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Bancos americanos dão uma força ao Ibovespa em dia de pibinho

Lucros dos bancos gringos injetam um gás em Wall Street, e melhoram o humor do mercado global. Alta de 1,29% no Ibov, mesmo com IBC-Br negativo.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 15 out 2021, 17h53 - Publicado em 15 out 2021, 17h52

“A recuperação em V está com cara de raiz quadrada”, desenhou o economista André Perfeito numa entrevista à CNN, após a divulgação do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br): queda de 0,15% em agosto (comparado a julho).

A imagem é didática. Paulo Guedes, que lembra o ex-técnico Zagallo no quesito previsões otimistas, não cansa de bater na tecla de que “o Brasil está voando”, e de falar desde o início da pandemia que viveríamos uma “recuperação em V”: queda forte, seguida de uma alta rampante, que apaga as perdas. 

A primeira perna do V se formou, de fato. O IBC-Br fechou 2020 registrando uma queda de 4% no ano. Neste momento, o Índice de Atividade Econômica para os últimos 12 meses é de justamente 4% para cima. 

Mas a tendência parece mesmo ser de raiz quadrada – com uma linha reta de estagnação iniciando-se a partir da segunda perninha do V. É que a última alta relevante do IBC-Br aconteceu em fevereiro: 1,66%. Dali em diante, tivemos:

Março: – 1,74% (apagando o ganho anterior)

Abril: + 0,45% em abril

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Maio: –  0,41% em maio

Junho: + 0,23% em junho

Julho: + 0,23% em julho

E agora os -0,15% de agosto.  

O setor de serviços, que é o maior da nossa economia, até cresceu: 0,5% (é a quinta alta seguida, graças ao aumento na circulação de pessoas neste arrefecimento da pandemia). Mas a queda de 2,5% nas vendas do varejo (cortesia dos juros altos e da queda no poder de compra da população) bastou para passar uma borracha na alta, e fechar o IBC-Br abaixo de zero no cômputo geral. 

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O índice, sempre vale lembrar, serve como uma prévia do PIB – que só sai de três em três meses. E claro: se veio abaixo de zero, não é exatamente um bom sinal. 

Mesmo assim, o Ibovespa teve um dia feliz. Alta de 1,29%. 

Agradeça aí àquele amigo chamado exterior. O S&P 500 fechou em alta de 0,75% por conta dos balanços rechonchudos que os grandes bancos americanos estão apresentando nesta temporada. 

Um deles, o Goldman Sachs, reportou nesta sexta uma alta de 60% nos lucros em relação ao 3T20. Ontem, o Bank of America anunciou um salto de 58%. JP Morgan (24%), Wells Fargo (59%) e Citigroup (48%), que junto dos dois já mencionados formam o quinteto fantástico dos maiores bancos dos EUA, também apresentaram belos números ao longo da semana.   

Uma das explicações para essa bonança bancária – além do dinheiro de pai para filho que o Fed tem injetado nessas instituições todo santo mês – é o recorde de fusões e aquisições entre empresas americanas. Trata-se de uma reorganização geral que deve-se em muito às turbulências da pandemia, que complicaram certos negócios, e melhoraram outros. As fusões precisam de serviços prestados pelos bancos. E eles surfam na onda.     

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Por aqui, curiosamente, o destaque do dia foi uma operação entre as duas empresas que fizeram o caminho oposto – eram uma só, e se separaram: Grupo Pão de Açúcar (GPA) e Assaí. 

Esta última era um braço do GPA até fevereiro. A amputação veio quando o Assaí passou a ter suas próprias ações negociadas na bolsa (ASAI3). Mesmo assim, a irmandade continua: as duas são controladas por um só conglomerado, o francês Casino. 

Falamos da operação aqui, mas segue um resumo: o GPA vendeu 71 lojas do Extra Hiper ao Assaí por R$ 5,2 bilhões. A lógica é a seguinte: não vale a pena para o Casino ter duas marcas suas (Extra e Assaí) brigando pelo mesmo nicho, o de supermercados especializados em descontos. 

A venda, então, deixa o GPA concentrado na rede Pão de Açúcar, do nicho dos especializados em cobrar caro (brincadeira, Pão, foi sem querer querendo). Concentrado e de bolso cheio: os R$ 5,2 bilhões equivalem a 65% de todo o valor de mercado do Grupo Pão de Açúcar. 

Ao outro controlado da Casino, o Assaí sobrou a bucha de pagar a maior parte do valor (R$ 4 bilhões, o resto virá de um fundo imobiliário) e dar um jeito de encher de gente as novas lojas – antes, eram 192, agora, a atacarejista passa a ter 263. 

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O mercado, naturalmente, entendeu que quem sai ganhando é o GPA, que fechou como a maior alta do dia (11,85%), enquanto ASAI3 caiu (1,51%). Claro: enquanto o primeiro embolsa uma bolada sem fazer força, o segundo faz uma aposta operação arriscada, um tanto quanto radical.    

Bom fim de semana.

        

MAIORES ALTAS

Pão de Açucar (PCAR3): 11,85%

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Americanas (AMER3): 9,18%

Lojas Americanas (LAME4): 6,41%

Cielo (CIEL3): 5,65%

Banco Bradesco (BBDC4): 5,24%

MAIORES BAIXAS 

Méliuz (CASH3): -4,07%

TOTVS (TOTS3): -2,57%

Marfrig (MRFG3): -1,99%

Vibra Energia (BRDT3): -1.72%

Eletrobras (ELET3): -1,68%

Ibovespa: 1,29%, a 114.647 pontos

Nova York

Dow Jones: 1,10%, a 35.295 pontos

S&P 500: 0,75%, a 4.471 pontos

Nasdaq: 0,50%, a 14.897 pontos

Dólar: -1,11%, a R$ 5,4547

Petróleo

WTI: 1,19%, a US$ 82,28

Brent: 1,02%, a US$ 84,86

Minério de Ferro: -0,55%, a US$ 125,12 por tonelada no porto de Qingdao (China) 

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