Luciana Camargo

Advisor para BTS, mentora e coach de carreira, pesquisadora do Observatório do Futuro do Trabalho.

Desenvolvimento pessoal

Você tem um mentor?

Se você ainda não tem alguém assim no trabalho (e na vida pessoal), já é hora de buscar essa conexão preciosa.

Por Luciana Camargo
22 Maio 2025, 09h00

epetindo a pergunta que está no título deste artigo: você tem um mentor? Sim, aquela pessoa com quem você conversa para tomar decisões importantes, que já lhe ofereceu conselhos valiosos ou provocou reflexões profundas sobre sua carreira — e, muitas vezes, sobre a vida. Talvez você nunca tenha pensado nessa relação como mentoria, mas, sim, você teve (ou tem, ou terá) um mentor.

Com o tempo, passamos a reconhecer o valor dessas conexões. A troca de experiências e ideias antes invisíveis. O simples ato de compartilhar conhecimento pode ser um catalisador poderoso para o crescimento pessoal e profissional.

A mentoria também é uma ferramenta essencial para o aprendizado de novas habilidades. Quando buscamos desenvolvimento em determinada área, contar com alguém que já percorreu esse caminho acelera o progresso e enriquece a jornada.

No livro The Mentor’s Guide, Lois J. Zachary descreve a mentoria como uma experiência de aprendizado transformacional — não apenas porque provoca mudanças significativas, mas porque convida à reflexão crítica sobre experiências vividas, abrindo espaço para novas possibilidades. Três pilares sustentam esse processo: experiência, reflexão crítica e desenvolvimento. Juntos, moldam novas percepções, desafiam crenças e impulsionam ações mais alinhadas com nossos objetivos.

Até aqui, falamos da mentoria informal, aquela que acontece naturalmente, muitas vezes sem ser nomeada como tal. Agora, vale explorar os programas estruturados de mentoria, cada vez mais presentes no ambiente corporativo.

Continua após a publicidade

Mentoria nas organizações

A mentoria nas empresas é uma ferramenta estratégica. Ela fortalece o networking, acelera o desenvolvimento de carreira e amplia a compreensão da cultura e estratégia da organização. Mais do que uma via de mão única, trata-se de uma troca: mentor e mentorado aprendem juntos, por meio de respeito mútuo e diálogo.

Ao longo da minha trajetória profissional, tive o privilégio de ser mentorada em diversos momentos. Em outros, atuei como mentora. Ambas as experiências foram profundamente enriquecedoras. Cada mentor me impactou de maneira única. Com alguns, o vínculo foi mais duradouro; com outros, mais pontual. Todos me desafiaram a pensar de forma diferente e ampliaram minha visão sobre negócios e sobre o mundo.

Para as organizações, a mentoria é um motor de desenvolvimento. Ela impulsiona a performance, apoia a gestão de talentos e fortalece o planejamento sucessório. Acima de tudo, promove uma cultura de aprendizagem contínua e colaboração.

O papel do mentorado

De acordo com o artigo What the Best Mentors Do, de Anthony K. Tjan, a mentoria pode transformar vidas. Mas, para que isso aconteça, o mentorado precisa assumir o protagonismo da relação. Alguns princípios fundamentais ajudam a cultivar conexões significativas em qualquer estágio da carreira:

Continua após a publicidade

Você é responsável pela relação: não espere que o mentor tome a iniciativa.
Autenticidade é essencial: mentoria diz respeito a confiança, não apenas a carreira.
Reconhecer é fortalecer: valorize o apoio recebido e mantenha o mentor informado sobre seus avanços.

Como mentora, já participei de diálogos com diferentes focos – desde trocas sobre habilidades específicas até discussões mais estratégicas sobre negócios e desenvolvimento de carreira. Sempre me preparei para essas interações e percebi o quanto o mentor também se beneficia dessa experiência:

Desenvolve habilidades de liderança.
Ganha visibilidade na organização e expande sua rede.
Aprofunda a percepção sobre talentos internos.
Cultiva empatia e compreensão das necessidades do mentorado.
Proporciona um espaço seguro para a troca de ideias e preocupações.
Fomenta uma comunicação aberta e honesta, com escuta ativa.

Mas não se iluda. Por ser uma atividade relacional que exige tempo e dedicação, já vi muitos programas começarem com alto engajamento e, ao longo do tempo, perderem força devido a cancelamentos ou postergações. Por isso, deixo uma reflexão para líderes convidados a atuar como mentores.

Esta é uma oportunidade única de doar seu tempo para transformar a trajetória de alguém, contribuir para o crescimento sustentável da organização e, ao mesmo tempo, desenvolver habilidades humanas essenciais no mundo atual.

A mentoria é mais do que uma prática corporativa – é um compromisso humano com o crescimento mútuo. Em um mundo que valoriza cada vez mais conexões autênticas, escutar com intenção e compartilhar com generosidade se torna um ato de liderança.

Continua após a publicidade

E você, quem está ajudando a crescer?