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Qual é a moeda mais valorizada do mundo?

O Kuwait extrai menos petróleo que a Petrobras. Mas sua população é menor que a do Rio. E esse PIB per capita permite manter a cotação da moeda no talo.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 2 jan 2023, 12h32 - Publicado em 9 dez 2022, 06h06

“Tem que fazer muita besteira para o dólar ir a R$ 5”, já disse Paulo Guedes. No Kuwait é diferente. Tem que fazer muita besteira para o dólar ir a 0,40 dinares kuwaitianos (KWDs). A cotação está em 0,35 KWDs por dólar.

O Kuwait exporta 1,7 milhão de barris de petróleo por dia. Em números absolutos, nem é tudo isso. A Petrobras (PETR4) sozinha extrai 2,6 milhões. A população do Kuwait, porém, é uma fração da nossa. São 4,4 milhões de habitantes – menos que os 6,7 milhões da cidade do Rio de Janeiro. Os dólares que entram lá via petróleo, então, já garantem ao país o sétimo lugar no ranking global de PIB per capita – logo à frente de Estados Unidos e Dinamarca.

E isso ajuda o Banco Central do Kuwait a manter uma política de moeda forte. Grosso modo, eles imprimem pouco dinheiro, mantendo a moeda local valorizada. Uma das diretrizes do BCK é justamente “não importar inflação”. Se um iPhone fica mais caro em dólar, por conta da inflação americana, eles tentam compensar valorizando a moeda local, o que mantém o poder de compra dos kuwaitianos.   

Por que todos os países não fazem isso de uma vez, então? Porque uma moeda forte em relação ao dólar (e às outras moedas das grandes economias) é uma faca de dois gumes. Ela torna as importações mais baratas, já que o seu dinheiro compra mais dólar. Mas fica mais difícil exportar, porque os produtos do seu país se tornam mais caros no exterior.

A China, por exemplo, mantém o yuan fraco em relação ao dólar para ganhar mercado pelo mundo (desse jeito, fica mais barato importar da China). Já o Kuwait não precisa se preocupar tanto com isso, já que a cotação do seu grande produto de exportação é sempre em dólar mesmo, não na moeda local.

Outro ponto: mesmo assim, o Kuwait “importa inflação”. Desde 2010, a alta acumulada por lá é de 38% – idêntica às dos EUA para o mesmo período (37%).  No Brasil, a título de curiosidade, foram 99%.

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