fim de uma generosa isenção de impostos. 

O programa foi criado em 2013 e garante a isenção de 3,65% de PIS/Cofins sobre a compra de matérias-primas básicas petroquímicas. 

Uma das empresas que mais perdeu o sono com isso foi a Braskem, que economiza algo entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões por ano com a benesse.

O plano inicial do governo era que o subsídio terminasse até julho de 2021. Ou seja: daqui a uma semana. Mas o Senado, que aprovou a Medida Provisória 1034 (que determina o futuro do Reiq) ontem depois do pregão, achou melhor tirar a isenção de forma gradual até 2028. 

Uma boa notícia para o setor: é melhor lidar com uma mudança de impostos ao longo dos próximos sete anos do que depois de amanhã, claro. 

Como rolaram alterações na MP, agora a bola volta para a Câmara dos Deputados, que tem até dia 28 de junho para analisar o texto. Mas, por enquanto, a situação é a seguinte: as alíquotas praticadas hoje são de 1% para o PIS e 4,6% para Cofins. Com a retirada gradual, elas passam para 1,08% e 4,98% até o final do ano.

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Ninharia.

Sabe quando você encontra uma nota de R$ 50 no bolso da calça sem esperar por isso? Então. Foi o que aconteceu com a Braskem, que terminou no posto de maior alta do dia: 2,81%. 

Isso também consolida a petroquímica como a maior alta do ano: brutais 139%. Embraer, impulsionada por seus futuros “carros voadores”, e Hering, comprada a preço de ouro pelo Grupo Soma, completam o clube dos 100%+ em 2021, com respectivamente 122% e 101%. 

Na ponta negativa, destaque para a queda da Eztec. A venda de apartamentos tende a cair com as altas no juros (tende não – cai mesmo; é quase uma lei da física). Isso tem pressionado as ações da empresa para baixo. E hoje rolou uma pequena debandada de acionistas: queda de quase 5%.     

Lideranças do Fed batem cabeça

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O Ibovespa foi na onda do mercado internacional: começou o dia no positivo, mas perdeu força. 

O mercado estava confiante após o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, reforçar o discurso do banco central americano de que a inflação nos EUA é temporária. Ele também descartou uma alta surpresa nos juros de lá. O plano continua o mesmo: eles se mantêm próximos de zero até 2023. 

O problema é que esse memorando parece não ter sido entregue para Raphael Botic, dirigente do Fed de Atlanta (o Banco Central dos EUA é dividido em 12 unidades “regionais”, cada uma com o status de uma diretoria). A expectativa de Botic, ele afirmou, é que a primeira alta na taxa de juros seja antecipada para o fim de 2022.

A fala segurou os ânimos do mercado. Lá em Wall Street, o S&P 500 caiu 0,11%, aos 4.241 pontos. 

Aqui foi parecido: o Ibov encerrou com queda de 0,26%, aos 128.427 pontos. 

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Petróleo

A commodity se valorizou após os EUA confirmarem queda nos seus estoques de petróleo. De acordo com os dados do Departamento de Energia americano, estoques caíram 7,6  milhões de barris na semana passada – ante a previsão de uma redução de 4,1 milhões.

Além disso, a expectativa do mercado está lá em cima. Na semana que vem, a Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) vai decidir se aumentará gradualmente a produção de petróleo a partir de agosto. A perspectiva é de que a demanda aumente nos próximos meses conforme a vacinação avança em países como Estados Unidos, China e Reino Unido. 

O tipo Brent, que é referência internacional, subiu 0,51%, a US$ 75,19 o barril. Essa é a primeira vez desde outubro de 2018 que o Brent  fecha o dia acima dos US$ 75 o barril. Já o WTI, referência no mercado americano, subiu 0,32%. 

A Petrobras se beneficiou com a alta, e avançou 0,69%. A PetroRio, 0,83%. 

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Minério de ferro

As empresas de mineração e siderurgia seguiram a alta de 0,79% do minério de ferro no mercado internacional. E isso também ajudou a frear as perdas do Ibovespa. 

O destaque ficou com a Usiminas, que subiu 2,14%, seguida de perto pela CSN (1,55%) e pela Vale (1,50%). 

A CSN aguarda o fim das negociações para a compra da Cimentos Elizabeth, com o fundo Farallon, para depois dar continuidade ao IPO de sua unidade de cimentos. A compra, que está avaliada em R$ 1,1 bilhão, deve ser concluída nos próximos dias.

Imposto extra para os bancos

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Ontem, o Senado aprovou o aumento na tributação sobre o lucro de bancos, o CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. O aumento na tributação vem para financiar um subsídio temporário ao diesel e ao gás de cozinha (o fim da Reiq, agora adiado, tinha o mesmo propósito).

O imposto para os bancos passa de 20% para 25% entre 1º de julho e 31 de dezembro. Já as empresas de seguros privados, capitalização e cooperativas de crédito passam de 15% para 20%. E,  a partir de janeiro do ano que vem, as alíquotas voltam para o patamar anterior. 

Agora, a MP precisa ser aprovada pelos deputados até 28 de junho antes de seguir para o Congresso. Os bancos não gostaram nem um pouco disso: todos ficaram no vermelho. O Santander liderou as perdas do bloco com queda de 0,94%, seguido pelo Itaú (0,64%). O Bradesco caiu 0,37%. 

Ou seja: nenhuma tragédia. Se esse for o preço para baratear o diesel (medida que pode segurar a inflação, já que o custo de transporte encarece tudo) e para deixar mais acessível o gás de cozinha (ítem que muito interessa a quem tem a mania de se alimentar), ficou barato.     

 

 

Maiores altas

 

Braskem: 2,81%
Yduq: 2,40%
Usiminas: 2,14%
Inter: 2,02%
CVC: 1,87%

Maiores baixas

Eztec: -4,93%
Pão de Açúcar: -3,95%
BB Seguridade: -3,29%
Raia Drogasil: -2,50%
Ecorodovias: -2,43%

Ibovespa: queda de 0,26%, aos 128.427 pontos

Em NY:

S&P 500: queda de 0,11%, aos 4.241 pontos
Nasdaq: alta de 0,13%, aos 14.271 pontos
Dow Jones: queda de 0,21%, aos 33.873 pontos 

Dólar: baixa de 0,07%, a R$ 4,9628

Petróleo

Brent: alta de 0,51%, a US$ 75,19
WTI: alta de 0,32%, a US$ 73,08

Minério de ferro: alta de 0,79%, US$ 216,01 no porto de Qingdao (China)

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