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Sofia Esteves

Fundadora e presidente do conselho da Cia de Talentos, Co-fundadora do Bettha.com e Presidente do Instituto Ser+
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Home office ou trabalho presencial: quem deve ganhar esse cabo de guerra?

A verdade é que, em uma disputa polarizada, ninguém sai ganhando. Mas é possível — e fundamental — apaziguar este duelo.

Por Sofia Esteves
25 jul 2023, 15h52

De um lado, temos aquelas pessoas que não querem abrir mão do conforto de trabalhar de casa, sem precisar perder tempo no trânsito, sendo capaz de conciliar melhor as atividades profissionais com as pessoais. Do outro, existe o grupo — muitas vezes, representado pela liderança — que defende que a produtividade, a interação e o engajamento são maiores no ambiente físico. 

Entre esses dois lados, existe não só uma divergência de opiniões sobre o melhor regime de trabalho, mas uma disputa. Cada qual puxa com força a corda na esperança de “arrastar” o outro grupo para o seu lado e encerrar a competição.

Quando uma decisão tão importante quanto essa, que afeta diretamente a cultura da empresa, o clima organizacional e o senso de pertencimento, é baseada em um duelo, o resultado só pode ser um: a queda. 

Em meio a toda essa tensão, não tem cultura saudável que fique de pé. A corda sempre arrebenta e, diferentemente do que diz o provérbio, não é só do lado mais fraco. Todo mundo sai perdendo.

Isso porque não dá para construir um bom ambiente de trabalho a partir de uma disputa — e, por consequência, não é possível alcançar bons resultados em um cenário assim. Qualquer mudança que vier como resultado deste “duelo” vai ser lida como uma demonstração de força, uma imposição.

A briga por um ou outro regime é, por si só, problemática porque demonstra que mesmo depois de tudo o que passamos, depois de termos vivenciado tempos tão difíceis durante a pandemia, ainda não conseguimos dialogar. Por que estamos usando pesquisas como armas para provar um ou outro argumento? Por que buscamos incessantemente dados que comprovem que o nosso lado é o certo? 

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Não há apenas uma forma de engajar as pessoas, um único jeito de liderar, só um meio para criar conexões… O que existe, na verdade, são abordagens variadas para necessidades diferentes. E sabe o que é melhor nisso tudo? É possível combinar essas diversas abordagens.

Por isso, em vez de continuar nesse cabo de guerra, de medir força em uma queda de braço ou de bater o jogo com uma cartada final, o meu conselho é tentar entender como conciliar os múltiplos interesses. 

Para isso, é necessário que ambos os lados entendam os argumentos de cada um. Por que as pessoas que estão dispostas a deixar o emprego em busca de um formato mais flexível gostam tanto do trabalho remoto? O que elas têm nesse regime que não conseguem encontrar no presencial? O que elas sentem que ganham e perdem com ele?

E aquele grupo que valoriza o presencial? Quais são os argumentos? O que ele vê de positivo e de negativo nesse tipo de interação? Quais as contribuições desse modelo para as pessoas e para o negócio?

Talvez, você ache que já sabe todas as respostas — ou, pelo menos, a maioria — dessas perguntas, mas precisamos nos recordar daquele termo que esteve em alta por tanto tempo no mundo corporativo: o viés inconsciente.

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Em vez de assumir respostas com base em estereótipos e crenças, vá atrás delas. Converse sobre o assunto, faça perguntas, tire dúvidas e, principalmente, ouça com empatia. 

Pode ser que, para você, não faça sentido associar o trabalho remoto a maior produtividade, mas para uma pessoa que precisa de concentração para realizar uma tarefa esse sistema seja mais eficiente do que a agitação do escritório

Por outro lado, pode ser que você tenha facilidade para aprender à distância, porém, outras pessoas precisam da troca presencial para desenvolver novas competências e aperfeiçoar seu conhecimento. 

É uma obviedade dizer que não somos todos iguais e que, portanto, temos necessidades diferentes. Contudo, em meio a discussão atual, acho que precisamos nos lembrar disso e, mais ainda, que é possível — além de saudável — conciliar as diferenças.

Em vez de pegar firme e puxar a corda, que tal abrir mão de certezas absolutas e de vontades inegociáveis?

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