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Cris Kerr

Por VOCÊ S/A
Cris Kerr é CEO da CKZ Diversidade, consultoria especializada em Inclusão & Diversidade, professora da Fundação Dom Cabral, Mestra em Sustentabilidade e idealizadora do Super Fórum Diversidade & Inclusão.

As barreiras enfrentadas pelas mulheres rumo ao topo de suas carreiras

Pesquisa revela que 82% das mulheres se sentem excluídas no ambiente de trabalho.

Por Cris Kerr
12 Maio 2022, 18h43
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 (Fran innocenti/Unsplash)
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Você sabia que as meninas a partir dos seis anos têm menos probabilidade de associarem o gênero feminino com pessoas consideradas “muito, muito inteligentes”? Sim, esta informação foi constatada em uma pesquisa realizada pelas universidades de Nova York, Princeton e Illinois, e este fato acontece pela falta de representatividade feminina.

As pessoas da Geração Z estão revolucionando padrões estabelecidos há séculos na sociedade, rompendo cada vez mais com imposições de gênero que, certamente, não cabem mais nos dias atuais. Ainda assim, os obstáculos vividos por meninas desde a infância continuam muito presentes.

Todo mundo já escutou comentários do tipo: “Engenharia é área para homens”; “o que essa mulher sabe sobre ciência?”; “mulher tem que cuidar da casa e dos filhos, enquanto o homem trabalha”. Declarações como essas, aparentemente inofensivas, são nocivas na formação da identidade e dos sonhos das crianças, em especial, das meninas.

Mesmo que estas garotas optem por seguir profissões ainda consideradas “masculinas”, as dificuldades encontradas ao longo do caminho são inúmeras. Pesquisa realizada pela Barbara Annis Associates (BAA), líder global em diversidade de gênero, aponta que 82% das mulheres se sentem excluídas no ambiente corporativo, seja em reuniões formais, encontros ou conversas informais, eventos ou mesmo ao receber feedback.

Em outra pesquisa, a BAA ouviu 2.400 mulheres que deixaram cargos de liderança em empresas listadas na Fortune 500. Dentre os motivos citados para a saída, os cinco principais foram: 68% não se sentiam valorizadas; 65% se sentiam excluídas; 64% estavam em ambientes dominados por homens e tinham falta de pertencimento; 55% não tinham a mesma oportunidade dos homens para avançar na carreira; 30% relataram problemas para conciliar a vida pessoal e profissional.

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Um dos pontos a serem trabalhados para que a mudança aconteça são as associações mentais referentes às características esperadas de uma pessoa em posição de liderança. Diversas pesquisas científicas apontam que enquanto os homens são associados a qualidades que os definem como competentes, ambiciosos, assertivos, autoconfiantes e racionais, as mulheres são relacionadas a atributos que as classificam como atenciosas, amigáveis, colaborativas, intuitivas, compreensivas e emocionais. Todas essas características são importantes, ainda mais quando falamos de liderança inclusiva, mas apenas as masculinas têm sido pontuadas como positivas.

Outro obstáculo que não podemos deixar de falar é o assédio no ambiente de trabalho, tanto moral quanto sexual. Levantamento realizado pelo LinkedIn e pela ThinkEva, concluiu que a maior parte das vítimas de assédio sexual são mulheres negras (52%). De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Patrícia Galvão, 40% das entrevistadas relataram terem sido alvo de xingamentos e gritos no trabalho. Apenas 13% dos homens relataram terem vivido a mesma situação.

Um empecilho silencioso na trajetória profissional das mulheres são os vieses de gênero. Ainda hoje elas são percebidas como menos competentes que os homens. Outro viés é o de maternidade, é a tendência a caracterizar as mulheres que são mães como menos comprometidas com o trabalho. Estes são alguns dos exemplos de como os pressupostos podem impor limites à carreira delas.

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Para se ter ideia, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentou em um levantamento indicadores sociais de que, apesar de mais bem instruídas, as mulheres no Brasil ainda têm mais dificuldade para alcançarem os cargos de liderança e gestão. Em 2019, apenas 37,4% dos cargos de gestão eram ocupadas por mulheres.

Ainda no mesmo levantamento realizado pelo IBGE, foi possível observar que as mulheres receberam 77,7% do rendimento dos homens, comprovando a persistente disparidade salarial entre os gêneros. Apesar do Art. 461 na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) proibir essa prática, ela ainda é muito presente.

Mesmo diante de tantos empecilhos, as mulheres continuam mostrando suas habilidades e sua força de vontade para conquistar cada vez mais espaço em posições de destaque profissional. Em um relatório da ONG americana Catalyst, as empresas listadas no Fortune 500 com maior representação feminina no conselho obtiveram maior performance financeira do que aquelas com menor representação. Além disso, o relatório afirma que companhias que têm três ou mais mulheres no conselho possuem performance notavelmente superior.

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As empresas sustentáveis e com visão de futuro precisam investir nesse processo de mudança de mindset. A tomada de consciência dos vieses de gênero através de treinamentos e workshops continuados é fundamental para que as pessoas entendam como as crenças, preconceitos e estereótipos influenciam negativamente as suas tomadas de decisões, que acabam por comprometer de forma inconsciente a chegada das mulheres aos cargos de gestão e liderança.

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