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Balanços decepcionantes das varejistas americanas derrubam os mercados globais

Resultados ruins de Walmart e cia mostram como a inflação corrói os lucros do varejo e deixam o mercado ressabiado. Ibovespa segue Wall Street e cai 2,34% depois de cinco pregões consecutivos de alta.

Por Juliana Américo
18 Maio 2022, 17h39
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 (Caroline Aranha/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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O alívio do mercado foi fogo de palha. Depois das altas de ontem, as bolsas voltaram para terreno negativo com os investidores revendo os dados da economia americana. Motivo: os balanços decepcionantes das gigantes do varejo por lá. 

Em abril, as vendas no varejo dos EUA cresceram a uma taxa de 0,9%, ante uma alta de 1,4% em março. Isso sugere que os consumidores continuam comprando mesmo com a inflação pesando no bolso. Acontece que as altas nas vendas não são suficientes para salvar as varejistas da disparada nos preços e da crise na cadeia de suprimentos. 

Os lucros da Target caíram pela metade no primeiro trimestre, apesar do aumento de 3,3% nas vendas: foi US$ 1,01 bilhão de lucro, contra os US$ 2,1 bilhões registrados no mesmo período de 2021. Além disso, a companhia estima que os custos de frete e transporte para o ano devem subir em US$ 1 bilhão por conta do aumento nos preços dos combustíveis. As ações da empresa afundaram 24,87%. 

Ontem, a Walmart também já tinha divulgado resultados mais fracos: no primeiro trimestre, a maior varejista do mundo teve lucro de US$ 2,05 bilhões – 24,8% menor do que o mesmo período do ano passado. O rombo, de acordo com a mega varejista, veio na esteira da diminuição da margem de lucro com a venda de alimentos (não tiveram como repassar os preços pagos aos fornecedores para o consumidor final), mais os custos com combustíveis, que sobem sem parar por lá também. Resultado: queda de 6,84% nas ações. 

O balanço do varejo deixa claro o poder que a inflação tem para derrubar lucros, e jogou um balde de água fria em Nova York. A Nasdaq tombou 4,73%, a 11.418 pontos; seguida de perto pelo S&P 500, com queda de 4,03%, aos 3.924 pontos.

As altas nos preços também assolam a Europa. No Reino Unido, a inflação anual alcançou 9% em abril – é a maior taxa desde 1982. Na zona do euro, ela está em não menos assustadores 7,4%. 

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E a solução dos bancos centrais para controle da inflação todo mundo já sabe: aumento das taxas de juros. Que tudo indica que ficaram cada vez mais agressivas. Ontem, Jerome Powell deixou claro que aumentaria os juros americanos o quanto fosse necessário, mesmo que isso afete o ritmo de crescimento econômico (e tudo indica que vai afetar, posto que juros combatem a inflação esfriando o consumo até que os preços parem de subir na marra). 

De qualquer forma, o presidente do Federal Reserve manteve o tom pouco alarmista sobre os novos reajustes na “Selic” deles. Por enquanto, o plano do Fed é aumentar os juros em doses de 0,5 ponto percentual por vez, mas alguns integrantes do banco central dos EUA defendem que a instituição precisa apertar mais, e mais rápido, a sua política monetária. Ou seja, querem um reajuste de, pelo menos, 0,75 pp. 

Ibovespa

Por aqui, o Ibovespa não resistiu ao pessimismo de Wall Street e tombou junto, interrompendo cinco pregões consecutivos de alta: -2,34%, aos 106.247 pontos. Das 92 ações listadas, somente oito subiram. 

Além dos temores com uma futura recessão global, a bolsa brasileira ainda enfrentou um de de baixa nas commodities. A China começou a flexibilização dos lockdowns após Shanghai somar três dias sem novos casos de covid. Mas a situação no país segue tensa: Pequim, a capital, registrou alta no número de contaminados, e o governo local impôs lockdowns em algumas regiões da metrópole. 

O temor de mais medidas de isolamento levanta dúvidas sobre a quantas andará a demanda por commodities na China nos próximos meses. E isso vem bagunçando o preço do minério de ferro e do petróleo. O minério caiu quase 2%, arrastando junto os papéis das nossas mineradoras e siderúrgicas. O destaque das perdas ficou com a CSN (-5,82%). 

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O petróleo até começou o dia no positivo, mas não aguentou o mau humor generalizado. O óleo do tipo Brent, referência internacional, caiu 2,52%. Entre as brasileiras do setor, a mais afetada foi a PetroRio: queda de -4,79%. 

Mas o dia não foi ruim para todo mundo. A Hapvida liderou as altas do Ibov. As ações da companhia subiram 3,99%. A empresa anunciou um programa de recompra de até 400 milhões de ações. “Programa de recompra” é quando a empresa que emitiu ações vai ao mercado comprá-las de volta, de modo a se tornar “mais dona” do próprio negócio do que já era. E isso tende a valorizar os papéis, pois mostra que a companhia está otimista com o próprio futuro (e considera que suas ações estão mais baratas do que deveriam. O programa começa no dia 18 de maio e vai durar 18 meses. 

Vale lembrar que, ontem, com a bolsa em feliz alta, a Hapvida afundou 16,84% após o balanço do 1T22 indicar que a empresa teve prejuízo de R$ 182 milhões e perdeu 64 mil usuários. Pois é. A empresa e o Ibovespa não andam alinhados nos últimos dias.

Até amanhã 

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Maiores altas

Hapvida (HAPV3): 3,99%

Ecorodovias (ECOR3): 1,78%

Eneva (ENEV3): 1,66%

Taesa (TAEE11): 0,61%

Cielo (CIEL3): 0,30%

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Maiores baixas

Inter (BIDI11): -8,62%

Ultrapar (UGPA3): -7,71%

Dexco (DXCO3): -6,43%

CSN (CSNA3): -5,82%

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Embraer (EMBR3)-5,79%

Ibovespa: -2,34%, a 106.247 pontos

Em NY:

S&P 500: 4,03%, a 3.924 pontos

Nasdaq: 4,73%, a 11.418 pontos

Dow Jones: 3,56%, a 31.493 pontos

Dólar: 0,80%, a R$ 4,9826

Petróleo

Brent: -2,52%, a US$ 109,11

WTI: -2,36%, a US$ 107,04

Minério de ferro: -1,97%, US$ 126,76 no porto de Qingdao (China)

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