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Bancos centrais “hawkish” reacendem temores de recessão global

Fed e BCE encomendam novas altas nos juros. Por aqui, o banco central começa parecer conservador demais até para a Faria Lima, que esperava indicação de corte para agosto.

Por Bruno Carbinatto, Camila Barros
Atualizado em 23 jun 2023, 08h31 - Publicado em 23 jun 2023, 08h28
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 (Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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Bom dia!

As bolsas europeias operam no vermelho na manhã desta sexta-feira, após a divulgação dos PMIs de junho, calculados pela S&P Global. O índice, uma pesquisa com empresas que mede a atividade econômica dos respectivos países, recuou na Zona do Euro, na Alemanha e no Reino Unido.

Na Zona do Euro, por exemplo, o PMI composto (que engloba indústria e serviços) caiu de 52,8 em maio para 50,3 pontos em junho. Nesse dado, números acima do 50 indicam expansão, ou seja, a atividade aumentou, mas menos do que no mês passado – e também abaixo do esperado. Na Alemanha, o PMI composto caiu a 50,8 pontos (de 53,9) e, no Reino Unido, fechou em 52,8 (de 54). 

Os números mostram relevantes desacelerações nas economias europeias, e vêm para somar às preocupações já existentes de uma possível recessão global. Essa semana, o medo voltou à tona com a postura linha-dura dos bancos centrais mundo afora, que seguem firmes em sua postura hawkish para lutar contra a inflação subindo os juros. O efeito colateral, é claro, é a desaceleração econômica. 

Já há algum tempo se teme a recessão por conta dos apertos monetários dos bancos centrais, é verdade. Mas as grandes economias – a americana, especialmente – têm se mostrado resilientes até agora, apesar do aumento nos juros, evitando o pior cenário. Mesmo assim, a notícia de que mais altas nas taxas virão não deixa os temores morrer.

Nos EUA, Powell, do Fed, deu spoiler de até mais duas altas na “Selic” americana em seu depoimento ao Congresso ontem. Dirigentes do BCE, da Europa, também já encomendaram mais altas. 

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Por aqui, o BCB também segue a postura rígida de seus pares lá fora, com a diferença de que temos o maior juro real do mundo, e a discussão é sobre quando baixá-lo. Criticado pelo governo há meses, o banco central agora começa a parecer duro demais até para o mercado, que esperava pelo menos uma linguagem mais suave e um aceno em direção a uma redução em agosto. O comunicado, porém, não trouxe nada nesse sentido, fazendo muita gente adiar o primeiro corte só para setembro. Agora, resta esperar a ata do Copom para mais detalhes.

Mesmo assim, os juros futuros nesta quinta-feira tiveram apenas uma leve alta, um indicativo que o mercado não comprou totalmente essa postura super conservadora do Copom. É inegável os sinais de melhoria da economia brasileira – inflação em queda, PIB em alta, melhora da percepção de risco –, e fechar totalmente os olhos para eles faria o banco central parecer teimoso até para a Faria Lima. A ver.

Bons negócios.

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Humorômetro - dia com tendência de baixa

Futuros S&P 500: -0,46%

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Futuros Nasdaq: -0,61%

Futuros Dow Jones: -0,32%

*às 8h19

market facts
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

Casino se despede do Assaí

O grupo francês Casino decidiu vender o restante de sua participação no Assaí. A operação, conhecida como block trade (negociação privada de um grande volume de ativos), teve início na manhã de ontem e deve ser finalizada na manhã de hoje. São 157,6 milhões de ações, que correspondem a 11,7% do capital da companhia. Cada ação foi precificada a R$ 12,68 – portanto, a transação deve movimentar ao todo R$ 2 bilhões. 

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Atualmente, o Casino enfrenta dificuldades no caixa e renegocia suas dívidas com os credores de seu país de origem. O grupo já chegou a ser dono de 42% do Assaí – o que dava a ele o controle do atacarejo. 

Sua saída tem sido vista como positiva pelo mercado, já que, primeiro, transformou o Assaí em uma corporação – ou seja, uma empresa sem controladores únicos, vista como mais democrática nas tomadas de decisão. Agora, nenhum acionista terá mais de 6% do capital da empresa em mãos. Além disso, ofereceu mais liquidez aos papéis ASAI3, já que colocou as ações para circular no mercado. 

Analistas disseram ao InfoMoney que a venda já era esperada, e que a independência do Assaí em relação ao seu antigo controlador provavelmente já fez preço nos papéis. Isso pode ajudar a entender porquê a nova negociação não refletiu no pregão de ontem: em dia de baixa generalizada da bolsa pós ata do Copom, as ações ASAI3 fecharam em queda de 0,30%, a R$ 13,36.

Agenda
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

EUA,10h45: S&P Global divulga PMI composto preliminar de junho

Europa
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
    • Índice europeu (Euro Stoxx 50): -0,40%
    • Londres (FTSE 100): -0,26%
    • Frankfurt (Dax): -0,73%
    • Paris (CAC): -0,73%

    *às 8h23

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    Fechamento na Ásia
    (Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
    • Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): bolsa fechada
    • Hong Kong (Hang Seng): -1,71%
    • Bolsa de Tóquio (Nikkei): -1,45%
    Commodities
    (Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

    Brent:*-1,20%, a US$ 73,25

    *às 8h08

    Vale a pena ler:
    (Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

    A economia das divas pop

    Ambas em turnê mundial, Taylor Swift e Beyoncé têm balançado a economia das cidades em que passam. Na semana passada, um relatório do banco nórdico Danske Bank disse que os shows de Beyoncé na Suécia podem ter pesado na inflação do país, já que pressionou os custos de hospedagem e restaurantes. Em maio, os preços subiram 9,7% no país – acima do esperado.

    Já o Eras Tour, turnê de Taylor Swift, poderia injetar uma cifra de US$ 5 bilhões na economia americana, segundo relatório da Fortune. A cantora é um fenômeno, e seus fãs têm se mostrado dispostos a desembolsar grandes economias para ouvir os 10 minutos de All Too Well ao vivo. 

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    Nesta coluna no NYT, o Nobel em economia Paul Krugman resgata estudos do campo da economia da música para especular porquê as divas pop escolhem não ganhar mais dinheiro com seus shows – afinal, a demanda existe. 

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