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Os desafios de quem chega ao alto escalão executivo na faixa dos 30 anos

Quatro profissionais que chegaram ao topo jovens contam o que fez a diferença em suas trajetórias.

Por Karina Fusco
Atualizado em 30 nov 2020, 11h23 - Publicado em 25 nov 2020, 16h00

A necessidade de transformação das empresas é uma das explicações dos especialistas sobre o número crescente de profissionais que alcançam altos cargos – chamados de C-level, em referência a siglas como CEO, CFO, COO, usadas para denominar funções executivas – na faixa dos 30 anos. 

Para Ricardo Haag, diretor da Page Executive, essa faixa etária tem uma entrega diferenciada para a carreira e grande disponibilidade e foco para o trabalho, por estar em um período de construção de patrimônio. “Além disso, há aspectos comportamentais, pois trata-se de uma geração muito flexível, disposta a correr riscos, com muito acesso à informação. É o primeiro grande elo de conexão absoluta com as mudanças tecnológicas”, afirma.

Esses jovens costumam mostrar-se mais satisfeitos com sua atuação, conforme mostrou a pesquisa Carreira dos Sonhos 2018, do Grupo Cia de Talentos. “Esses profissionais tiveram mais contato com empreendedorismo, liderança e autoconhecimento e isso reflete na atuação deles. Eles têm mais clareza sobre o tipo de líder que querem ser e podem falar sobre fraquezas, diferentemente do que ocorria no passado”, afirma Danilca Galdini, da Cia de Talentos.

A VOCÊ S/A ouviu quatro executivos de alto escalão de empresas de diferentes portes e setores, que compartilharam seus desafios nessa trajetória de rápida ascensão profissional.

Renata Campos, CEO da Takeda

Farmacêutica bioquímica formada pela Universidade de São Paulo (USP), Renata Campos, 43 anos, entrou no mercado de trabalho como estagiária na área comercial da Sintofarma, que foi comprada pela Solvay e depois pela Abbot.

Efetivada como gerente de produto na área de marketing, atuou na companhia por cinco anos, ascendendo de trainee a sênior. Em 2005, um convite para atuar como gerente de produto sênior na Takeda fez com que ela optasse pela movimentação lateral.

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“Foi um divisor de águas. Estou aqui há 14 anos e sinto como se todo ano eu entrasse para uma nova companhia, devido à movimentação na carreira e aos novos desafios”, afirma.

De diretora de uma unidade de negócios, ela foi para gerente geral na Turquia, sua primeira experiência internacional. O passo seguinte foi assumir como presidente da Takeda na Argentina, seu primeiro cargo de C-level, aos 36 anos.

“Nessa idade, eu não tinha todas as respostas, mas sabia que precisava estar cercada de pessoas que pudessem agregar com suas experiências, já que eu tinha muito mais a aprender do que a ensinar. E dei um passo atrás quando necessário”, conta.

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Em 2017, Renata voltou ao Brasil como CEO, cuidando de toda a operação na América Latina. Hoje, está à frente da integração da Takeda com a Shire. 

Leonardo Chamsin, CEO da FranklinCovey

Cópias do currículo colocadas na caixa postal dos vizinhos de prédio levaram Leonardo Chamsin, 38 anos, à estagiário na área de contabilidade na Alcoa, onde conquistou outros cargos durante seis anos.

“Fluência em inglês, visão sistêmica e curiosidade para conhecer outras áreas e sugerir soluções foram abrindo novas oportunidades”, diz. Formado em administração de empresas, com pós-graduação em gestão financeira, auditoria e controladoria, ele assumiu novos desafios na Johnson & Johnson e na GE, expandindo sua atuação para a gestão de pessoas e assumindo cargos de diretoria.

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Seu primeiro C-level foi de CFO na startup Vigzul Tecnologia e Monitoramento, aos 31 anos. Dois anos depois, migrou para a Sforza Holding, como CFO de novos negócios, experiência que o conduziu com segurança a CEO da BR Sports, responsável pelas marcas Topper e Rainha.

Ao mesmo tempo, atuava como consultor de finanças da empresa global de treinamento executivo FranklinCovey, o que permitiu a recusa de um convite do grupo do empresário Carlos Wizard para ir para a Argentina e optar por assumir como CEO da FranklinCovey Brasil, no início de 2019.

Wilson Negrini, CGBO da Lew Lara

Na adolescência, quando acompanhava o pai nos bastidores de filmagens, Wilson Negrini, 39 anos, já sabia que sua carreira seria desenvolvida no universo das agências. Formado em publicidade e propaganda pela Faap, em 2002, ele começou como estagiário na Carillo Pastore.

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Passou por outras grandes agências, como a Loducca e a J. Walter Thompson, e atendeu clientes como Johnson & Johnson e Nestlé. “Segui o fluxo normal, sem pular nenhum degrau, mas dei sorte de virar diretor de conta aos 26 anos”, diz.

Hoje, Wilson é CGBO (Chief Growth & Business Officer) da Lew Lara/TBWA. “Sempre tive a meta de chegar aonde estou chegando. Também me preparei com cursos na Hyper Island, Harvard Business School e Berlin School of Creative Leadership”, revela ele, que lidera 275 colaboradores.

“Acredito no poder do coletivo e não tenho medo de contratar profissionais melhores do que eu. Há 15 anos venho liderando pessoas mais velhas e acho que as conquisto pelo respeito e pelo que agrego para o trabalho.” 

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Tatiane Panato, CEO da Algar Tech

Graduada em ciências contábeis, Tatiane Panato, 42 anos, desenvolveu sua carreira dentro da Algar, onde entrou como estagiária em 1999. Logo vieram as promoções para os cargos de assistente, analista, especialista e gerente.

Aos 30 anos, atuava como diretora financeira e de relações com investidores da Algar Telecom. Depois assumiu como diretora do programa de transformação, para trazer mais eficiência para o grupo, entregando o resultado esperado um ano antes do previsto.

“A Algar Telecom se tornou a empresa mais rentável do mercado e essa experiência me capacitou para exercer outras funções e assumir o negócio”, avalia. Em 2016, aos 38 anos, seu primeiro cargo de C-level foi como vice-presidente da Algar Tech. Em 2018, foi promovida a presidente da empresa com 11 mil funcionários.

“Sempre cuidei muito do meu programa de desenvolvimento profissional. Além de três pós-graduações, uma delas voltada para gestão, investi em línguas e formações internacionais para poder exercer as funções que poderia no futuro”, diz ela, que é a primeira mulher à frente de uma empresa do Grupo Algar.

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