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Luciana Camargo

Vice-presidente de Recursos Humanos, Liderança, Desenvolvimento e Inclusão da IBM Consulting
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Coragem para mudar é o que difere espectadores e protagonistas na carreira

Por que abraçar as mudanças trazidas pela pandemia de coronavírus é importante para o desenvolvimento profissional

Por Luciana Camargo, colunista de VOCÊ S/A
Atualizado em 13 jul 2020, 16h36 - Publicado em 10 jul 2020, 13h38

“Nada é permanente, exceto a mudança”. A afirmação do filósofo grego Heráclito inaugurou, há muito tempo, a ideia da impermanência como paradigma para compreender a realidade. Basta olhar a história de diversas sociedades, da economia, da ciência, da tecnologia e de outros aspectos da vida para vermos que assim é o mundo. Quantas vezes na trajetória da humanidade, verdades absolutas não sobreviveram ao teste do tempo? Hoje, em tempos de covid, parece que vivemos uma nova página dessa história a cada mês.

Este período de pandemia, inclusive, nos convida a muitas reflexões, principalmente sobre como era efêmera a nossa concepção de mundo e como será necessário encontrar o que seria o novo normal. A educação que tivemos e a que buscamos para os nossos filhos trazem repertório para analisarmos a mudança sob muitas perspectivas.

Todos nós mudamos. Porém, é fato que existe a opção de acompanhar as transformações olhando de fora, como se fosse um filme do qual não fazemos parte. Apesar de ser cômoda, essa atitude pode gerar frustração no futuro e a sensação de que a vida passou sem perceber.

Aceitar a mudança nos tira da zona de conforto, nos ensina coisas novas e nos coloca à prova sob todas as perspectivas. Para mudar, é preciso experimentar. Nem sempre será uma mudança definitiva, mas, sem dúvida, trata-se de se permitir estar em situação no qual você nunca esteve. Quem não se lembra de experiência de convencer crianças a comer algo novo? Diante de negativas, dizíamos: sem experimentar, não pode dizer se gosta ou não. Recentemente, mudei de posição dentro da mesma empresa e estou passando por todas estas sensações. Mais uma vez.

Talvez o mais difícil, no contexto atual, seja entender por que mudar, compreensão necessária para a transformação ser real. Por exemplo, imaginemos uma ótima professora, respeitada por suas excelentes habilidades didáticas em sala de aula, que se deparou com a necessidade de repensar a forma de ensinar diante uma aula remota. Ou seja, mesmo algo que aparentava ser permanente (a sala de aula) foi colocado em xeque em novas circunstâncias.

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É verdade que não seria preciso uma pandemia tão devastadora para entender que todo o nosso entorno está em constante evolução. Encontrar novas formas de ensinar, aprender, fazer negócios, se realizar e construir amizades deveria fazer parte central do processo de reflexão sobre o que fazemos todos os dias. É a partir disso que encontramos meios para nos tornar a nossa melhor versão.

Nas empresas, por exemplo, saber delegar é um bom exemplo de mudança. Possibilitar alguém fazer o mesmo que você é dar a ela a chance de se desenvolver. E para você, dar a possibilidade de ter mais tempo para se dedicar a outros temas ou mesmo ter mais equilíbrio profissional.

Gosto muito dos ensinamentos de Pat MacLagan, autora do livro Unstopable You, Adopt the New Learning 4.0 Mindset (sem tradução). Pat explica que primeiro precisamos entender o que queremos mudar e, para isso, há cinco perguntas que determinam quão bem-sucedidos seremos:

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  1. O que você considera normal: mudança ou estabilidade? Se você pensar: ‘não vejo a hora disso acabar e voltar à rotina’, isso indica que o seu minset busca estabilidade. Mas hoje, mais do que nunca, mudança é a nova realidade.
  2. O que você entende por compromisso? Muitas vezes, as pessoas preferem esperar para ver o que vai acontecer e, então, se comprometer. Porém, o compromisso é mais valioso na hora em que começam as transformações.
  3. Você é resistente? A sua resistência pode também estar dizendo a você: faça algo novo, busque novas perspectivas e novas habilidades. Talvez seja hora de fazer algumas faxinas na sua vida — no seu closet ou no seu trabalho. Em outras palavras, tome alguns riscos.
  4. O papel da liderança na mudança é chave. Tendemos a esperar que os líderes sejam exemplo, mas nos esquecemos que eles são humanos e também estão sofrendo os impactos como todo mundo. O que precisamos é que eles estejam abertos para aprender, confiem em seus times, tenham coragem de arriscar e empatia.
  5. Não subestime o poder dos seguidores. Enquanto os líderes planejam e orientam a direção, são os seguidores que implementam as coordenadas. Eles não são receptores passivos, mas membros da comunidade e influenciadores do caminho.

Ao longo desses últimos meses de quarentena, entendemos que é possível ser produtivos e colaborativos mesmo à distância e que existe uma grande oportunidade de rever os espaços físicos, como escritórios, escolas e universidades. Tudo isso, no final, significa que estamos inseridos em um cenário que incentiva a mudar. E é hora de, mais do que nunca, aprender.

A mudança é desafiante, nos leva a lugares que não conhecemos e ajuda a nos conhecer melhor. Como escreveu Fernando Sabino, devemos fazer da interrupção um novo caminho; da queda um passo de dança; do medo uma escada; do sonho uma ponte e, da procura, um encontro.

(Redação/Você S/A)
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