Bolsa americana tem pior semestre desde 1970
Por aqui, nem a baixa do desemprego para 9,8% animou os investidores. Ibovespa cai junto com o S&P 500, empurrado por temores de recessão global.
O Ibovespa fechou em queda de 1,08% aos 98.541,95 pontos, nesta quinta, acompanhando o mercado americano. Por lá, as bolsas caíram novamente por medo de que uma recessão esteja a caminho.
Desta vez, o temor foi provocado pela desaceleração nos gastos do consumidor nos Estados Unidos —o pilar da maior economia do mundo— pela primeira vez neste ano. O consumo não caiu, só subiu num ritmo mais lento: de 0,6% em abril, foi para 0,2% em maio.
A inflação pesou no bolso dos americanos, que consumiram menos no mês passado. Além disso, os resultados dos meses anteriores foram revisados para baixo. O desânimo colaborou para uma queda de 0,88% no S&P 500.
Esta baixa fez com que o índice americano batesse um recorde indigesto: este foi o pior primeiro semestre do S&P 500 desde 1970: queda de 20,6%.
Um dos motivos foi uma coincidência “gráfica”, digamos assim. O índice atingiu sua máxima histórica (4.796 pontos) justamente no primeiro pregão do ano, dia 03 de janeiro. De lá para cá, só ladeira abaixo.
No Brasil foi um pouco diferente. Parte do dinheiro que saía das bolsas americanas veio parar na nossa. Entre janeiro e abril o Ibovespa subiu com força – cortesia da alta nas commodities. Saltou de 104 mil pontos para 121 mil, no dia 1º de abril. De lá para cá, porém, tombamos em três meses o que o S&P levou quase seis para cair: 19%.
Nada que se compare ao que aconteceu com as criptos, claro. O Bitcoin tombou 60% no semestre. Desde o pico, em novembro de 2021, quando ele estava cotado a US$ 67,5 mil, são 72% de queda. Hoje, ele “rompeu a barreira” dos US$ 19 mil. No fina da tarde desta quinta era negociado a US$ 18,7 mil. Complicado.
Fleury e telecoms
Em um dia de mortos e feridos, poucos se salvaram. Das 91 ações do Ibovespa, apenas 23 fecharam em alta.
Quem mais se deu bem foi o Fleury, que adquiriu o concorrente mineiro Hermes Pardini. A fusão fez as ações da rede de laboratórios paulista saltarem 16,10%.
Já as empresas de telecomunicação vão pagar menos impostos em São Paulo e em Goiás, após os Estados adotarem o novo teto, de 18%, para as alíquotas de ICMS que incidem sobre combustíveis, energia, transporte e telecomunicações (considerados serviços essenciais). Outros Estados ainda contestam a nova lei aprovada há quinze dias pela Câmara. Os papéis de Vivo e Tim registraram altas de 3,07% e 2,08%, respectivamente. A ironia é óbvia. A alta mostra que os cortes nos impostos, do ponto de vista do mercado, não serão repassados para os consumidores. Bom para os acionistas.
Queda no desemprego
O desemprego caiu de 10,5% no trimestre encerrado em abril para 9,8% no trimestre encerrado em maio, pelos dados da Pnad contínua, do IBGE. Trata-se da menor taxa para o período desde 2015.
O número surpreendeu. O consenso apurado pela agência Refinitiv apontava para 10,2%.
A diferença em relação ao pico do desemprego também é marcante. No primeiro trimestre de 2021, a taxa chegou a 14,9%.
“Auxílio taxista”
Além do auxílio-caminhoneiro, vale-gás e um aumento no Auxílio Brasil, o governo negocia um auxílio-gasolina para taxistas no valor de R$ 200 mensais, segundo o Estadão. O direito entraria na PEC dos combustíveis, agora chamada de PEC dos benefícios, que o governo Bolsonaro tenta aprovar às vésperas da eleição de outubro.
Com a nova benesse, o impacto fiscal da PEC fora do teto aumentaria de R$ 38,75 bilhões para R$ 41,25 bilhões. Haja suborno eleitoral.
Até amanhã.
Maiores altas
Fleury (FLRY3): 16,10%
Hapvida (HAPV3): 3,80%
MRV (MRVE3): 2,90%
Telefônica Brasil (VIVT3): 3,07%
Tim (TIMS3): 2,08%
Maiores baixas
Via (VIIA3): −8,13%
CSN (CSNA3): −6,42%
CSN Mineração (CMIN3): −6,31%
JHSF (JHSF3): −5,66%
SLC Agrícola (SLCE3): -5,56%
Ibovespa: – 1,08%, a 98.541,95 pontos
Em NY:
S&P 500: –0,88%, a 3.785 pontosNasdaq: -1,33%, a 11.029 pontos
Dow Jones: 0,82%, a 30.775 pontos
Dólar: 0,80%, a R$ 5,2348
Petróleo
Brent: – 3,04%, a US$ 109,03
WTI: 3,66%, a US$ 105,76
Minério de ferro: -2,01%, US$ 121,17 no porto de Qingdao (China)