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Bolsas sobem com alívio da tensão entre Rússia e Ucrânia

Putin retira parte de suas tropas da fronteira ucraniana e reitera estar aberto a negociações. Mercado aproveita o clima mais pacifico para recuperar as perdas dos últimos pregões.

Por Juliana Américo
Atualizado em 15 fev 2022, 18h39 - Publicado em 15 fev 2022, 18h27

A crise entre Rússia e Ucrânia ainda não está resolvida, mas o mercado (e o resto do mundo) já consegue enxergar dias mais tranquilos pela frente. Hoje, o Ministério da Defesa russa anunciou a retirada de parte das suas tropas militares da fronteira ucraniana. 

Em um pronunciamento junto com o chanceler alemão, Olaf Scholz, Vladimir Putin disse que está pronto para continuar as conversas diplomáticas com a Otan – a organização militar de 30 países ocidentais encabeçada pelos EUA, criada em 1949 para contrapor a União Soviética na Guerra Fria. 

“Queremos [uma guerra], ou não? É claro que não. Por isso, apresentamos nossas propostas para um processo de negociação”, afirmou o presidente russo.

Mas a Otan ainda está cautelosa. O secretário-geral da Organização, Jens Stoltenberg, afirmou que as forças russas de combate dentro e em torno da Ucrânia são as maiores desde a Guerra Fria (mais de 100 mil soldados) e que o país está pronto para um ataque. 

“Há sinais de Moscou de que a diplomacia deve continuar. Isto dá motivos para um otimismo cauteloso. Mas até agora não vimos nenhum sinal de desescalada no terreno do lado russo”, disse.

A negociação não será trivial. Putin pede o fim da política expansionista da Otan (ou seja, não quer a vizinha Ucrânia como membro de jeito nenhum) e também quer que a organização se comprometa a não instalar mísseis perto do seu território. Já a Otan defende a adesão de novos países e diz que essa deveria ser uma decisão da Ucrânia – que por enquanto está tomada: o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, segue dizendo que pretende colocar seu país na Otan e na União Europeia, desatando qualquer laço com os russos.

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O presidente Joe Biden reforçou a orientação de que os americanos saiam da Ucrânia. Ele afirmou que ainda não se sabe, de fato, se as tropas russas estão deixando as fronteiras com o país vizinho. 

Se o clima em Washington segue pesado, em Nova York, sede das bolsas americanas, ele é de alívio. A Nasdaq avançou 2,53%, a 14.139 pontos; e o S&P 500 subiu 1,58%, a 4.471 pontos. 

Por aqui, o Ibovespa vinha passando ao largo do entrevero bélico. Se com tensão ela já subia, imagina sem: foi a sétima alta consecutiva da bolsa brasileira hoje: 0,82%, a 114.828 pontos. 

Wall Street até conseguiu ignorar a alta na inflação ao produtor americano (PPI, na sigla em inglês), que ficou acima das previsões. O indicador subiu 1% em janeiro ante dezembro – esse é o maior avanço desde maio do ano passado e a estimativa era de 0,5%. Nos últimos 12 meses, o índice acumulou alta de 9,7%.

De acordo com o Departamento de Trabalho dos EUA, um dos principais fatores que influenciaram no aumento do índice de demanda final em janeiro foi a disparada de 1,6% nos custos de atendimento ambulatorial hospitalar – efeito dos aumentos de casos da variante Ômicron. 

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Vale lembrar que o PPI foi divulgado às vésperas da ata do Federal Reserve, na qual o mercado espera encontrar novos indícios de alta nos juros já no mês que vem.

Commodities em baixa

Os ganhos do Ibovespa foram limitados pelo desempenho ruim das empresas ligadas às commodities. O minério de ferro levou um tombo de quase 9% lá no porto de Qingdao, na China. Já é a terceira queda consecutiva desde que órgãos reguladores chineses alertaram, na sexta passada, que vão limitar os ganhos especulativos de preços. 

As mineradoras e siderúrgicas seguiram o preço da commodity. A CSN liderou as perdas do setor hoje, com queda de 4,72%. A Vale e Metalúrgica Gerdau caíram 2,98% e 0,87%, respectivamente. Já as demais tiveram perdas mais contidas: Usiminas (-0,70%) e Gerdau (-0,40%); assim como a CSN Mineração, que caiu 0,30%.

O petróleo também passou o dia no negativo – num movimento de correção dos preços depois das altas geradas pela tensão putiniana. 

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O tipo Brent, que é referência no mercado internacional, caiu expressivos 3,32%; já o WTI, que é referência nos EUA, recuou 3,55%. E os papéis das petrolíferas seguiram de perto a queda: PetroRio, -3,13%; a Petrobras, -1,73%. 

Destaques do dia

Entre as altas do dia, destaque para a Locaweb. As ações da companhia dispararam 15,31%, na onda de uma recomendação camarada do Credit Suisse. O banco apontou os papéis da companhia entre seus top picks, ou seja, os que têm potencial para bater a média do mercado nos próximos meses. 

Outro que teve um dia feliz foi o Banco do Brasil. As ações do banco saltaram 4,59%, após a divulgação do seu balanço ontem, depois do pregão. No quarto trimestre, a instituição teve lucro de R$ 5,9 bilhões – alta de 60,5% na comparação anual. O resultado veio 23% do que o mercado projetava (R$ 4,8 bilhões). 

Em 2021, o BB registrou lucro recorde de R$ 21 bilhões, o que representa uma alta de 51,4% sobre 2020. Para este ano, o banco está projetando um lucro entre R$ 23 bilhões e R$ 26 bi. 

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As ações do Banco do Brasil são uma das mais baratas entre as dos bancos. O valor de mercado (preço somado de todos os papéis) do BB dá 5,7 vezes seu lucro anual – contra 9 do Itaú, por exemplo. Com resultados assim, isso não deve durar por muito mais tempo. 

Destaque também para a WEG: alta de 7,72%. Motivo? A história da empresa. Ela apresenta seus resultados do 4T21 amanhã. Como os balanços dela conseguem surpreender o mercado trimestre após trimestre, ano após ano, desde o Paleolítico Superior, sempre há quem queira se antecipar e fazer compras dos papéis na véspera. Mais ainda num dia de respiro internacional. 

Que o alívio seja duradouro. Até amanhã.  

Maiores altas

Locaweb (LWSA3): 15,31%

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Banco Pan (BPAN4): 10,27%

Azul (AZUL4): 8,48%

Gol (GOLL4): 7,74%

Weg (WEGE3): 7,72%

Maiores baixas

3R Petroleum (RRRP3): -5,02%

CSN (CSNA3): -4,72%

Bradespar (BRAP4): -3,86%

PetroRio (PRIO3): -3,13%

Vale (VALE3): -2,98%

Ibovespa: 0,82%, a 114.828 pontos

Em NY:

S&P 500: 1,58%, a 4.471 pontos

Nasdaq: 2,53%, a 14.139 pontos

Dow Jones: 1,22%, a 34.988 pontos

Dólar: -0,72%, a R$ 5,1807

Petróleo

Brent: -3,32%, a US$ 93,28 

WTI: -3,55%, a US$ 92,07

Minério de ferro: -8,99%, US$ 134,88 no porto de Qingdao (China)

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