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Bolsas acordam em alta sonhando com Jackson Hole

A esperança é a de que o Fed dê boas notícias sobre a curva de juros nos EUA amanhã, no simpósio anual. Detalhe: nada indica que isso vai acontecer.

Por Alexandre Versignassi e Camila Barros
Atualizado em 18 out 2024, 14h11 - Publicado em 25 ago 2022, 08h31
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 (Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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Se no Brasil a certeza é a que de os juros não sobem mais (ainda que ninguém faça ideia de quando eles vão começar a cair de fato), a esperança nos EUA é a de que a bolsa caiu tudo o que tinha para cair (ainda que ninguém faça ideia de quando ela vai recuperar as perdas deste ano). 

O S&P 500 chegou ao fundo num já distante mês de junho, quando acumulava uma queda de 23% no ano (além da linha vermelha de 20%, a que liga a sirene para um bear market, uma baixa duradoura). De lá para cá o urso deu uma hibernada: a alta foi de 13%. 

Tudo isso sem que o Fed tenha sinalizado qualquer notícia positiva sobre a curva de juros por lá. Bolsas se alimentam de juros em baixa. Nem precisa tanto: basta a expectativa de que eles parem de subir. E o Banco Central americano tem demonstrado rigorosamente nenhuma intenção nessa linha. 

Mas a esperança não morre. A cada divulgação de ata do Fed, o mercado espera por uma mensagem positiva, tal como um amante apaixonado que levou um pé na bunda espera por um telefonema redentor a cada vez que olha para o celular. 

Esse amante rejeitado, o mercado, espera agora que uma mensagem de alento venha do Simpósio de Jackson Hole, uma reunião anual do Fed com líderes de outros bancos centrais do resto do planeta que acontece no coração do meio oeste americano, numa área selvagem, montanhosa e aprazível do Wyoming.

O convescote começa hoje com um jantar, e na sexta rola o aguardado telefonema: o discurso de Jerome Powell, presidente do Fed. Na esperança de que ele diga palavras doces sobre os juros – dizendo talvez que dê para desacelerar um pouco as altas nas próximas reuniões – o mercado amanheceu abrindo a janela e dando bom dia aos passarinhos: alta de 0,56% no S&P 500 e de 0,74% na Nasdaq. 

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Agora resta ver se a mensagem será mesmo a que o mercado quer ouvir. O problema: os juros ainda estão baixos (em 2,5%) para uma inflação particularmente alta (em 8,5% para os últimos 12 meses). Da última vez em que ela chegou a um patamar desses, em 1981, os juros fecharam o ano em 12%. 

Sim: o mundo mudou, talvez não seja necessário tanto na economia de hoje, mais ágil que a de quase meio século atrás – e, portanto, menos propensa a uma inflação persistente. Mas imaginar que uns 3% de juros já bastam para acabar com ela é wishful thinking. Por outro lado, são justamente os sonhos que movem o mercado. Sempre. Tal como na cabeça dos apaixonados, a realidade ali é só um detalhe inconveniente.    

Boa quinta.

 

humorômetro: o dia começou com tendência de alta
(VCSA/Você S/A)

Futuros S&P 500: 0,56%

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Futuros Nasdaq: 0,74%

Futuros Dow: 0,31%

*às 8h00

Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,12%

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Bolsa de Londres (FTSE 100): -0,16%

Bolsa de Frankfurt (Dax): 0,29%

Bolsa de Paris (CAC): 0,00%

*às 08h20

Fechamento na Ásia
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 0,83%

Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,48%

Hong Kong (Hang Seng): 3,63%

Commodities
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

Brent: -0,39%, a US$ 94,52

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Minério de ferro: -0,14%, a US$ 105,00 a tonelada na bolsa de Cingapura

*às 8h20

market facts
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

Conta adicional

A edição de agosto do Boletim Macro, do FGV Ibre, estima que o Brasil pode ter que arcar com uma conta adicional de R$ 430 bilhões no ano que vem graças a medidas econômicas sendo tomadas este ano. O valor representa 4,2% do PIB. E o maior responsável a gente já conhece bem: furo no teto de gastos. As despesas não cobertas pelo Orçamento (como aumento do Auxílio Brasil para R$ 600, reajuste do funcionamento público e revisão das despesas discricionárias) ultrapassam R$ 120 bilhões – 1,2% do PIB. 

Vale a pena ler:
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

Teslams

A Tesla criou uma legião de fãs na Coreia do Sul. Alguns se auto intitulam Teslams, combinando as palavras “Tesla” e “Islam” para sinalizar o tamanho da fé que eles têm na companhia. O fervor cultural colocou os investidores pessoa física sul-coreanos entre os principais acionistas da Tesla – eles acumulam mais de US$ 15 bilhões em ações da empresa. Nesta reportagem, a Bloomberg explica que os jovens sul-coreanos veem investimentos de alto risco como o único caminho viável para alcançar a independência financeira – e a Tesla parece ter ganhado um lugarzinho especial nesse salto de fé. 

Quiet quitting

A expressão “quiet quitting” viralizou nas redes sociais pelas mãos dos usuários cansados de trabalhar demais. Aqui, a tradução literal é traiçoeira: não tem nada a ver com pedir demissão por meio de mímicas. “Desistência silenciosa”, como a expressão foi traduzida, significa passar a fazer o mínimo do que se é exigido no ambiente de trabalho – sem horas extras não pagas ou acúmulo de tarefas de outras pessoas. Esta reportagem da Bloomberg, traduzida pelo Valor, explica por que essa tendência surgiu agora (e o que ela pode indicar sobre o futuro).

Agenda
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

9h30: Número semanal de pedidos de seguro-desemprego nos EUA

20h30: Sabatina de Lula no JN.

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