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Abertura de Mercado: novo IOF é mais um balde de água fria na economia brasileira

Aumento do imposto pagará o Bolsa Família Turbo, mas deixará o crédito mais caro. Lá fora, o mundo continua com medo da China.

Por Tássia Kastner, Bruno Carbinatto
Atualizado em 17 set 2021, 12h02 - Publicado em 17 set 2021, 08h28

A promessa era não aumentar impostos, isso todo mundo lembra. Mas ontem à noite, o governo Bolsonaro publicou um decreto em que aumenta a cobrança de IOF de quem precisar contratar crédito. O foco é arrumar dinheiro para pagar turbinar o Bolsa Família ainda neste ano e torcer para conseguir dar um jeito nos precatórios em 2022, para continuar tendo grana para o benefício.

Noves fora o governo não poder usar uma receita temporária para pagar uma despesa permanente, o aumento de imposto cria um outro problema. É que a economia precisa de crédito para crescer. E se ele fica mais caro porque o governo quer arrecadar uma grana a mais, menos gente consegue dinheiro na praça. Empresas pagavam 1,5% e agora vão amargar 2,04% em IOF. Donos de CPFs vão marcar com 4,08% ao ano, o que dá quase uma Selic (atualmente em 5,25%).

E é um risco dobrado para a economia do país, já que a Selic está escalando uma parede de rapel para conter a inflação. Na próxima semana, o BC decide a nova taxa de juros, com aumento provável de mais 1 ponto percentual – e economistas sérios dizendo que o ideal seria 1,25 ponto percentual.

O problema é que o instrumento serve justamente para tirar dinheiro do mercado, o que  desacelera a economia. Não à toa, analistas de mercado passaram essa semana cortando as previsões de crescimento do PIB para o próximo ano. O mais radical, o Itaú, prevê alta de pífio 0,50%. O novo IOF tem tudo para piorar o cenário.

Fora Brasília, não é só por aqui que o mercado financeiro anda preocupado com o crescimento econômico global. Os Estados Unidos ainda estão tentando entender se a economia está ou não desacelerando com a onda da Covid causada pela Delta, enquanto chora com a ameaça de desmame de uma parte do dinheiro que o Fed injeta na economia desde março do ano passado.

Economistas ouvidos pela Bloomberg agora esperam um anúncio da redução de estímulos só em novembro, com os primeiros cortes em dezembro. Tem sido suficiente para deixar as bolsas no negativo. Na semana, o S&P 500 cai 0,45%, e o dia começou com os futuros no negativo. Por aqui, a queda acumulada do Ibovespa é semelhante.

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Na China, que monopolizou o noticiário essa semana com a ameaça de quebra da segunda maior construtora do país, as bolsas voltaram a subir. O pessimismo fica evidente, porém no preço do minério de ferro em queda livre. Não é 2008, mas definitivamente é um setembro sombrio que está apenas na metade. Boa sexta.

Humorômetro

Futuros S&P 500: -0,32%

Futuros Nasdaq: –0,25%

Futuros Dow: -0,23%

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*às 7h55

Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): -0,20%

Bolsa de Londres (FTSE 100): -0,21%

Bolsa de Frankfurt (Dax): -0,23%

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Bolsa de Paris (CAC): -0,15%

*às 8h00

Fechamento na Ásia

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): +1,00%

Bolsa de Tóquio (Nikkei): +0,58%

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Hong Kong (Hang Seng): +1,03%

Commodities

Brent*: -0,45%, a US$ 75,33 

Minério de ferro: -4,91%, a US$ 101,95 por tonelada no porto de Qingdao (China)

*às 07h45

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Agenda

Dia de agenda fraca.

11h Universidade de Michigan (EUA) divulga o índice de sentimento do consumidor preliminar de setembro.

market facts

De olho na gigante

As coisas não tem andado bem para Vale (VALE3), a toda-poderosa do Ibovespa. No final de abril, os papéis da mineradora chegaram a custar R$ 117; ontem, fecharam beirando os R$ 88, uma queda de 25% no período. O motivo tem nome e sobrenome: queda no preço do minério de ferro, negociado lá na China, que hoje renovou sua queda e fechou perto do US$ 100 a tonelada Mas, hoje, a mastodonte brasileira pode ter um dia menos caótico. Depois do fechamento desta quinta, a empresa aprovou a distribuição de R$ 40,2 bilhões em dividendos aos seus acionistas – R$ 8,108316476 por ação. A ADR da Vale disparou 2,5% no after market de Nova York com a notícia.

Saída triunfal

A Hering (HGTX3) brilhou em seu penúltimo pregão da bolsa: alta de 4,90% nesta quinta-feira, quando o Ibovespa caiu mais de 1%. Os papéis da varejista refletiram a aprovação em assembleia do grupo Soma e da Cia Hering para a combinação de negócios entre as duas empresas (algo que já havia sido anunciado desde abril). Depois do fechamento de hoje, quem tiver ações da Hering passará a negociar somente os papéis SOMA3.

Vale a pena ler:

Como aproveitar melhor a alta dos juros

A renda fixa não é tão fixa. Alguns títulos públicos podem entregar lucros estratosféricos, ao menos para quem entra no momento certo. Na edição de setembro da VOCÊ/SA, entenda a montanha-russa dos juros – e o que fazer para usufruir bem dela. Leia aqui.

Cadê meu pedido?

A pandemia causou um caos logístico no mundo – uma combinação de aumento de demanda por entregar com uma escassez de vários produtos, de chips à equipamentos médicos passando até por tacos de baseball. E o problema não tem data para acabar. A Bloomberg acompanhou uma profissional da área e descreve o tamanho do buraco. Leia aqui, em inglês.

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