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Sam Bankman-Fried, o Naji Nahas do mundo cripto

O fundador da FTX usava a mesma técnica do especulador libanês para inflar a cotação de sua criptomoeda. Entenda.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 22 dez 2022, 09h40 - Publicado em 9 dez 2022, 06h40
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 (Caroline Aranha/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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A FTX era a quinta maior exchange do mundo. Valia US$ 32 bilhões – o equivalente ao Bradesco. E sua quebra é o mais puro suco do mundo cripto. Sam Bankman-Fried, o fundador, aproveitou-se da ausência de regulamentação nesse ramo e montou um esquema estilo Naji Nahas

Nos idos de 1989, quando tudo era mato na bolsa brasileira, o libanês comprava e vendia ações usando CNPJs diferentes, num tipo de armação que o mercado financeiro chama de “Zé com Zé”. Zé 1 comprava papéis de Zé 2 por, digamos $50, aí vendia para Zé 3 por $55. 

A operação não envolvia dinheiro, já que todas as companhias envolvidas eram de Nahas. Mas a cotação subia 10% nessa. Aí Nahas revendia no mercado pela cotação nova e embolsava a diferença (na verdade, ele usava opções de compra, que permitiam ganhos de mais de 100% em caso de alta de 10%). Nessa brincadeira ele fez os papéis da Vale subirem 1.600% em oito meses, e lucrou zilhões.

Bankman-Fried fez algo parecido. Seu Zé 1 era a FTX, uma exchange que, como várias outras empresas do ramo, emitia sua própria cripto, o FTT. Se os clientes da FTX convertessem seus Bitcoins e cia em FTTs, pagavam taxas mais baratas nos depósitos e retiradas. 

Só pelo fato de ser uma cripto, porém, o FTT era objeto de especulação. E tal como outras criptos basicamente inúteis (Dogecoin, Apecoin…), via sua cotação subir todo dia. Mas Sam decidiu dar uma força. Aí entra em cena Zé 2, outra empresa sua – no caso, um fundo de investimentos chamado Alameda. 

Sam emitia FTTs na FTX e a Alameda comprava aos montes, a valores cada vez mais altos, sem o incômodo de ter de usar dinheiro de verdade para isso. Esse esquema inflava a cotação do FTT no mercado. Ela saltou de US$ 5,82 para US$ 77,69 em 11 meses no ano passado. Alta de 1.200%.

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A Alameda, então, usava os FTTs para levantar empréstimos em dólar dentro do ecossistema de cripto-fundos e cripto-corretoras – e usar essa grana em suas operações. A cotação do FTT, porém, começou a cair em 2022, junto com todas as outras criptos, após a crise que tomou conta desse mercado no primeiro trimestre. Quando o tombo chegou a 60%, 70%, as garantias para os empréstimos evaporaram. Sam passou a usar o dinheiro dos clientes para pagar os bilhões que devia. 

Em novembro, o esquema vazou – graças ao site Coin Desk, que teve acesso a balanços internos das companhias de Sam. FTX e Alameda, então, entraram com pedidos de falência. A própria FTX estima ter mais de 1 milhão de credores – uma amostra do faroeste que reina no universo cripto.

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