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Alice: No que inova o plano de saúde com nome de gente

Vendo as muitas queixas que recebem os serviços de acompanhamento médico, três empreendedores quiseram agregar a tecnologia a esse mercado. Entenda o resultado.

Por Luana Franzão
7 nov 2024, 11h13
A imagem mostra uma pessoa segurando um celular com a tela exibindo o logo e o slogan da "Alice", em fundo rosa. Abaixo do nome "Alice", lê-se o texto "Saúde como deve ser." Em segundo plano, desfocado, é possível ver uma mesa com um abajur e alguns objetos decorativos.
 (Alice/Divulgação)
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É

 difícil pensar em um ramo mais quadrado do que o dos planos de saúde. Burocracia, filas e enrolação estão entre as primeiras coisas que você pode ter pensado ao ler essas três palavrinhas. A Alice quer tentar fazer você mudar de ideia.

Hoje, o objetivo da empresa é ajudar os pacientes a agilizar o cuidado com a saúde, usando tecnologias integradas. Através do site ou do aplicativo, os clientes podem fazer consultas rápidas, e já sair com a receita dos medicamentos que terá que usar, ou com o encaminhamento para um especialista que poderá o ajudar com o problema.

Segundo Matheus Moraes, um dos fundadores da Alice, o objetivo é oferecer um acompanhamento mais próximo da saúde do paciente. Ao invés de procurar um médico pontualmente, quando tiver um problema agudo, a Alice tem todo o seu histórico de saúde – e oferece acompanhamentos periódicos para que você mantenha o prontuário em dia.

Como começou

A Alice – sim, o nome de gente é proposital – é jovem. Nasceu em 11 de março de 2019. Os três pioneiros da ideia, além de Moraes, foram André Florence (hoje, CEO) e Guilherme Azevedo.

Moraes e Florence já trabalhavam juntos quando conheceram Azevedo, e veio a vontade de empreender juntos. O ramo da saúde parecia uma boa ideia, com um dos sócios tendo experiência na coisa, decidiram que era um bom ponto de partida.

Considerando que ter um plano de saúde é uma das principais preocupações das famílias brasileiras e que o setor figura entre os que mais recebem queixas dos usuários, desenvolver uma nova alternativa na área virou um desafio que o trio queria encarar.

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“Todo mundo quer, mas todo mundo tá insatisfeito”, disse Moraes.

O negócio virou um misto de tecnologia, cuidados com a saúde e atenção primária. Alguma coisa entre essas três outras coisas.

Considerando que o dia 1 do projeto foi em março de 2019, o plano só decolou em 30 de junho de 2020 – ou seja, o auge da primeira fase da pandemia de Covid-19.

O desafio dobrou de tamanho. Além de lançar uma nova empresa, estavam jogando-a em um mundo em isolamento, de forma totalmente remota.

Segundo o cofundador da Alice, a parte mais difícil do lançamento foi conseguir as licenças das agências federais, como a Agência Nacional de Saúde (ANS), necessárias para regulamentar qualquer tipo de plano de saúde. Ponto importante, diga-se de passagem.

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A imagem mostra Matheus Moraes sentado em um ambiente interno moderno, com janelas grandes ao fundo que permitem a entrada de luz natural. Ele está usando um blazer preto e uma camiseta preta com o nome
Matheus Moraes, cofundador da Alice (Alice/Divulgação)

Convite para embarcar

Outro problema a ser resolvido: provedores. Como convencer o mercado da saúde a embarcar em um plano de saúde novo, independente e que quer ser diferente dos que já existem? Um dos fundadores, Guilherme Azevedo, já havia trabalhado no mercado da saúde, o que já foi meio caminho andado.

Aos poucos, foram assinando contratos com hospitais, laboratórios e médicos especialistas. Moraes relata que não foi tão difícil convencer os parceiros a apostar na Alice. 

“Eles perguntavam para a gente quantos clientes tínhamos, e nós respondíamos ‘zero’. E ficava aquele clima, como assim zero? Vocês querem assinar com os principais hospitais do país sem clientes? E a gente tinha que responder que sim”, lembra o cofundador. “Ao mesmo tempo, não tinha risco nenhum em assinar conosco. Afinal, não tínhamos nenhum cliente. No fim acabavam aceitando porque viam que tínhamos uma proposta séria de mercado.”

Então, era a hora de buscar os primeiros clientes. Segundo Matheus Moraes, o segredo para um bom negócio é encontrar o primeiro cliente e deixá-lo satisfeito. Sua primeira boa propaganda, aí.

Não falharam. Até hoje, todas as companhias que contrataram a Alice renovaram o vínculo – são 33 mil membros e cerca de 5 mil empresas que adotaram o plano.

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A imagem mostra uma pessoa segurando um smartphone com a tela aberta no aplicativo da Alice. Na tela, há uma seção intitulada
(Alice/Divulgação)

O segredo da retenção

Para Moraes, o segredo da retenção dos clientes é cumprir a promessa inicial. Se as empresas perceberem seus colaboradores mais saudáveis e reclamando menos do plano de saúde, ponto para a Alice.

O uso da tecnologia tornou a operação mais ágil, e mais fácil para que o segurado acesse o próprio histórico de saúde. A plataforma do plano reúne o histórico de saúde de visitas a médicos, pronto-socorros e exames. Assim, todos os médicos (ou o próprio usuário) acessam essas informações de forma simples.

Dados recolhidos pela própria empresa apontam que 70% dos casos que vão para o atendimento digital são resolvidos por lá mesmo, sem precisar de uma visita ao pronto-socorro. É claro, nem tudo dá para resolver em um chat. Aqui estamos falando daquela dorzinha de garganta, daquela gripe mais forte, etc. A média de tempo entre abrir o aplicativo da Alice e sair com uma receita é 27 minutos.

Como tudo na vida, aqui cabe prudência na interpretação. Se você tiver quebrado um braço ou achar que está infartando, por favor, procure a emergência.

Facilitando os dois lados

Os fundadores da Alice sabiam que não adiantava melhorar apenas a experiência do consumidor final para reter a clientela. Simplificar a vida do RH das empresas também é uma das chaves que fez o negócio dar certo.

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Uma contratação mais rápida para novos funcionários e um controle mais simples dos usos que eles fazem do plano ajuda a vida do pessoal do RH, que normalmente, já é cheio de coisas para fazer.

Não mudar (muito) os custos na hora da renovação do contrato com as empresas também agrada os contratantes.

A Alice está aí para mostrar aos empreendedores que, na hora de montar um negócio, o melhor é olhar o que o mercado está fazendo de errado, e amarrar todas essas pontas.

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