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De quantas ações eu preciso para pagar meu aluguel só com dividendos?

Dependendo do papel, menos do que você precisaria para comprar um apartamento. Mas claro: não há como garantir que qualquer empresa vá pagar bons proventos todo ano.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 18 jul 2023, 19h04 - Publicado em 14 abr 2023, 06h00
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 (Lila Cruz/VOCÊ S/A)
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Para não ficar no “veja bem…”, vamos pegar uma ação que paga legal, sempre pagou e provavelmente seguirá pagando: Banco do Brasil. Ao longo de 2022, BBAS3 rendeu R$ 4,16 em dividendos por ação.

Vamos imaginar que o BB distribua esse mesmo tanto em 2023, e que o aluguel da sua casa seja de R$ 2.500 (R$ 30 mil por ano). Nesse cenário, você precisaria de 7.211 ações BBAS3, a quantidade necessária para pagar R$ 30 mil/ano. A preços de março de 2023 (R$ 37,30), esse bolo custaria R$ 268.970.

Uma bolada. Mas nem tanto. O preço de um aluguel tende a ser 0,5% do preço do imóvel. Se a ideia for deixar de pagar o aluguel de R$ 2.500 comprando o apartamento, então, você gastaria R$ 500 mil. Quase duas vezes o preço de 7.211 papéis do BB.

É mais fácil entender a lógica pensando com a cabeça de proprietário, não de locatário. Um imóvel é um ativo que rende 0,5% ao mês. Dá 6% ao ano. Se você conseguir travar um rendimento em dividendos superior a 6% anuais para o resto da vida, então, será mais negócio ter essas ações do que ser dono de um apartamento e receber os aluguéis. E o yield de cada ação do BB no contexto que mostramos aqui (papel a R$ 37,30 com dividendo de R$ 4,16) é de generosos 11% (sim, menos que a Selic, mas juros básicos de dois dígitos são a exceção, não a regra).

R$ 4,16 foi a renda em dividendos por ação de BBAS3 em 2022. Caso ela distribua o mesmo tanto em 2023, você precisaria de 7.211 papéis para cobrir um aluguel de R$ 2.500. Esse bolo custaria R$ 268.970 a preços de março – menos do que um imóvel com esse valor de locação

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Dá para saber se o banco vai mesmo seguir pagando esses dividendos gordos para sempre? Não dá. Em 2021, a distribuição ficou em R$ 2,26. Em 2020, só R$ 1,47. Em 2019, R$ 2,55.

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Vamos dizer que o dividendo volte a R$ 2,55. Isso daria um rendimento de 6,8% a quem pagou R$ 37,30. Para bancar um aluguel de R$ 2.500 com esse dividendo mais magro você precisaria de 11.765 ações. R$ 439 mil a preços correntes – algo bem mais próximo do valor do imóvel. Não existe almoço grátis.

Por outro lado, dividendos fazem suas mágicas para quem pode esperar. Em 2003, uma ação do BB custava R$ 3,50 – eram poucos centavos de dividendos, claro, mas eles foram subindo até chegar ao patamar de hoje. Para comprar as 11.765 ações que garantiriam o seu aluguel de 2023 no cenário com apenas R$ 2,55 de dividendos, você teria gastado R$ 41,1 mil.

Como não dá para ignorar 20 anos de inflação, que fique claro: isso dá R$ 129,3 mil em dinheiro de hoje – ou seja, doía tanto gastar 40 contos em 2003 quanto dói hoje gastar 130. Mesmo assim: se você tivesse feito essa compra lá atrás, teria garantido seu aluguel por um valor equivalente ao de um carro, não ao de um imóvel.

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