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O que é buy the dip?

É comprar uma ação na baixa. Só tem um problema: saber quão fundo é o buraco.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 24 jun 2022, 05h29 - Publicado em 10 jun 2022, 13h26

É comprar na baixa: adquirir uma ação depois do preço dela ter mergulhado (dip) nas profundezas. Um caso notório: em maio de 2008, os papéis da Petrobras chegaram à sua maior cotação na história: R$ 50,51. Tudo graças a uma maré perfeita: a descoberta de cada vez mais petróleo no pré-sal e o valor do barril num nível jamais visto, nem antes nem depois: US$ 146 (US$ 196 em valores de hoje). 

Mas os anos seguintes foram um corredor polonês de más notícias para a estatal. A crise de 2008, que começou em setembro daquele ano e secou o crédito mundo afora, jogou o barril para abaixo dos US$ 40. Mais tarde, a Petrobras seria saqueada por um esquema de corrupção e usada pelo governo para subsidiar o preço dos combustíveis. Era obrigada a comprar gasolina e diesel a preços altos lá fora, para compensar o que não conseguia produzir em suas refinarias, e vender barato aqui. Nisso, passou a dar um prejuízo atrás do outro.

Resultado: em fevereiro de 2016, a ação (PETR4) tinha caído a R$ 4,23: tombo de 92% em relação ao pico. Isso derrubou o valor de mercado da empresa. Em dólar, o preço somado de todas as ações dava US$ 14 bilhões. Mesmo assim, o negócio central da Petrobras ia bem. A produção de óleo cru crescia, e tinha fechado 2015 em 2,1 milhões de barris por dia (bpd). Era uma marca no patamar da Chevron, uma das gigantes globais do petróleo, que tinha fechado 2015 em 2,6 milhões de bpd. 

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Nessa época, o valor de mercado da Chevron estava em US$ 169 bilhões, mais de dez vezes o da Petro. Ou seja: o mercado apostava numa falência iminente da estatal. Mas seria possível uma companhia que produz tanto fechar as portas? Muita gente achou que não. E partiu para comprar na baixa. Quem adquiriu a R$ 4,23 e segurou até maio de 2022 teve um lucro de 755% – o papel chegou a R$ 36,20, sua maior cotação desde 2010. Taí: um buy the dip bem sucedido.  

Mas nem sempre é assim, claro. As ações da IRB Resseguros, por exemplo, caíram de R$ 41,42 para R$ 6,65 no início de 2020. Um senhor mergulho de -83%. Mas quem comprou a R$ 6,65 ainda espera pela volta de Dom Sebastião. Em maio de 2022 o papel estava a R$ 2,82 – perda adicional de 57%. O fato é: nunca se sabe até onde uma baixa pode ir. Ou se o mergulho pode simplesmente acabar num afogamento.

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