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Bolsa trava com falta de definição sobre a PEC dos Precatórios

Apesar dos balanços positivos da rodada, Ibovespa não resiste a mais notícias ruins de Brasília, e vira para o negativo aos 45 do segundo tempo.

Por Juliana Américo, Alexandre Versignassi
27 out 2021, 18h06

O Ibovespa tinha tudo para subir depois da queda de mais de 2% de ontem. A bolsa de valores começou o dia avançando 1%, apoiado nos resultados das empresas. Mas o índice perdeu força um pouco antes do fim do pregão. 

E fechou num leve negativo: -0,05%, aos 106.363 pontos. A mudança de rumo aconteceu depois que a bancada do MDB na Câmara dos Deputados afirmou que pretendia obstruir a votação da PEC dos Precatórios, votando contra a proposta.

O plano era que a PEC fosse liberada pela Câmara ainda hoje, o que ainda não rolou. E o mercado quer saber se parte do dinheiro para arcar com os R$ 400 temporários do Auxílio Brasil vai mesmo sair do parcelamento das dívidas do Governo – uma solução considerada menos danosa do que a destruição completa do teto de gastos. 

O relator Hugo Motta também estuda excluir a mudança na chamada “regra de ouro”. Ela proíbe que o Governo faça dívidas para pagar despesas correntes, como salários do funcionalismo público. 

Pela regra, isso só pode ser pago com o dinheiro que o governo arrecada na forma de impostos. Seja por falta de arrecadação, seja por excesso de gastos, a lei não é respeitada há alguns anos. Desde 2018 o governo emite dívida para pagar despesas correntes – sempre com autorização prévia do Congresso (se não seria crime de responsabilidade). 

O governo colocou PEC dos Precatórios uma espécie de adiantamento dessa autorização para 2022. Ou seja, o poderia gastar à vontade no ano que vem– o que traz ainda mais instabilidade para as contas públicas. Isso está incomodando deputados, e travando a decisão sobre a PEC. 

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Temporada de resultados

A manhã positiva foi influenciada pelos bons balanços deste início de temporada. Foram cinco hoje: Gerdau, Metalúrgica Gerdau, Getnet, Weg e Santander. 

A Gerdau registrou um lucro de R$ 5,59 bilhões  no terceiro trimestre – uma alta de 604% (sim, mais de sete vezes) ante o mesmo período de 2020. Quando comparado com o trimestre passado, aí a alta é “só” de 42%. 

Já o Ebitda, que é o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (e dá uma ideia melhor sobre o estado atual dos negócios), avançou 228%,para R$ 7,02 bilhões – é o maior da história da empresa. Segundo a companhia, o resultado foi influenciado pela alta nas vendas de aço entre julho e setembro.

Ainda assim, as ações da Gerdau caíram 2%, puxadas pelo setor de mineração, que está preocupado com o enfraquecimento da atividade na China (o minério de ferro caiu 2% hoje, só para constar). Da turma do minério e do aço, só a CSN escapou, com alta de 0,12%. 

Já a empresa de maquininhas GetNet apresentou seu primeiro balanço após a separação do Santander e a listagem na bolsa. A novata abriu o capital há uma semana e já pode dizer que lucrou R$ 94 milhões, o que representa um crescimento de 115%. O seu Ebitda somou R$ 237 milhões 3TRI, aumento de 32%. Mas o mercado esperava mais. Mesmo com o resultado azul ela caiu bem: – 4,03%. 

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Marfrig e Inter

O mercado também reagiu aos balanços que saíram ontem após o pregão. Os papéis da Marfrig subiram 2,68% com a notícia de que a companhia teve lucro de R$ 1,67 bilhão no último trimestre, com uma alta de 148,7% na comparação anual. 

A empresa deve o bom resultado a suas operações na América do Norte, ajudadas pelo dólar forte, a reabertura dos restaurantes nos EUA, a temporada de churrascos (o verão americano cai no terceiro trimestre, com direito às comemorações carnívoras do 4 de julho) e a oferta de boi barato por lá – o que aumenta a margem da companhia. Dos R$ 4,73 bilhões do Ebtida, 95% é referente ao Ebitda da unidade norte-americana.

O Inter também ficou no positivo (0,70%) depois de registrar R$ 19,2 milhões de lucro e reverter o prejuízo de R$ 8,06 milhões do ano passado. O banco teve uma alta de 94% no número de clientes, totalizando 14 milhões. 

Selic

A nova taxa básica de juros só sai depois das 18h30. A expectativa do mercado se divide entre uma alta de 1,25 e de 1,5 ponto percentual. Hoje, a Selic está em 6,25% ao ano e pode chegar a 7,75%, dependendo da decisão do Copom. Para o final de 2021, a previsão é de que a taxa fique em 8,75% aa – caso não venham mais bombas por aí. 

Essa será a sexta alta seguida da taxa, que já acumula alta de 4,25 pp. Na sua última reunião, o Banco Central tinha indicado que o próximo reajuste seria de 1 pp, mas a instituição precisou encarar a realidade: a inflação está ficando fora de controle. Já ultrapassa os 10% em 12 meses – e daqui a pouco o ano acaba.

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Mas isso é história para a abertura de mercado de amanhã. Até lá.

Maiores altas

Cogna (COGN3): 5,58%

Multiplan (MULT3): 4,57%

Eztec (EZTC3): 4,99%

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Raia Drogasil (RADL3): 4,17%

Cyrela (CYRE3): 4,04%

Maiores baixas

PetroRio (PRIO3): -6,63%

Meliuz (CASH3): -4,55%

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GetNet (GETT11): -4,41%

Suzano (SUZB3): -4,10%

Fleury (FLRY3): -3,60%

Ibovespa: -0,05%, aos 106.363 pontos

Em NY:

S&P 500: -0,50%, aos 4.551 pontos

Nasdaq: 0%, aos 15.235 pontos

Dow Jones: -0,74%, aos 35.490 pontos

Dólar: -0,33%, a R$ 5,5551

Petróleo

Brent: -2,08%, a US$ 83,87

WTI: -2,35%, a US$ 82,66

Minério de ferro: -2%, US$ 119,86 no porto de Qingdao (China)

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