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Qual a diferença entre uma corporação e uma empresa “normal”?

No português do cotidiano, são sinônimos. Mas o mercado financeiro acabou dando significados diferentes a essas palavras. Vem entender.

Por Alexandre Versignassi
11 nov 2022, 06h50
Diversas pessoas em uma pizzaria. Em uma mesa, os pedaços dividem-se igualmente, caracterizando 'corporação'. Na outra, há uma pessoa com um pedaço maior que a soma dos outros, caracterizando 'empresa'.
 (Marina Hauer/VOCÊ S/A)
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Na letra fria do dicionário, “corporação” é só sinônimo de “empresa” mesmo. No linguajar financeiro, não. Corporação (corporation, em faria limer) é uma empresa “sem dono”. Mais especificamente, sem um controlador único.

Nesse sentido, a Petrobras (PETR4) não é uma corporação, já que o governo federal detém 50,26% das ações com direito a voto. Mesmo se todos os outros acionistas da companhia mais valiosa da bolsa se juntarem para contrariar alguma decisão do majoritário, não terão votos o bastante para tanto.   

Já a Vale (VALE3) é uma corporação. A segunda maior empresa brasileira em valor de mercado não tem um manda-chuva. Tem vários. O maior acionista ali é a Previ, o fundo de previdência dos funcionários do Banco do Brasil, com 8,55%.

O segundo é a Capital Group Companies, um fundo de investimentos americano, com 6,69%. O BlackRock, outro fundo, tem 6,33%. Em quarto lugar, com 5,99%, está a Mitsui, um conglomerado japonês com tentáculos em mineração, siderurgia, produção de petróleo e logística.

7,55% é a fatia do maior acionista da Apple, o fundo Vanguard. Em segundo lugar vem a Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, com 5,57%.

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Esses são os únicos sócios da Vale com mais de 5% das ações. Para decidir os rumos da companhia (apontando o CEO, por exemplo), eles precisam chegar a um acordo entre si. E com acionistas mais magros também, já que, juntos, esses quatro têm só 27% da Vale.

Uma em cada cinco empresas da B3 são sem dono. Entre elas estão a BRF (BRFS3), a Embraer (EMBR3), a Localiza (RENT3), a Ultrapar (UGPA3), a RaiaDrogasil (RADL3) e a própria B3 (B3SA3), empresa que controla a bolsa.  

Entre as cinco maiores empresas do país em valor de mercado (Petro, Vale, Itaú, Ambev e Bradesco), só a Vale é uma corporação de fato. Nos EUA é diferente. Das cinco mais valiosas de lá (Apple, Microsoft, Amazon, Tesla e Alphabet/Google), todas são corporations, com ações severamente pulverizadas. Jeff Bezos, por exemplo, tem “só” 11% das ações da Amazon. Elon Musk, 5% da Tesla. Tim Cook, 0,02% da Apple.

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